domingo, 30 de setembro de 2018

A era da burrice


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Discussões inúteis, intermináveis, agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um tsunami infinito de informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada. Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá, parece que o mundo está mergulhando na burrice. Você já teve essa sensação? Talvez não seja só uma sensação. Estudos realizados com dezenas de milhares de pessoas, em vários países, revelam algo inédito e assustador: aparentemente, a inteligência humana começou a cair.

Os primeiros sinais vieram da Dinamarca. Lá, todos os homens que se alistam no serviço militar são obrigados a se submeter a um teste de inteligência: o famoso, e ao mesmo tempo misterioso, teste de QI (mais sobre ele daqui a pouco). Os dados revelaram que, depois de crescer sem parar durante todo o século 20, o quociente de inteligência dos dinamarqueses virou o fio, e em 1998 iniciou uma queda contínua: está descendo 2,7 pontos a cada década. A mesma coisa acontece na Holanda (onde tem sido observada queda de 1,35 ponto por década), na Inglaterra (2,5 a 3,4 pontos de QI a menos por década, dependendo da faixa etária analisada), e na França (3,8 pontos perdidos por década). Noruega, Suécia e Finlândia – bem como Alemanha e Portugal, onde foram realizados estudos menores – detectaram efeito similar.

“Há um declínio contínuo na pontuação de QI ao longo do tempo. E é um fenômeno real, não um simples desvio”, diz o antropólogo inglês Edward Dutton, autor de uma revisão analítica(1) das principais pesquisas já feitas a respeito. A regressão pode parecer lenta; mas, sob perspectiva histórica, definitivamente não é. No atual ritmo de queda, alguns países poderiam regredir para QI médio de 80 pontos, patamar definido como “baixa inteligência”, já na próxima geração de adultos. Não há dados a respeito no Brasil, mas nossos indicadores são terríveis.

Um estudo realizado este ano pelo Ibope Inteligência com 2 mil pessoas revelou que 29% da população adulta é analfabeta funcional, ou seja, não consegue ler sequer um cartaz ou um bilhete. E o número de analfabetos absolutos, que não conseguem ler nada, cresceu de 4% para 8% nos últimos três anos (no limite da margem de erro da pesquisa, 4%). 

Nos países desenvolvidos, o QI da população tem caído até 3,8 pontos por década.

No caso brasileiro, a piora pode ser atribuída à queda nos investimentos em educação, que já são baixos (o País gasta US$ 3.800 anuais com cada aluno do ensino básico, menos da metade da média das nações da OCDE) e têm caído nos últimos anos. Mas como explicar a aparente proliferação de burrice mesmo entre quem foi à escola? E a queda do QI nos países desenvolvidos? O primeiro passo é entender a base da questão: o que é, e como se mede, inteligência. Click aqui e leia matéria completa na Super Interessante.

A uma semana da eleição, a crise voltou às ruas


Protesto contra Jair Bolsonaro levou milhares de pessoas ao Largo do
Batata, em São Paulo

Muitos dirão que, comparadas com as multidões maciças da jornada de 2013, as eloquentes manifestações anti-Bolsonaro deste sábado foram miúdas. Outros alegarão que os atos pró-Bolsonaro, mais mixurucas, crescerão a partir deste domingo, para indicar que o pedaço do eleitorado avesso à volta do PT ao poder não pode ser negligenciado. Quem olhar para o asfalto com as lentes caolhas e reducionistas da polarização arrisca-se a perder a essência do que está se passando.

São quatro as mais importantes, as mais básicas características de Sua Excelência o fato. Eis a primeira e mais óbvia constatação: a sociedade brasileira está trincada. A segunda obviedade é alarmante: as eleições presidenciais de 2018 não devolverão o sossego ao país. A terceira percepção é inquietante: Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, líder e vice-líder das pesquisas, apresentam-se como solução sem se dar conta de que são parte do problema. A quarta evidência é exasperante: o que se vê nas ruas é apenas o nariz daquilo que Juscelino Kubitschek apelidou de ''o monstro''.

Na definição de Juscelino, o monstro é a opinião pública. Em 2013, a criatura também ganhou as ruas aos poucos. Do dia para a noite, o que parecia ser uma revolta juvenil contra o reajuste de passagens de transportes coletivos virou uma revolta difusa contra a roubalheira dos agentes políticos e a precariedade dos serviços públicos. O monstro exibiu-se de corpo inteiro. Ele estava em toda parte: nas camisetas, nas faixas, nos broches, nas panelas que soaram nas varandas dos edifícios chiques, na fila da clientela miserável do SUS e, sobretudo, na Praça dos Três Poderes.

