quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O fantasma da Lava Jato volta a assombrar a imprensa



Dizem à primeira vista que não havia grandes coisas nos documentos e materiais apreendidos na casa de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), em Angra dos Reis, e no apartamento e gabinete de trabalho do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), em Brasília.

Era como se Carlos e Ramagem estivessem preparados para receber a qualquer momento a visita da Polícia Federal. Ou são pessoas naturalmente cautelosas, é o mais provável, ou foram avisados que agentes federais bateriam às suas portas. Isso também é possível.

Falou-se a princípio que cerca de 30 mil pessoas teriam sido espionados pela Agência Brasileira de Inteligência (ou de intimidação) à época em que Ramagem, serviçal fiel da família Bolsonaro, a comandava. Falava-se agora em 1.500 pessoas, ou menos. A ver mais adiante.

Se fossem apenas 10 ou 100 seria crime do mesmo jeito, à espera de ser punido. Espionar adversários e aliados do presidente da República não é tarefa de um órgão oficial de informação em um país democrático. Salvo engano, o Brasil é um país democrático.

Falou-se que um computador da Abin teria sido encontrado entre os pertences de Carlos Bolsonaro. Quem falou pediu desculpas pelo erro. Mas não foi invenção do falante – foi informação dada a ele por fonte do governo que lhe pareceu bastante confiável.

Por sinal, esta é a diferença entre o jornalista que erra e o cara que cria ou repassa notícias falsas: o jornalista reconhece o erro, pede desculpas e se penitencia; o disseminador de notícias falsas morre dizendo que elas são verdadeiras.

A conversa divulgada pela Polícia Federal para apontar o uso da Abin por Carlos traz uma data em que Ramagem já não era mais diretor-geral da agência. Foi uma conversa em que Luciana Almeida, assessora de Carlos, diz estar “precisando muito de uma ajuda”.

A Polícia Federal deve uma explicação a esse respeito. O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, que apoiou a operação policial contra Carlos e Ramagem, também deve uma explicação. Assim como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que a autorizou.

Quanto a nós, jornalistas, já passou da hora de recordarmos com que entusiasmo engolimos tudo o que os promotores da Lava-Jato nos ofereceram como se fossem verdades inquestionáveis. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Zema vai de heteronegacionista


Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais

Às vésperas do Carnaval, os hierarcas da República costumam ter dificuldade para escolher a fantasia. Romeu Zema já escolheu a sua. Vai à avenida fantasiado de heteronegacionista. Escolheu uma ribalta inusitada para inaugurar sua vestimenta alegórica. Desfilou durante a solenidade de lançamento de um programa idealizado para atender a mulheres vítimas de violência e assédio sexual no Carnaval.

Podendo lamentar a potencialização dos riscos a que estão submetidas as mulheres em dias carnavalescos, o governador de Minas Gerais preferiu realçar a injustiça cometida contra os homens bem-postos dessa terra de palmeiras. "No Brasil, a coisa mais comum que acontece é rotular. Se alguém é homem, é branco, é heterossexual, é bem-sucedido, pronto! É rotulado de carrasco."

Quando pede a palavra em público, Zema nem sempre a devolve em boas condições. Já comparou estados do Nordeste a "vaquinhas que produzem pouco". Em reunião de governadores do Sul e do Sudeste, afirmou que as duas regiões abrigam estados onde "há proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial."

Costuma-se dizer que o silêncio vale ouro. Como já é milionário, Zema esbanja declarações. Demora a perceber que um político que não tem nada a dizer jamais deveria expressar oralmente o seu oco mental. Sobretudo se esse político é um "homem", "branco", "heterossexual" e "bem-sucedido", com pretensões de concorrer à Presidência de um país de maioria negra e feminina, acossado pelo preconceito secular e uma desigualdade abissal.

Embraer entrega 75 jatos no 4º trimestre, e apresenta queda de 6% ano a ano


Jatos da Embraer Phenom 300E e Praetor 600 05/08/2023 (Crédito: REUTERS/Gabriel Araujo)

A Embraer informou nesta terça-feira, 31, que entregou 75 jatos no quarto trimestre de 2023, apresentando dessa forma uma queda de 6% na comparação com o mesmo período em 2022.

Dessas 75 aeronaves entregues, 25 foram comerciais, 49 executivas e uma militar.

A carteira de pedidos firmes da fabricante de aviões somava 18,7 bilhões de dólares ao término do último trimestre do ano passado, segundo relatório de entregas da companhia.

Ao longo de 2023, a Embraer entregou um total de 181 aeronaves, incluindo 115 aeronaves executivas, 64 comerciais e duas militares.

Heleno na PF e o dom que tem Bolsonaro de piorar os que convivem com ele



Este é um texto que une pontas de uma história e trata de vitórias e derrotas.

Bem, o inevitável aconteceu: a Polícia Federal intimou o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete da Segurança Institucional, a depor no inquérito que investiga a existência de uma "Abin do B" dentro do Abin entre 2019 e 2021. "B" de Bolsonaro, não de Brasil. O órgão em que estourou o escândalo da espionagem a políticos (até alguns da então situação), magistrados, oposicionistas e jornalistas era subordinada ao GSI. Nota: no governo Lula, a agência migrou para a Casa Civil. Em tese, Heleno era o chefe de Alexandre Ramagem. Só no papel. De fato, o agora deputado federal (PL-SP) prestava contas apenas ao golpista e era um homem de confiança da família

Nem por isso se deve supor que, em matéria de democracia, Heleno seja uma dessas almas pias, cujo fervor o leve a se ajoelhar no altar do estado de direito. Não vou me estender agora na linhagem, digamos, intelectual a que pertence o militar. Noto rapidamente que nunca integrou as fileiras mais arejadas das Forças Armadas. Mesmo assim, o establishment fardado contava com ele para conter os arroubos menos iluminados do chefe.

