A mais recente edição da revista inglesa "The Economist", um dos veículos mais influentes do mundo, dedica um texto ao presidente Jair Bolsonaro. O homem é tratado como um insano. E, sim, a palavra "insanidade" é empregada.
A ilustração é eloquente. Bolsonaro aparece de joelhos sobre a bandeira do Brasil, com a cara mergulhada no coronavírus, que toma o lugar do círculo azul.
A Economist lembra que, um a um, os governantes do mundo inteiro "fizeram as pazes com a ciência" e reconheceram a gravidade da pandemia. Restaram quatro negacionistas: "Dois são entulhos da antiga União Soviética, os déspotas da Belarus e do Turcomenistão. O terceiro é Daniel Ortega, o ditador tropical da Nicarágua. O outro é o presidente de uma grande, ainda que maltratada, democracia: Jair Bolsonaro".
Para a Economist, Bolsonaro sabota os esforços do seu próprio governo para conter o vírus, o que "pode marcar o começo do fim de seu mandato", mas não já.
A revista lembra as falas infelizes do presidente sobre a Covid-19 e o vírus — "apenas uma gripezinha"; "vamos enfrentar [o vírus] como homem, porra!, não como moleque" e "todos vamos morrer um dia" —, destacando que, nos 15 meses de mandato, os brasileiros se acostumaram com suas bravatas de valentão e sua retórica ignorante sobre florestas, educação e segurança pública. E observa: "Mas, desta feita, o dano é imediato e óbvio. Bolsonaro pôs sua retórica agressiva a serviço da franca sabotagem da saúde pública".
A revista lista os atos tresloucados de Bolsonaro durante a crise do coronavírus:
- participou de manifestação em seu favor tirando selfies;
- pediu que as empresas funcionassem normalmente;
- incitou os brasileiros a não aderirem ao isolamento social;
- convocou os brasileiros para um jejum;
- pensou em decretar ilegalmente o fim das medidas de isolamento social;
- ameaçou mais de uma vez demitir o ministro Luiz Mandetta...
Imaginem... O perfil desse governante hoje percorre o mundo. Escreve a Economist: "Mesmo para seus próprios padrões, Bolsonaro foi longe demais na violação de seu dever principal, que é proteger vidas". Acrescenta: "Boa parte do governo o trata como aquele parente difícil que exibe sinais de insanidade".
A revista observa que, mesmo havendo poucas dúvidas de que sua conduta viola a Constituição e o predispõe ao impeachment, ele ainda tem apoio suficiente para sobreviver. Contam a seu favor o círculo de fanáticos que o segue, o apoio de evangélicos e a desinformação de muita gente sobre a Covid-19. Isso pode mudar, observa o texto, à medida que a expansão do vírus se aproxima do seu ponto crítico.
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