Atordoados, os alvos da revolta reagiram da pior maneira. Os partidos deflagraram um movimento de blindagem dos seus corruptos contra a Lava Jato. O monstro desligou-os da tomada. Dilma Rousseff, a presidente de então, acenou com um lote de cinco pactos. Ganha um doce quem for capaz de citar um dos pactos de madame. Sobreveio a sucessão encarniçada de 2014.

Dilma prevaleceu com um discurso marqueteiro de “mudança com continuidade”. Deu em estelionato eleitoral, no impeachment e na prisão de Lula. Aécio Neves, que emergira das urnas como um derrotado favorito a virar presidente na sucessão seguinte, dissolveu sua liderança na mesma lama que engolfou a biografia e a agenda pseudo-reformista de Michel Temer. Deu no que está dando: a ferrugem do tucanato, a fragmentação do chamado centro político e o solidificação de Bolsonaro como alternativa das forças antipetistas.

Com 28% das intenções de voto, Bolsonaro esgrime uma agenda proterozoica em que se misturam coisas tão abjetas como a defesa da tortura, a distribuição de armas, o desapreço às mulheres e o desprezo aos direitos das minorias. Como se fosse pouco, o capitão carrega na vice um general radioativo e cospe nas urnas eletrônicas que lhe serviram mais de duas décadas de mandatos parlamentares. Sapateia sobre as mais elementares noções de democracia ao avisar que não reconhecerá nenhum resultado que não seja a sua vitória.

No outro extremo está Haddad. Com 22% no Datafolha, a caminho de um empate técnico com o líder, ele despacha semanalmente com o oráculo da cadeia de Curitiba. Frequenta os palanques com a máscara de Lula, estimulando a suspeita de que, eleito, terceirizará o mandato presidencial ao padrinho presidiário. Neste domingo, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, gritava palavras de ordem contra Bolsonaro numa manifestação em Curitiba. Seu protesto soa ridículo quando se recorda que a mesma Gleisi lançou há sete meses um manifesto intitulado “Eleição sem Lula é fraude.” Algo que Haddad se absteve de desdizer.

A caminho do segundo turno, Bolsonaro e Haddad são cabos eleitorais um do outro. Quem rejeita o capitão pende para o poste de Lula. E vice-versa. Nesse contexto, a corrida presidencial resultará na eleição do presidente da exclusão, não no mandatário da preferência do eleitorado. A essa altura, os dois extremos já deveriam ter notado que não há alternativa senão o respeito incondicional às regras do jogo, a moderação do discurso e o aceno ao bom-senso.

A insensatez conduz ao estilhaçamento dos valores democráticos. A incapacidade dos atores políticos de produzir algo que se pareça com um acordo elementar contra a produção de sandices devolveu a crise às ruas a uma semana do primeiro turno da eleição. Mantida a atmosfera de crispação, o país logo enxergará o monstro que se esconde atrás do nariz. No limite, o próximo presidente, seja ele quem for, já assumirá carregando no peito uma interrogação no lugar da faixa presidencial: Será que termina o mandato?

Por Josias de Souza

sábado, 29 de setembro de 2018

Corregedoria do CNJ afasta juiz bolsonarista que planejava golpe nas eleições. Marcha da insensatez busca agredir cerne da democracia


Eduardo Bolsonaro e o juiz Cubas em frame de vídeo que faz proselitismo
contra a urna eletrônica

Leiam o que informa o Estadão.

O corregedor nacional da Justiça, ministro Humberto Martins, abriu nesta sexta-feira, 28, uma reclamação disciplinar contra o juiz Eduardo Luiz Rocha Cubas, do Juizado Especial Federal Cível de Formosa (GO), e determinou o afastamento do magistrado. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), que pediu a abertura do procedimento, ele planejava conceder uma liminar no fim do dia 5 de outubro determinando que o Exército recolhesse urnas eletrônicas que serão utilizadas na votação, que ocorre no próximo dia 7. O caso será analisado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A AGU explica que a liminar seria concedida no âmbito de uma ação popular que questiona a segurança e a credibilidade das urnas. De acordo com o órgão, em 26 de setembro, a Consultoria Jurídica Adjunta ao Comando do Exército (Conjur-EB), órgão consultivo da AGU, elaborou informações sobre a ação popular apresentada em Formosa. Em despacho do magistrado, ele determinava preliminarmente que fosse oficiado o Comando do Exército para que indicasse militar com patente de oficial e/ou equipe apta para participar em “eventual perícia sobre as urnas”.