Não aconteceu. E há quem sustente, com o que concordo, que se deu precisamente o contrário: a convivência com aquele a quem chamam "Mito" despertou em Heleno e outros, especialmente fardados, de pijama ou não, maus instintos que estavam adormecidos. O ex-presidente tem a notável capacidade de piorar aqueles com quem convive. Gustavo Bebianno foi demitido da Secretaria-Geral no dia 19 de fevereiro de 2019, antes que se concluísse o segundo mês de governo. No dia 13 de junho daquele anho ano, o general Santos Cruz foi chutado da Secretaria de Governo. Não lhes faltava "bolsonarismo", mas entenderam que, passada a porfia eleitoral, era preciso governar com as instituições. Ocorre que o chefe queria outra coisa.

Vejam como são as coisas: atribui-se a Carlos Bolsonaro — ainda que não exclusivamente — a queda de ambos. A súcia de extremistas que cercava o então mandatário considerava, por exemplo, inaceitável que os dois concedessem simples entrevistas àquela tal "mídia". Ou que mantivessem uma interlocução minimamente civilizada com a oposição. Cinco anos depois, com a turma já apeada do poder, Carlos é um dos investigados na operação que apura a existência de uma "Abin do B". E então voltamos a Heleno.

Numa entrevista ao programa Roda Viva, no dia 2 de março de 2020, Bebianno denunciou a iniciativa do Zero Dois, que queria criar um sistema paralelo de informações e Inteligência. Citou o nome de Heleno:

"Um belo dia, o Carlos me aparece com o nome de um delegado federal de três agentes que seriam uma Abin paralela porque ele não confiava na Abin. O general Heleno foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas o general Heleno não é de confrontos, e o assunto acabou ali, com o general Santos Cruz e comigo. Nós aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma, porque, muito pior do que o gabinete do ódio, aquilo também seria motivo para impeachment. Eu não sei, depois eu saí, se aquilo foi instalado ou não".

que coisa!

Bebiano foi demitido.

Santos Cruz foi demitido.

A Abin paralela foi criada.

Na casa da família Bolsonaro, em Angra dos Reis, um dos lugares em que se executou o mandado de busca e apreensão, estava Tércio Arnaud Tomaz, um dos integrantes do tal "Gabinete do Ódio", que teve um laptop apreendido pela PF.

É claro que Heleno vai dizer que não sabia de nada. Ademais, propor, numa reunião informal, ainda que com altas autoridades da República, a criação de um sistema de Inteligência clandestino não é crime. Ninguém estava obrigando a denunciar o rapaz por isso. Mas notem: criar o sistema ou se mobilizar para tanto — colocando em funcionamento, por exemplo, um software espião — aí já se trata de crime, sim.

Mirando, hoje, o conjunto da obra e de olho também na história, pode-se dizer que Bebianno e Santos Cruz ganharam quando perderam. Bolsonaro, Flávio e a súcia perderam quando ganharam.

Não vai sair barato.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Na corrupção, Brasil vai de país do jeitinho para nação sem jeito



Ao virar a página da corrupção para trás nos últimos anos, o Brasil desenhou um retrato horripilante de si mesmo. Num movimento tão previsível quanto deplorável, piorou pelo segundo ano consecutivo a percepção de corrupção no país. Disso resultou um recuo de dez posições no ranking global elaborado pela Transparência Internacional.

Numa lista de 180 nações, na qual a Dinamarca é líder de honestidade, o Brasil ocupa uma longínqua 104ª posição. Está na vizinhança de Ucrânia, Argélia e Sérvia. Abaixo de Etiópia, Bielorrússia e Cazaquistão. A derrocada é obra coletiva. A restauração da imoralidade conta com a colaboração decisiva dos poderes Executivo Legislativo e Judiciário.

No topo de uma organização familiar com fins lucrativos, Bolsonaro cooptou Sergio Moro, destruiu os órgãos de controle, comprou com verbas secretas o Legislativo, anestesiou a Procuradoria e abastardou as indicações para o Supremo. Sob Lula, "o Brasil voltou". Mas, em algumas áreas, recuou demais.

Lula manteve o centrão dentro dos cofres do Tesouro, segurou na Esplanada ministros sob suspeição, entregou a Caixa de "porteira fechada" a Arthur Lira, ignorou a lista tríplice da PGR, indicou o advogado de estimação e o ministro vingador para o Supremo. Escaldado com o mensalão, o petrolão e o impeachment de Dilma, Lula 3 tornou-se um político ainda mais tradicional. Grosso modo falando.

Noutros tempos, havia corrupção sem corruptor. Com a lei da colaboração premiada, emergiram os corruptores confessos. Impulsionada pelas perversões da Lava Jato, a onda de anulação de processos fez surgir uma legião de inocentes que não foram formalmente inocentados. As liminares que suspenderam acordos de leniência habilitam empresas corruptas a reaverem multas que mal começaram a ser pagas ao Estado.

Num cenário assim, em que todos os gatunos são pardos, sobrou apenas a corrupção. E o Brasil, que sempre foi visto como país do jeitinho, ganhou uma aparência de nação sem jeito.

Com jatos Embraer, Helvetic vai novamente operar de Zurique e Berna para destinos de férias populares



A companhia aérea regional suíça Helvetic Airways abriu reservas para as primeiras viagens do verão de 2024. A companhia vai novamente operar serviços partindo de Zurique e Berna para alguns dos destinos de férias mais populares. Adicionalmente, neste ano, será oferecido um novo voo semanal para Djerba, na Tunísia, partindo do Aeroporto de Berna.

A oferta inaugural de voos para a temporada de verão 2024 inclui, a partir de Zurique, um serviço sem escalas a partir de fevereiro até junho para Hurghada, no Egito, sempre aos sábados. De abril a outubro, serão realizados voos semanais para Heraklion, em Creta, e Larnaca, no Chipre, sempre aos domingos. Além disso, em meados de julho, terá início um voo aos sábados para Kos, na Grécia, que também será servido até o fim de outubro.

Já a partir de Berna, entre o início de junho e meados de outubro de 2024, serão mantidos serviços sem escalas para alguns dos melhores destinos de praia. O novo destino da Helvetic Airways em Berna é Djerba, na Tunísia, que receberá um voo semanal às sextas-feiras.

As ilhas gregas também têm presença destacada entre os destinos de verão de 2024 em Berna: Heraklion terá serviço duas vezes por semana, às quartas e sábados. Kos e Rodes também serão atendidas semanalmente, às segundas e domingos, respectivamente. Ainda no Mediterrâneo oriental, Larnaca, no Chipre, receberá voos semanais aos sábados.