A AGU relatou ainda que, em uma reunião ocorrida na última terça-feira, 25, no Quartel-General do Exército, o juiz deixou uma cópia da decisão que pretende proferir no caso. Cubas também teria informado que a notificação oficial do Comando do Exército sobre sua decisão aconteceria às 17h do dia 5 de outubro, para que não houvesse tempo da determinação ser revertida.

O órgão também observou que em nenhum momento foi avisado judicialmente pelo juiz da existência da ação popular, e que o magistrado deixou de digitalizar os autos, conferindo sigilo ao processo. Na peça apresentada ao CNJ, também é destacado que Cubas manifestou-se em vídeo divulgado no YouTube com conteúdo político-partidário. Na mídia, Cubas questiona a segurança e a credibilidade das urnas eletrônicas ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável do PSL Jair Bolsonaro.

Comentário de Reinaldo Azevedo

Vejam quão tóxica para a própria democracia pode ser a militância de Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas. Notem que um juiz federal tramava, na prática, um golpe contra as eleições.

Cubas já gravou vídeos ao lado de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair, em defesa de candidaturas avulsas e com críticas à suposta insegurança das urnas eletrônicas.

O juiz se tornou um militante bolsonarista fanático. Ele preside uma tal Unajuf (União Nacional dos Juízes Federais). No dia seguinte à agressão sofrida pelo candidato do PSL, a entidade divulgou uma nota, assinada por ele, em que se lê o seguinte:

“A UNAJUF tem o dever estatutário de zelar pela observância dos pilares democráticos, razão pela qual se coloca com a obrigação de alertar a sociedade que a participação de ‘mais de um elemento criminoso’, conforme já noticiado pela imprensa, exclui quaisquer ilações de que as razões do crime situam-se apenas na esfera pessoal dos autores, devendo ser aplicado ao caso a Lei de Segurança Nacional (…)”

Ainda que a imprensa houvesse realmente noticiado a tal “participação de mais de um elemento criminoso”, juiz não julga ou opina com base apenas no que diz a imprensa. Mas há uma questão adicional. Não havia informações sobre a participação de terceiros no atentado. Isso era boato dos grupos de militância bolsonarista na rede. Um homem foi severamente espancado por suspeita de participação. Uma mulher viu sua vida se transformar num inferno porque foi apontada como aquela que teria passado a faca a Adélio Bispo de Oliveira, o agressor.

Mais: o cabimento da Lei de Segurança Nacional para o caso independe de haver ou não comparsas no crime.

No dia seguinte à agressão, o juiz já tinha seu veredicto e falava uma linguagem de incitamento político.

É espantoso.

Datafolha: Haddad sobe a 22%; Bolsonaro tem 28%, mas perde no 2o. turno



A nove dias do primeiro turno da eleição presidencial, Fernando Haddad (PT) subiu seis pontos e consolidou-se em segundo lugar na corrida eleitoral, com 22%.

Ela segue sendo liderada por Jair Bolsonaro (PSL), que se manteve estável com 28%, mas perdeu fôlego nas simulações de segundo turno, sendo derrotado em todas elas. A dupla lidera também no quesito rejeição do eleitor, indicando a polarização na disputa.

Os dados estão na nova pesquisa do Datafolha. Nela, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB)empatam tecnicamente no terceiro posto. Marina Silva (Rede) murchou para um distante quarto lugar.

O instituto ouviu 9.000 eleitores em 343 cidades de quarta (26) a esta sexta (28). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. O levantamento foi contratado pela Folha e pela TV Globo. A pesquisa anterior havia sido feita nos dias 18 e 19.

Haddad, o preposto indicado por Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer em seu lugar, já que foi declarado inelegível por ter condenação em segunda instância, cresceu de 16% para 22% nas intenções de voto estimuladas. Nas menções espontâneas, também cresceu seis pontos, chegando a 17%.

Ele teve seu mais forte crescimento nas regiões Nordeste (12 pontos) e Norte (13 pontos). No tradicionalmente lulista e populoso Nordeste, ele lidera com 38% das intenções de voto. Ali, Bolsonaro registra seu pior desempenho regional, com 16% de intenções de voto, empatado com Ciro Gomes (PDT), que tem 15% no seu território de origem. (…)

Por Igor Gielow, na Folha.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Ex-mulher acusa o presidenciável de furtar um cofre de banco, ocultar patrimônio, receber pagamentos não declarados e agir com “desmedida agressividade”


ACUSADORA - Ana Cristina, que hoje faz campanha para Bolsonaro:
agora, ela diz que falou em excesso (Reginaldo Teixeira/.)

Em 2007, o deputado Jair Bolsonaro, então com 52 anos, estava terminando seu segundo casamento, com Ana Cristina Siqueira Valle. Depois de mais de dez anos juntos e um filho, o casal resolveu se separar, mas o caso acabou na Justiça. Eles disputavam a guarda do filho, hoje com 20 anos, e Ana Cristina alegava que seu ex-marido resistia a fazer uma partilha justa dos bens. Por isso, em abril de 2008, ela deu entrada com uma ação na 1ª Vara de Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O processo, com mais de 500 páginas, ao qual VEJA teve acesso, contém uma série de incriminações mútuas que fazem parte do universo privado do ex-casal. Há, no entanto, acusações de Ana Cristina ao ex-marido que entram na esfera do interesse público porque contradizem a imagem que Bolsonaro construiu sobre si mesmo na campanha presidencial. São elas:

Bolsonaro ocultou patrimônio pessoal da Justiça Eleitoral em 2006. Quando foi candidato a deputado federal, declarou que tinha um terreno, uma sala comercial, três carros e duas aplicações financeiras, que somavam, na época, 433 934 reais. Sua ex-mulher, no mesmo processo, anexou uma relação de bens e a declaração do imposto de renda do ex-marido, mostrando que seu patrimônio incluía também três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes. Os bens do casal, em valores de hoje, somariam cerca de 7,8 milhões de reais.

Bolsonaro tinha uma “próspera condição financeira” quando era casado com Ana Cristina, segundo ela própria. A renda mensal do deputado chegava a 100 000 reais — cerca de 183 000 reais, em valores atualizados. Na época, oficialmente, Bolsonaro recebia 26 700 reais como deputado e 8 600 reais como militar da reserva. Para chegar aos 100 000 reais, diz a ex-mulher, Bolsonaro recebia “outros proventos”, que ela não identifica.

Bolsonaro, de acordo com Ana Cristina, furtou seu cofre numa agência do Banco do Brasil, em outubro de 2007, e levou todo o conteúdo: joias avaliadas em 600 000 reais, 30 000 dólares em espécie e mais 200 000 reais em dinheiro vivo — totalizando, em valores de hoje, cerca de 1,6 milhão de reais. O cofre ficava na agência do Banco do Brasil da Rua Senador Dantas, no centro do Rio. Seu conteúdo é incompatível com as rendas conhecidas do então casal.

Bolsonaro era um marido de “comportamento explosivo” e de “desmedida agressividade”. Essa foi a razão que levou Ana Cristina a separar-se, segundo ela mesma informa.

“ELEVADO PADRÃO” - A casa do deputado num condomínio de luxo
no Rio de Janeiro (//.)

Bolsonaro e Ana Cristina se separaram oficialmente em 2008, depois de dez anos juntos. Com o passar do tempo, os dois voltaram a se entender e selaram um armistício que dura até hoje, tanto que Ana Cristina, candidata a deputada federal pelo Podemos do Rio de Janeiro, até usa o sobrenome do presidenciável e se apresenta aos eleitores como “Cristina Bolsonaro” — sobrenome que jamais teve.

Agora, ela diz que as acusações que fez contra o ex-marido são fruto de excessos retóricos. Não é incomum que, em separações litigiosas, marido e mulher troquem acusações infundadas, destinadas a magoar ou tentar extrair alguma vantagem. Mas uma consulta ao processo e suas adjacências mostra que Ana Cristina não estava mentindo. O furto do cofre, por exemplo, realmente ocorreu. Em 26 de outubro de 2007, ela esteve na agência do Banco do Brasil e, misteriosamente, sua chave não abriu o cofre. Chamado ao local, um chaveiro destravou o equipamento, e Ana Cristina constatou que estava vazio. “Isso só pode ter sido coisa do meu ex-marido”, disse ela aos funcionários do banco. Um deles tentou acalmá-la, sem sucesso. “Ele pode tudo, e vocês têm medo dele”, respondeu ela. No mesmo dia, Ana Cristina registrou um boletim de ocorrência sobre o furto na 5ª Delegacia da Polícia Civil.