A Helvetic Airways posicionará uma de suas aeronaves Embraer no Aeroporto de Berna durante o período de férias de verão de 2024, juntamente com o pessoal de cabine e de manutenção correspondente.

A empresa opera uma variedade de serviços aéreos de curto e médio curso a partir de vários aeroportos suíços. A companhia emprega suas aeronaves Embraer E190-E2, E195-E2 e E190-E1 em voos agendados, fretados e wet-lease. Pelo menos seis aeronaves Embraer E190-E2 e E195-E2 da Helvetic Airways serão operadas no inverno de 2023/24 e no verão de 2024 em nome da Swiss International Air Lines, sob um contrato de wet-lease de longo prazo.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Destino escala Lula para pôr fim à contagem regressiva de Moro



Na definição de Millôr Fernandes, o destino é um coelho cego procurando uma cenoura num deserto. O acaso foi caprichoso com Lula e Sergio Moro. Primeiro, colocou uma trava no processo estrelado por Moro na Justiça Eleitoral. Depois, escalou Lula para destravar a contagem regressiva que antecede o julgamento que pode levar à cassação do mandato de senador do ex-juiz da Lava Jato. Foi como se o coelho da metáfora de Millôr, bafejado pela brisa de um oásis, abrisse os olhos para apanhar na horta do fortuito a cenoura mais improvável.

O processo contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Resulta da junção de ações movidas pelo PL e pelo PT. Pela lei, só pode ser julgado com quórum máximo. Ou seja: os sete juízes que compõem o plenário do TRE paranaense precisam comparecer à sessão. Com dois lances, o destino empurrou a ampulheta para o colo de Lula.

Na última terça-feira, expirou o mandato do magistrado Thiago Paiva dos Santos. Sua ausência poderia ser suprida por um dos dois juízes substitutos: José Rodrigo Sade e Roberto Aurichio Junior. Neste sábado, porém, os mandatos de ambos também chegaram ao fim. Será necessário acomodar um novo magistrado no colegiado do TRE-PR.

Para desassossego de Moro, a indicação cabe ao presidente da República. Lula selecionará o novo magistrado a partir de uma lista tríplice a ser aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes. Numa evidência de que tem pressa, Moraes assinou, em pleno recesso do Judiciário, despacho determinando a publicação "com urgência" do edital para o preenchimento da vaga na Corte eleitoral do Paraná.

A determinação de Moraes foi expedida em 20 de janeiro, um sábado, três dias antes do término do mandato de Thiago Paiva dos Santos, o titular da vaga. Ficou entendido que o mandachuva do TSE deseja completar o quórum do colegiado que decidirá o futuro de Moro a toque de caixa, nos primeiros dias de fevereiro, assim que o Judiciário voltar das férias.

Com isso, o relator do processo contra o ex-juiz, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, fica liberado para solicitar a inclusão do julgamento na pauta. Hoje, generaliza-se no meio jurídico e na seara política a percepção de que o mandato de Moro no Senado será passado na lâmina. Antes de escolher seu preferido na trinca de nomes que receberá do TSE, Lula se municiará de informações sobre a tendência de cada um. Opera para manter inalterada a tendência hipoteticamente anti-Moro.

A situação de Moro é precária. O Ministério Público acatou as acusações feitas por PT e PL. Sustentou que houve abuso do poder econômico na campanha de Moro. Alega que ele levou vantagem indevida sobre os adversários, pois, antes de disputar a vaga no Senado, bateu bumbo numa pré-campanha ao Planalto. Seu nome foi à vitrine prematuramente. Nessa versão, a exposição proporcionada a Moro torrou antes da hora verbas eleitorais que não estavam disponíveis para os rivais.

No Paraná, o teto de gastos na campanha para o Senado foi fixado em R$ 4,4 milhões. Pelas contas do MP, Moro gastou apenas na pré-campanha presidencial R$ 2 milhões. Sua campanha de senador custou mais R$ 5,1 milhões. Ao justificar o pedido de cassação de Moro, a Procuradoria Eleitoral citou o precedente de Selma Arruda. Ex-juíza de Mato Grosso, era chamada de "Moro de saia". Teve o mandato de senadora cassado pelo TSE por conta dos gastos que realizou numa pré-campanha extemporânea.

Na prática, caberá ao TSE deliberar também sobre o legalidade do mandato de Moro. Se for absolvido no Paraná, hipótese considerada improvável, os partidos de Lula e Bolsonaro recorrerão ao TSE. Em caso de condenação, o recurso à Corte superior será providenciado pela defesa de Moro.

Dá-se de barato que, em Brasília, o destino de Moro já foi convertido em fatalidade. A cassação do ex-juiz é vista não como uma possibilidade, mas como favas contadas. Os partidos aguardam com ávido interesse a convocação de nova eleição para o preenchimento da vaga de Moro. Forma-se com prematura antecedência a fila de candidatos interessados em degustar a cenoura servida pelo destino.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Boeing 757 perde roda dianteira ao se preparar para decolagem nos EUA


Modelo da aeronave Boeing 757 - Divulgação/via Aeroin

A roda dianteira de um Boeing 757 operado pela Delta Air Lines soltou e rolou para longe quando o avião de passageiros se preparava para decolar do Aeroporto Internacional de Atlanta Hartsfield-Jackson no último sábado (20), afirmou a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês).

O incidente com o trem de pouso dianteiro da aeronave ocorre semanas depois de o painel da fuselagem de um Boeing 737 Max 9 cair em pleno voo, deixando um enorme buraco no veículo e forçando um pouso de emergência. Ninguém ficou gravemente ferido na explosão, mas a FAA suspendeu o modelo após o incidente de 5 de janeiro e reguladores federais aumentaram a fiscalização do fabricante.

Desde então, algumas companhias relataram peças soltas durante inspeções de aviões Max 9 parados. A agência, então, recomendou às aéreas que operam jatos do modelo que inspecionem as tampas das portas desses aviões para garantir que estejam devidamente fixadas.