PATRIMÔNIO OCULTO –   Em 2006, Bolsonaro apresentou à Justiça Eleitoral
a relação de seus bens, que totalizavam, segundo ele, 433 934 reais — ou 850 000
em valores atualizados. No processo de separação (abaixo), descobre-se que o
patrimônio real do casal à época era de 4 milhões de reais — ou 7,8 milhões
 em valores atualizados (//VEJA)


VEJA teve acesso ao inquérito policial. Em depoimento, Alberto Carraz, um dos gerentes do Banco do Brasil, confirmou que tanto Ana Cristina quanto Bolsonaro mantinham cofres na agência. No caso do deputado, não se sabe o que ele guardava — e ele também nunca declarou a propriedade do cofre. Já a ex-mu­lher disse que guardava joias avaliadas em 600 000 reais, mais 30 000 dólares em espécie e 200 000 reais em dinheiro vivo. Localizado por VEJA, Alberto Carraz conta que, de fato, o conteúdo do cofre sumiu e dá uma pista do que pode ter sido o desfecho da história: “Quando Bolsonaro soube que a ex-mu­lher tinha feito um registro de ocorrência na delegacia, ele me disse que iria resolver a questão. Depois, eu soube por ele que estava tudo resolvido e que ela tinha retirado a queixa”. Na verdade, não foi bem assim.

A discussão sobre o furto do cofre continuou, segundo mostra o processo. A defesa de Bolsonaro, na etapa em que o ex-casal discutia a guarda do filho, juntou um depoimento em que o deputado acusava a mulher de chantageá-lo. Dizia que ela tinha levado o filho para o exterior e condicionava o retorno da criança à devolução do dinheiro e das joias subtraídos do cofre. Bolsonaro acusou a mulher de sequestro. Ela acusou-o de furto. Na época, além de procurar a Polícia Federal, Bolsonaro pediu ajuda ao Itamaraty para localizar o filho no exterior. Ana Cristina e a criança estavam em Oslo, na Noruega. Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo divulgou telegramas do Itamaraty nos quais Ana Cristina, em conversa com um vice-cônsul brasileiro em Oslo, dizia que fora para a Noruega depois de ser ameaçada de morte pelo ex-mari­do. Ela negou que tenha dito isso ao vice-cônsul, mas o jornal ouviu cinco amigas brasileiras de Ana Cristina em Oslo e todas a desmentiram e confirmaram que a ameaça de morte fora o motivo de sua viagem para a Europa. O fato é que, quando o depoimento de Bolsonaro acusando Ana Cristina de sequestro foi anexado ao processo, o ex-casal chegou imediatamente a um acordo. O filho voltou do exterior, a disputa pelos bens foi resolvida nos termos reivindicados por Ana Cristina e o valor da pensão foi acertado. Sobre o furto do cofre, porém, nenhuma palavra.

O EX-GERENTE - Carraz confirmou que o casal mantinha dois cofres
no banco (Ricardo Borges/VEJA)

Alberto Carraz se diz amigo de Bolsonaro até hoje. Há dois anos, ele foi acusado de furtar 2 milhões de reais de vários cofres da agência do Banco do Brasil. Poderia ter sido ele então o ladrão do cofre de Ana Cristina? Na relação oficial das supostas vítimas de Carraz não aparece o nome nem de Ana Cristina nem de Bolsonaro. E a investigação policial sobre o assunto não deu em nada. Ana Cristina foi chamada a depor duas vezes, não compareceu e, no ano passado, depois de dez anos, a polícia encerrou o caso sem esclarecê-lo. Bolsonaro e Ana Cristina não tinham renda para possuir bens e valores da ordem de 1,6 milhão de reais guardados num cofre de banco. Localizada por VEJA, Ana Cristina não quis entrar em detalhes. Deu-se o seguinte diálogo:

De onde vieram as joias, dólares e reais? Era coisa minha, que juntei. Coisas do meu ex-marido, joias que ganhei do Jair.

Por que a senhora não atendeu às convocações para depor na polícia? Não lembro. Fiquei quieta.

Por quê? Não me sentia à vontade. Iria dar um escândalo para ele e para mim. Deixei para lá.

Escândalo para o deputado? Eu, brava, falo besteira.

Por isso a senhora desistiu da investigação? Nós dois tínhamos um acordo de abrir mão de qualquer apuração porque não seria bom.

Qual o acordo? Aí eu prefiro ficar… me omitir.

Ao entrar na Justiça para formalizar a separação, Ana Cristina queria a divisão que considerava justa do patrimônio que o casal adquiriu ao longo do casamento. À Justiça, ela disse que o ex-marido “proporcionava a sua família um elevado padrão, financiando frequentes viagens ao exterior” e que Bolsonaro tinha “remuneração de militar da reserva, de deputado federal e outros proventos que ultrapassam a mais de 100 000 reais mensalmente”. Na época, a renda oficial de Bolsonaro era de 35 300 reais. Recebia 26 700 reais como deputado e 8 600 reais como militar aposentado. Para chegar aos “mais de 100 000 reais”, a renda do deputado teria de ser multiplicada por três. Ana Cristina não informou quais seriam os “outros rendimentos” de Bolsonaro, mas anexou ao processo uma relação de bens e a declaração de imposto de renda do ex-marido referente ao ano de 2006. Os peritos da Justiça avaliaram esse patrimônio todo em 4 milhões de reais — cerca de 7,8 milhões de reais em valores atualizados.

O FURTO DO COFRE – Em 26 de outubro de 2007, Ana Cristina registrou um boletim de ocorrência que relatava o furto de 600 000 reais em joias, 30 000 dólares em espécie e 200 000 reais em dinheiro vivo, guardados em um cofre que ficava numa agência do Banco do Brasil. Na época, ela acusou Bolsonaro pelo crime (//VEJA)

No mesmo ano de 2006, Bolsonaro entregou à Justiça Eleitoral uma relação de bens que somava somente 433 934 reais — coisa de 10% apenas do que a perícia judicial avaliara. Ele omitiu a propriedade de três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes. A lei exige que cada candidato divulgue seus bens para que o eleitor possa acompanhar a evolução do seu patrimônio e avaliar, por exemplo, se amealhou bens em valores desproporcionais aos proventos recebidos durante o mandato. “É um mecanismo de fiscalização dos eleitores e da imprensa sobre os políticos”, diz Henrique Neves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral. Quando um candidato divulga uma lista subfaturada, está enganando o eleitor. O advogado Daniane Furtado, especialista em direito eleitoral, diz que a omissão de bens na declaração entregue à Justiça Eleitoral pode ser enquadrada nos crimes de falsidade ideológica e sonegação. “O que o político informou à Justiça Eleitoral tem de ser compatível com o que está no imposto de renda”, diz.

RENDA NÃO DECLARADA – Ana Cristina anexou ao processo os holerites de Bolsonaro e relatou que o casal tinha uma renda de “mais de 100 000 reais” — em valores de hoje equivalentes a 183 000 reais. Na época, os proventos como deputado e militar da reserva, suas únicas fontes de renda conhecidas, totalizavam 35 300 reais mensais (//VEJA)

Numa das petições, a ex-mulher de Bolsonaro diz que o casal sempre teve uma “afortunada” condição de vida, que podia ser confirmada “pelos sinais exteriores de riqueza”. Para comprovar o relato, juntou ao processo documentos, holerites, fotos de viagens — e a acusação dos tais “mais de 100 000 reais” não declarados, hoje equivalentes a 183 000 reais. Nas declarações de imposto de renda de Bolsonaro anexadas ao processo — tanto a referente a 2006 quanto a de 2007 — não há registro de nenhuma renda além dos proventos de deputado e militar da reserva.

A vida patrimonial de Bolsonaro, a julgar pelos documentos entregues à Receita Federal e à Justiça Eleitoral, é uma gangorra. Em 2001, ele declarou à Receita um patrimônio de 419 000 reais. Em 2006, o patrimônio informado ao Fisco subiu para 1,6 milhão de reais — embora, nos cinco anos transcorridos entre uma declaração e a outra, a soma de seus proventos como parlamentar e militar aposentado não tenha chegado a 1 milhão de reais líquidos. Neste ano eleitoral de 2018, Bolsonaro disse à Justiça Eleitoral que seu patrimônio soma 2,2 milhões de reais, incluindo cinco imóveis. Um deles, comprado em 2009, fica num condomínio residencial localizado em frente à praia na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Corretores da região consultados por VEJA informam que as casas mais baratas no condomínio de Bolsonaro não custam menos de 2 milhões de reais. Uma reportagem da Folha de S.Paulo, publicada em janeiro passado, revelou que Bolsonaro comprou sua casa no condomínio por 400 000 reais — é um valor inferior aos 580 000 reais que o próprio vendedor pagou ao adquiri-la quatro meses antes.