De acordo com um aviso preliminar da FAA apresentado na última segunda-feira (22) sobre o incidente do fim de semana, nenhum dos 184 passageiros ou seis membros da tripulação a bordo ficou ferido. O relatório diz que a aeronave estava se alinhando e aguardando a decolagem quando a roda dianteira soltou e "rolou morro abaixo".

Os passageiros, que iam para Bogotá, na Colômbia, foram colocados em outro voo, afirmou um porta-voz da Delta ao New York Times, que divulgou a história na terça-feira (23).

O jornal americano disse que a Boeing se recusou a comentar e direcionou as perguntas para a companhia aérea. Já a FAA disse ao jornal que estava investigando o incidente. A Boeing não fez comentários imediatos à agência de notícias Reuters.

Papéis da Embraer avançam, após agência reguladora dos EUA recomendar inspeção em aviões da concorrente Boeing



Papéis da Embraer (BOV:EMBR3) se destacam entre as poucas altas do Ibovespa na sessão desta segunda-feira, avançando, há pouco, 1,03%, a R$ 21,55.

Na avaliação de analistas, o movimento ocorre em reação à pressão sobre a concorrente Boeing, depois que a agência reguladora de aviação dos EUA (FAA) recomendou que as companhias aéreas que utilizam aviões Boeing 737-900ER inspecionem as portas de saída de emergência.

Esse pedido sugere que a reestruturação da fabricante americana ainda deve demorar, o que abre espaço para a valorização da Embraer.

Informações BDM

Falas de Ramagem reforçam os indícios levantados contra ele



Sob as regras do devido processo legal, um dos trechos cruciais de qualquer investigação é a defesa do investigado. Estrela da nova fase do inquérito sobre a Abin paralela, o deputado Alexandre Ramagem, policial federal de carreira, não quis depor à PF. Mas falou à imprensa. Em vez de se defender, complicou-se.

"Nenhum plano de operação, em três anos de Abin, assinado por mim, colocava a utilização do FirstMile", disse Ramagem, referindo-se à ferramenta de fabricação israelense usada sob Bolsonaro para monitorar ilegalmente autoridades e desafetos políticos. No afã de negar, o investigado confirmou os achados da PF, pois espionagem clandestina não consta mesmo de "plano de operação" oficial.

Ramagem soou enfático ao comentar as evidências de que o equipamento de espionagem foi acionado clandestinamente contra alvos do interesse de Bolsonaro. "Se o policial usa a arma equivocadamente, não é culpa do diretor-geral". Nesse trecho, esquivou-se de sua responsabilidade sem negar a malfeitoria. Jogou ao mar os ex-subordinados.

A julgar por suas explicações, Ramagem avalia que, sob sua direção, a Abin converteu-se numa espécie de sucursal da Casa da Mãe Joana. Ou do Pai Bolsonaro. Nessa repartição, espionava-se à margem da lei, sem que o chefe tivesse controle sobre os meios usados pelos subordinados.

A tese da balbúrdia não é boa. Mas é a saída mais confortável para Ramagem. A alternativa exigiria uma dose maior de criatividade. O investigado precisaria convencer a plateia de que tudo o que está na cara não passa de uma conspiração da lei das probabilidades com a PF, a Procuradoria e o Xandão para incriminar mais um bolsonarista inocente.

Cerco de Moraes inflama bloco leal a Bolsonaro no Congresso



A batida da Polícia Federal em endereços do deputado Alexandre Ramagem, nesta quinta-feira, eletrificou a banda bolsonarista no Congresso. Correligionários de Bolsonaro na Câmara e no Senado haviam se reunido na véspera para traçar uma resposta legislativa à operação de busca e apreensão deflagrada na semana passada contra outro deputado, o líder da oposição Carlos Jordy. A investida contra Ramagem converteu a eletrificação do ambiente político em curto-circuito.

Os parlamentares enxergaram nos mandados judiciais expedidos pelo Supremo Tribunal Federal um cerco do ministro Alexandre de Moraes ao braço parlamentar do bolsonarismo. Tacharam os despachos de Moraes de "perseguição política". Avaliaram que o ministro se equipa para alcançar dois propósitos não declarados.

Num, Moraes utilizaria os deputados como degrau para alcançar a jugular do próprio Bolsonaro, preparando a cena para pendurar no pescoço do mito sentenças criminais nos casos do 8 de janeiro e no inquérito sobre a montagem de um aparato de espionagem clandestina de adversários na Abin.

Noutro movimento, Moraes dinamitaria o plano do PL de usar Bolsonaro como cabo eleitoral de luxo nas eleições municipais de 2024. Jordy é pré-candidato à prefeitura de Niterói. Ramagem cogita disputar a poltrona de prefeito do Rio de Janeiro. As teorias conspiratórias do bolsonarismo, por mequetrefes, não ficam em pé.

A alegada utilização do poder supremo para abater a candidatura de Jordy em Niterói seria equiparável à utilização de um míssil para eliminar uma mosca. Quanto a Ramagem, o inquérito sobre a bisbilhotagem ilegal da Abin na época em que o deputado chefiava a agência de inteligência (sic) foi aberto em outubro do ano passado. O lançamento da pré-candidatura do investigado como adversário do prefeito carioca Eduardo Paes, favorito à reeleição, ocorreu num instante em que o ex-chefe da Abin já perambulava pela conjuntura como um fio desencapado.

De resto, são abundantes as evidências de que Moraes agiu porque o aparato bolsonarista forneceu material. As batidas policiais foram endossadas por pareceres de Paulo Gonet, um personagem acomodado na poltrona de procurador-geral da República com o tônico providencial dos votos da banda bolsonarista do Senado.

Ao contrário do que alega a milícia parlamentar de Bolsonaro, Moraes e Gonet agiram para atenuar o derretimento político de Ramagem. A Polícia Federal havia solicitado o afastamento do ex-diretor-geral da Abin do exercício do mandato de deputado. Instado por Moraes a se manifestar, Gonet puxou o freio de mão.

Em ofício enviado ao Supremo, Gonet anotou: "Se os fatos atribuídos ao deputado Ramagem são de seriedade evidente, não se avultam, neste momento, acontecimentos graves e contemporâneos que ponham em risco as investigações respectivas, justificadores da providência de afastamento das funções parlamentares. Isso leva o Ministério Público a opinar em sentido contrário à adoção da providência aventada."

Moraes deu ouvidos ao procurador-geral. Sem desmerecer a posição da Polícia Federal, condicionou a suspensão do mandato de Ramagem ao comportamento do deputado durante os desdobramentos do inquérito.

"Em que pese a gravidade das condutas do investigado, Alexandre Ramagem, bem analisada pela Polícia Federal, nesse momento da investigação não se vislumbra a atual necessidade e adequação de afastamento de suas funções", escreveu Moraes. "Essa hipótese (de afastamento) poderá ser reanalisada se o investigado voltar a utilizar suas funções para interferir na produção probatória ou no curso das investigações".

Os indícios de que Ramagem estruturou um esquema de espionagem ilegal na Abin de Bolsonaro saltam das páginas do processo como pulgas do dorso de um vira-lata. Segundo os relatórios da PF, a bisbilhotagem feita por meio do rastreamento do sinal de celular incluiu o próprio Moraes e o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo. O objetivo era vincular os magistrados à facção criminosa do PCC.

Bisbilhotaram-se também os ex-deputados Rodrigo Maia a Joice Hasselman, desafetos notórios de Bolsonaro. Utilizou-se um drone para vigiar a residência do então governador petista do Ceará, Camilo Santana, hoje ministro da Educação de Lula. Segundo a PF, a Abin paralela foi acionada também para esboçar um perfil da promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro responsável pelo caso Marielle Franco e a investigação do escândalo da "rachadinha" do senador Flávio Bolsonaro.

Alheio às evidências, o braço parlamentar de Bolsonaro pressiona Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, presidentes do Senado e da Câmara, a reagirem contra Alexandre de Moraes. Alegam que o ministro desrespeitou o Congresso ao enviar a PF aos gabinetes de Jordy e Ramagem na Câmara.

Até a noite de quarta-feira, a pressão ocorria nos bastidores. Nesta quinta, o movimento ganhou os refletores. Presidente do PL, Valdemar Costa Neto chegou a chamar Pacheco de "frouxo". O chefe do Senado não se deu por achado. Com a velocidade de um raio, Pacheco respondeu a Valdemar por escrito. Realçou na resposta os propósitos monetários do dono do PL.

Pacheco bateu abaixo da linha da cintura: "Difícil manter algum tipo de diálogo com quem faz da política um exercício único para ampliar e obter ganhos com o fundo eleitoral e não é capaz de organizar minimamente a oposição para aprovar sequer a limitação de decisões monocráticas do STF. E ainda defende publicamente impeachment de ministro do Supremo para iludir seus adeptos, mas, nos bastidores, passa pano quando trata do tema."

O bolsonarismo decidiu agir por conta própria. Planeja desencavar projetos anti-Supremo que tramitam no Congresso. Sem a adesão de Arthur Lira, que engavetou a emenda constitucional aprovada no Senado para inibir as decisões solitárias de ministros do Supremo, a investida do bolsonarismo tem fôlego curto.

Ainda assim, os aliados de Bolsonaro não abre mão do barulho. Cogitam potencializar o bumbo com uma obstrução legislativa às propostas de interesse do governo Lula. O ambiente no Congresso, que já era ruim, tornou-se radioativo.

Modo de ser do golpe, um ano depois, é articular a impunidade dos golpistas



Pouco mais de um ano depois de um dos eventos mais graves da nossa história, os mesmos que deram suporte intelectual à barbárie mantêm a sua pauta: desestabilizar o governo e manietar o Supremo. Na atual fase, o modo de ser do golpe é articular a impunidade dos golpistas. Vamos ver.

No caso do imbróglio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), há a investigação propriamente, e há o berreiro artificioso que pretende blindar Jair Bolsonaro e seus aliados de qualquer apuração. Qual é a tática, velha conhecida? Denunciar um complô, emprestando-lhe, se necessário, uma dimensão verdadeiramente bíblica, para depois anunciar aos sectários: "Eu bem que avisei; nossos inimigos estavam se preparando". Na quarta, um dia antes da operação, o "Mito" e profeta de si mesmo escreveu no Twitter:

"As próximas semanas poderão ser decisivas.
- Vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas.
- "Quando um ímpio não quer que você olhe para um lado da estrada, ele bota fogo no outro lado da mesma, pois assim ninguém saberá do mal maior que ele fez do lado que você não olhará."
- Deus, Pátria, Família e Liberdade.
- Jair Messias Bolsonaro".

Horário da postagem: 9h30. O homem mal havia acordado, mas seus radares sobrenaturais — e todos sabemos que inexistem radares sobrenaturais — já antecipavam uma tragédia. Eu cá fiquei com a impressão de que ele é muito bem relacionado ou com o divino ou com algum infiltrado na operação.

AS OUSADIAS
As informações sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal -- que resultou em 21 mandados de busca e apreensão -- estão em todo canto. São públicos os pedidos feitos pela PF, o parecer da Procuradoria Geral da República e o despacho do ministro Alexandre de Moraes.

Os dados reunidos nesses documentos, a indicar que havia uma espécie de Abin clandestina operando dentro da Abin oficial, são muito eloquentes. Resulta do conjunto, para começo de conversa, uma constatação inequívoca: usou-se, de maneira ilegal, um software para monitorar autoridades, políticos e desafetos do então governo. Como consta dos autos, "o uso da ferramenta FIRST MILE substanciado nos 60.734 (sessenta mil, setecentos e trinta e quatro) registros identificados na tabela 'TARGET' abarca o período de 06/02/2019 até 27 /04/2021". Uso, insista-se, ilegal.

No lance mais estupefaciente, havia a pretensão de criar a falsa evidência de que dois ministros do STF — Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes — teriam vínculos com o PCC. Como se nota, a ambição do que cheira a uma organização criminosa não era pequena. A Abin tinha um chefe: justamente, Alexandre Ramagem, delegado da PF que estava, então, lotado na agência e é hoje deputado federal (PL-RJ). Algumas das pessoas implicadas com a ilegalidade eram suas subordinadas diretas. A urdidura criminosa trabalhava com "núcleos". Um deles, intitulado "EVENTO PORTARIA 157", cuidava da tramoia contra os magistrados.

Observem que não vou tentar me antecipar ao que vai acontecer. Asseguro, e isto posso ver, tendo como referência os documentos públicos, que o conjunto de circunstâncias é de extrema gravidade. Se tudo não passa de um monumental equívoco e de uma elocubração sem fundamento, os procedimentos vão dizer. Meu ponto aqui é outro.

BERREIRO E BLINDAGEM
Em política, coincidência é quase sempre o desconhecimento de relações de causa e efeito. Que curioso! Na quarta, véspera da operação e no mesmo dia em que Bolsonaro anunciou "dores e incertezas", além da ação dos "ímpios" incendiários, o senador Rogério Marinho (PL-RN) reuniu a nata do reacionarismo barra-pesada em Brasília para anunciar o que mesmo as almas pias entenderam como uma articulação para intimidar o Supremo.

Reproduzo de novo suas palavras (escrevi ontem a respeito):
"Vamos definir uma pauta institucional, no sentido de preservar e de fortalecer as prerrogativas do Parlamento brasileiro. E há uma evidente hipertrofia de um Poder sobre o Legislativo, em cima do Legislativo. Então nós vamos definir, em conjunto, aqui, pautas que unem a oposição, a situação, que dizem respeito à preservação das prerrogativas e de como o Parlamento deve funcionar nesse equilíbrio necessário entre os Poderes da República, entre o Legislativo, o Executivo e o próprio Judiciário, que deve ser inerte e deve ser árbitro das eventuais contendas que a sociedade apresenta, e não um propositor de ações, como está acontecendo agora como um padrão. Porque o que aconteceu em 2019 e que era uma excepcionalização, uma excepcionalidade, virou um padrão dentro do Supremo Tribunal Federal, onde dezenas de processos estão sendo abertos de ofício, e isso certamente desequilibra o processo democrático, inclusive da forma como eles estão sendo instituídos".

Uma das pretensões desses patriotas, por exemplo, é impedir mandados de busca e apreensão no Congresso mesmo com autorização judicial competente -- no caso, do STF. Marinho depois foi conversar com Roberto Barroso, presidente da Casa, e o senador Hamilton Mourão (Republicados-RS), que o acompanhava, explicou a pauta:
"Hoje, junto com outros senadores, acompanhei o Senador Rogério Marinho (PL/RN), líder da Oposição no Senado Federal, em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso. No encontro, falamos sobre o necessário equilíbrio e respeito entre os poderes, deixando clara a nossa posição em relação aos inquéritos e a necessidade de anistia."

Nesta quinta, depois da operação que colheu Ramagem, os propagandistas do apocalipse voltaram a botar a boca no trombone. Eu os convido, internautas, a ler as peças que embasam a operação: o pedido da PF, o parecer da PGR e o despacho de Moraes — que, no caso, encarna o STF. Diante dos indícios e evidências elencados, qual seria a alternativa de cada um desses entes? A prevaricação?

E olhem que PGR e STF (Moraes) foram, digamos, suaves. A PF pediu que Ramagem fosse afastado do seu mandato. Não é nada difícil defender a medida. É delegado da PF, é parlamentar e integra a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência da Câmara dos Deputados. Tem, portanto, proximidade máxima com a matéria e andou apresentando requerimentos sobre o caso. Mas parece que se escolheu o caminho mais suave, ainda que Moraes não tenha descartado a possibilidade, a depender de eventos futuros.

A ALTERNATIVA ERA A GARANTIA DA IMPUNIDADE
PF, PGR e STF, com os dados reunidos, não dispunham de alternativa que não fosse a garantia prévia da impunidade, que é precisamente a luta a que hoje se dedicam Bolsonaro e sua turma. Notem: no caso do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), pode-se dizer que essa turma já tinha consolidado uma tese estúpida e amoral: os ataques de 8 de janeiro nada têm a ver com tentativa de golpe, e o verdadeiro culpado pelo desastre é o governo. Essa indecência começou a ser veiculada já no dia seguinte à intentona bolsonarista. Mas e agora?

A resposta de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e do Congresso, a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que o chamou de "frouxo" por permitir que a PF executasse os mandados de busca e apreensão não foi nada boa. Afirmou o senador:
"Difícil manter algum tipo de diálogo com quem faz da política um exercício único para ampliar e obter ganhos com o fundo eleitoral e não é capaz de organizar minimamente a oposição para aprovar sequer a limitação de decisões monocráticas do STF. E ainda defende publicamente impeachment de ministro do Supremo para iludir seus adeptos, mas, nos bastidores, passa pano quando trata do tema."

Resta da fala o seguinte:
- se querem limitar o poder do STF, que limitem as decisões monocráticas, o que seria desastroso (e não entrarei nisso agora);
- essa conversa de impeachment de ministros do STF não seria para valer porque os que o criticam por não investir nessa possibilidade -- Pacheco tem o poder monocrático de pôr para tramitar pedidos dessa natureza -- afinam na hora "h", o que sugere que poderia fazê-lo se seus desafetos da hora realmente levassem a coisa a sério.

Resposta errada. Bastaria a Pacheco dizer que, vindo a autorização do foro adequado — e é o Supremo —, o comando do Congresso nem ele nem o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, têm o que fazer.

CONCLUO
Voltemos ao começo. Pouco mais de um ano depois de um dos eventos mais graves da nossa história, os mesmos que deram suporte intelectual à barbárie mantêm a sua pauta: desestabilizar o governo -- daí que se comportem como "hooligans" parlamentares, não como deputados e senadores dispostos a analisar proposições para o país -- e manietar o Supremo. Vale dizer: a agressão à democracia continua, mas agora por outros meios. Pretendem, e é o que depreendo do papo-furado de Marinho e da súcia na quarta, articular um golpe parlamentar contra o tribunal.

"Mas existe algo, Reinaldo, que o Poder Legislativo possa votar, inclusive sobre as atribuições do Judiciário, que esteja, por princípio e definição, livre do exame do próprio Judiciário?" A resposta clara, cristalina, insofismável é "NÃO". Ainda que os juízes possam dizer "isso não é da nossa competência". É claro que eles sabem disso. Mas apostam todas as fichas num confronto entre Poderes, como sempre. É o que lhes resta fazer.

Hoje, o modo de ser do golpe é articular a impunidade dos golpistas. E isso não se consegue com o Supremo de pé. Por isso tentam arrastar a cúpula do Congresso para o pântano.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

'Carro voador vai transformar o transporte de passageiros nas grandes cidades', diz presidente da Embraer


Unidade da Embraer no aeroporto em São José dos Campos — Foto: Divulgação/Embraer

Em entrevista exclusiva para a TV Vanguarda, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto falou sobre a recuperação da empresa pós pandemia e sobre os projetos para o futuro.

Foram três anos de turbulências para a Embraer. A pandemia de Covid-19 fez muitos estragos no mercado de transporte aéreo internacional e, consequentemente, derrubou as vendas de novos aviões.

Ainda em 2020, outro baque: a Boeing desistiu do acordo para a compra da área de aviação comercial e foi preciso uma mudança de rota da empresa brasileira para superar a crise.

Em entrevista exclusiva para a TV Vanguarda, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que a empresa já conseguiu se recuperar desse momento ruim e que projeta um crescimento para os próximos anos.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Vanguarda: Embraer foi muito impactada pela pandemia e pelo fim do acordo com a Boeing. Dá para dizer que o pior já passou para a Embraer?

Com certeza. A Embraer fez um trabalho excelente de recuperação após essas duas crises que nós enfrentamos, que foi a pandemia e o cancelamento daquela parceria com a Boeing. Mas eu posso dizer que a Embraer sai fortalecida dessa situação com uma perspectiva muito positiva de crescimento para este e para os próximos anos. A Embraer vai voar mais alto nos próximos anos.

Vanguarda: Mas a empresa ainda enfrenta alguns reflexos da pandemia, não? O A dificuldade para conseguir algumas peças tem atrasado a entrega de aviões?

Enfrenta sim. Houve uma melhora em 2023 em relação a 2022, mas a gente ainda teve muitas dificuldades em obter todas as peças e os componentes para entregar os aviões que estavam programados para ser entregues. A gente espera que essa situação melhore para 2024.

Vanguarda: No ano passado, o BNDES financiou a exportação de 67 aeronaves da Embraer. Um recorde. Como a política de financiamento governamental ajuda a empresa nas vendas?

O financiamento é uma ferramenta muito importante para os clientes que compram os aviões da Embraer. As empresas utilizam isso para poder otimizar o capital de giro e o fluxo de caixa das suas operações. Além disso, todos nossos concorrentes contam com crédito para exportação. Então, esse apoio do governo brasileiro é fundamental para garantir o desenvolvimento da indústria aeronáutica.

O setor gera milhares de empregos de alto nível, de alto valor agregado. E as vagas não são só na Embraer, são em toda a cadeia de fornecedores. Isso ajuda milhares de famílias brasileiras a melhorar sua renda e sua qualidade de vida.

Vanguarda: A Embraer também captou R$ 1,5 bilhão do BNDES para ajudar no desenvolvimento de produtos e para inovação. Como isso tem sido usado?

Além do financiamento a exportações, o BNDES é um promotor da inovação no país. E a inovação é fundamental no nosso setor. A Embraer tem inúmeros programas de investimento em inovação e tecnologia. Estamos desenvolvendo novos sistemas de propulsão para os aviões e projetos para aumentar a autonomia de voo.

Outro exemplo é o eVTOL (sigla em inglês para "veículo elétrico de pouso de decolagem vertical"), onde o BNDES teve uma participação importante com apoio e financiamento.

Conceito do eVTOL da Eve, subsidiária da Embraer — Foto: Divulgação/Eve

Vanguarda: O eVTOL é uma aposta da empresa para os próximos anos. O senhor acredita que ele será um sucesso de vendas?

Com certeza. O eVTOL é aquilo que a gente chama de inovação disruptiva. É um produto que, na nossa opinião, vai transformar o transporte aéreo de passageiros nas grandes cidades. A Embraer está aportando todo o seu conhecimento e experiência em desenvolver, certificar e produzir aviões neste projeto. E a gente espera entrar em serviço com esses carros voadores até o final de 2026.

C-390 da Embraer — Foto: Embraer/Divulgação

Vanguarda: A área de defesa foi outra que trouxe bons resultados para a Embraer no ano passado, com o KC-390 conquistando novos mercados. Existem negociações com outros países para mais vendas do avião militar?

O KC é um produto de alta tecnologia e, dentro do segmento dele, é o produto mais moderno que tem no mercado. E vem sendo cada vez mais reconhecido pelos clientes no mundo todo. Além da Força Aérea Brasileira, já vendemos o KC para a Força Aérea Portuguesa, depois para a Hungria e, mais recentemente, para Holanda, Áustria, República Checa, e Coreia do Sul. Temos, sim, várias outras negociações em andamento e estamos muito otimistas para novas vendas do KC-390.

Azorra entrega os dois primeiros jatos Embraer E195-E2 para a Royal Jordanian Airlines



Fort Lauderdale, Flórida, EUA, 25 de janeiro de 2024 – A Azorra entregou os dois primeiros jatos E195-E2 para a Royal Jordanian Airlines. Uma cerimônia realizada na segunda-feira, 22 de janeiro, nas instalações da Embraer em São José dos Campos foi seguida de uma celebração organizada hoje pela Royal Jordanian Airlines por conta da chegada das aeronaves em Amã, na Jordânia.

O pedido anunciado em maio de 2023 prevê a entrega de oito jatos no total – seis aeronaves fazem parte da carteira de pedidos firmes da Azorra com a Embraer e outros dois E195-E2 serão entregues diretamente à companhia aérea da Jordânia.

“A parceria de longa data com a Royal Jordanian começou há mais de uma década. Desde o primeiro Embraer E175 até a nova geração dos E2, temos orgulho em continuar apoiando a companhia aérea em suas metas de modernização e expansão da frota. Estamos certos de que a Royal Jordanian em breve irá comprovar as vantagens ambientais e econômicas de operar os jatos da família E2, que oferecem um nível superior de conforto para os passageiros”, afirma John Evans, CEO e Fundador da Azorra.

“Seremos o primeiro operador dos jatos E2 no Oriente Médio, com o apoio de nossos parceiros da Azorra, e isso é motivo de grande satisfação. A família de aeronaves E2 contribuirá para alcançar os nossos objetivos estratégicos, complementando a frota de jatos de médio porte (narrowbody). Dessa maneira, poderemos adequar a capacidade de nossa frota à demanda, reduzindo os custos operacionais e as emissões de carbono, ao mesmo tempo em que oferecemos uma experiência melhor com mais conforto para os passageiros, ressaltando o nosso status de companhia aérea preferida na região”, afirma Samer Majali, Vice-Presidente e CEO da Royal Jordanian Airlines.

“A escolha da família E2 para atualizar a frota da Royal Jordanian é uma comprovação das capacidades avançadas dessas aeronaves, da nossa história de sucesso e da sólida relação que mantemos com a Azorra e com a Royal Jordanian. A geração mais avançada dos E-Jets oferece os jatos mais silenciosos, menos poluentes e mais eficientes no mercado de até 150 assentos. Dessa maneira, a Royal Jordanian pode atingir simultaneamente suas metas de crescimento, lucratividade e de sustentabilidade operando uma frota de pequenos narrowbodies E2 que complementa a frota de aeronaves maiores. Estamos orgulhosos em aprofundar a nossa parceria de longo prazo com a Royal Jordanian e com a Azorra”, afirma Arjan Meijer, CEO e Presidente da Embraer Aviação Comercial.

Choram e estrebucham os órfãos da terceira via, mas o eleito foi Lula



De novo o choro dos órfãos da terceira via, desta vez porque a esquerda em São Paulo terá um candidato forte a prefeito da capital, e a direita, à sombra de Bolsonaro, terá outro. A ser assim, se repetiria a polarização política que só faz mal ao país. É o que dizem.

A propósito: a eleição para presidente mais polarizada da história foi a de 2006, Lula (PT) contra Alckmin (PSDB), a 5ª sob a Constituição de 1988. Juntos, no primeiro turno, os dois atraíram 90,25% dos votos. No segundo, Lula venceu com 60% dos votos.

O que impede o surgimento de um outro nome com chances de se eleger em 2026? O que impede que a dita direita liberal e civilizada se una em torno desse nome? Simples: ela não tem sozinha votos suficientes para enfrentar a parada nem mesmo para prefeito de São Paulo.

Em 2018, juntou-se a Bolsonaro para derrotar Lula que, preso, não pôde concorrer e lançou de última hora Fernando Haddad, o mais tucano dos petistas. A Lava Jato estava no seu auge. Era preciso tirar Lula do mapa e enfraquecer ainda mais um PT carente de pai e mãe.

Foi por isso. Não foi porque a direita liberal e de punhos de renda acreditou na fake news do economista Paulo Guedes de que Bolsonaro se convertera ao liberalismo e às leis do mercado. A intenção de vulto que movia Bolsonaro era só uma: destruir a democracia.

Quatro anos depois, dado ao desastre que ajudara a bancar, ela tapou o nariz, brandiu um exemplar da Constituição e votou em Lula. Embora cobrem de Lula e do PT a autocrítica por seus graves erros do passado, na verdade a direita almofadinha jamais fez a dela.

Vocifera desde então sempre que Lula faz algo que a contraria. Ora, o eleito foi ele, e não importa por quantos votos. Se Bolsonaro tivesse vencido, como estaria o país hoje? No mínimo, com 4 ministros bolsonaristas de um total de 11 no Supremo Tribunal Federal.

E no máximo? Com o ministro Alexandre de Moraes preso ou enforcado em praça pública, segundo ele; um Congresso submisso a dizer amém a todas as vontades do ex-capitão travestido de ditador; e uma mídia acuada ou simplesmente conivente.

Chorar não adianta. Tudo passa, passará. Bolsonaro já começou a passar, o extremismo, não. Lula passará, embora possa demorar um pouco. A terceira via, de preferência com outro nome porque com esse não irá a lugar algum, poderá ressurgir com força a partir de 2030.

Mas há que mostrar serviço desde já. E ter paciência. O mundo gira e a lusitana roda. Se o galo não for extinto, ele continuará a cantar ao amanhecer.

Atenção passageiros, aerocracia quer pousar dentro do seu bolso



Num regime capitalista, a Mão Invisível afasta micos privados das arcas do Tesouro. No capitalismo à brasileira, o ministro Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos, anuncia para os próximos dez dias um pacote de socorro às companhias aéreas. O embrulho inclui o refinanciamento de dívidas e um fundo para manutenção e compra de aeronaves. Coisa de até R$ 6 bilhões. Alega-se que não há risco fiscal. Mas o ministro não esclareceu de onde sairá o dinheiro.

O drama das companhias de aviação foi discutido nesta quarta-feira no Casa Civil da Presidência, a um lance de escada do gabinete de Lula. O governo sustenta que é a ajuda é necessária porque as empresas de aviação sofreram um baque na pandemia. Verdade. Mas as companhias já estavam na enfermaria antes da chegada do vírus. De resto, a Covid levou à breca milhares de empreendimentos. Coisas da vida.

Às vésperas do Natal, Fernando Haddad foi questionado sobre o aumento da inflação. Respondeu o seguinte: "Passagens aéreas cresceram nos últimos quatro meses 65%. E elas já estavam caras. O que nos preocupa na inflação é esse item". No acumulado de 12 meses, os bilhetes de avião subiram quase 50%, contra uma inflação anual de 4,62%.

Na hora de esfolar o consumidor, o regime é capitalista e não há nada que o governo possa fazer para conter abusos ou exigir ressarcimento por atrasos e cancelamentos de voos. Quando chega a pane empresarial, desembrulha-se os pacotes de socorro. Num regime convencional, negócios podem quebrar por falta de estratégia, inépcia gerencial e má sorte. Seja como for, quebra-se. Na aerocracia, companhias continuam no ar mesmo com as asas em chamas.