Hoje, Ana Cristina nega as acusações. “Quando você está magoado, fala coisas que não deveria”, disse a VEJA. Sobre os “outros rendimentos” e a vida “afortunada” do candidato, ela diz que nem se lembra: “Eu falei isso?”. No processo, Ana Cristina explicou que a separação do casal aconteceu porque o comportamento de Bolsonaro era “explosivo”, o que tornou a convivência “insuportável”, em virtude da “desmedida agressividade” do parlamentar. Mas, agora, tudo mudou. Diz ela: “Bolsonaro é digno, carinhoso, honesto e provedor. Apesar de ‘machão’, ama os filhos incondicionalmente e trata suas mulheres como princesas”. Consultado por VEJA, Bolsonaro não quis dar entrevista.

Com reportagem de Gabriel Castro e Laryssa Borges

Na VEJA de 3 de outubro de 2018, edição nº 2602

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A fraude do senador Magno Malta



O jornal Século Diário, do Espírito Santo, traz uma reportagem estarrecedora e bem fundamentada sobre um pai acusado em 2010 pelo senador Magno Malta (PR) de ter estuprado a própria filha de dois anos de idade.

Na época, Malta presidia a CPI da Pedofilia do Senado criada por ele com o apoio dos seus pares. Foi quando se tornou famoso. O cobrador de ônibus Luiz Alves de Lima passou nove meses preso e agora foi inocentado.

Perdeu um olho, foi torturado pela polícia e está desempregado. A perícia concluiu que sua filha é virgem.



Por Ricardo Noblat

Brasileiros que conviveram com ex-mulher de Bolsonaro na Noruega confirmam que ela relatava ameaça


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Por Thais Arbex, na Folha:

Cinco brasileiros que vivem na Noruega e conviveram com Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro (PSL), confirmaram à Folha o relato que consta em documento oficial do Itamaraty, redigido em 2011.

O registro diplomático informa que ela afirmou ao vice-cônsul naquele país que havia sido ameaçada de morte pelo ex-marido e que por isso havia fugido do Brasil.

O caso foi revelado pela Folha, nesta terça (25). Logo após a publicação da reportagem, Ana Cristina divulgou vídeo nas redes sociais no qual negava ter falado sobre o assunto com a embaixada brasileira, rechaçava ter sido alvo de qualquer ameaça e defendia Jair Bolsonaro, atacando a imprensa.

Dos cinco brasileiros que aceitaram falar com a reportagem, quatro disseram que só o fariam sob anonimato, com medo de represália. Uma decidiu se identificar.

Simone Afonso, ainda reside na Noruega e conta que conheceu Ana Cristina em 2009, quando ela deixou o Brasil.

“Ela tentou asilo político aqui, o que foi negado pelo departamento de imigração local. Dizia que estava sendo ameaçada pelo ex-marido, o Jair Bolsonaro, que ele havia tirado a guarda do filho dela”, contou.

“Todo mundo aqui em Oslo sabe que o discurso dela era: estou aqui por medo do meu ex-marido”, continuou. “E se você quiser, a gente pode fazer uma lista de pessoas daqui que sabem dessa história.”

As outras quatro testemunhas relatam o caso da mesma forma. Segundo elas, Ana Valle, como ela é conhecida por lá, chegou à Noruega muito fragilizada e se aproximou de um grupo de brasileiros.

Segundo os relatos dos brasileiros, ela costumava repetir que a “minha cabeça vale R$ 50 mil”. Como não tinha fluência na língua local e falava com dificuldade o inglês, Ana dependia das pessoas que acabara de conhecer.

Simone Afonso contou que Ana chegou a morar na casa de um brasileiro em Oslo. Fernando Xavier, disse ela, teria alugado um quarto para a ex-mulher de Bolsonaro até que ela pudesse se estabelecer no país.

Em suas redes sociais, Xavier compartilhou a reportagem da Folhadesta terça (25). “Olha as verdades surgindo do teatro de vampiros!!!! (sic) Chegou ameaçada e ficou anos sem ver o filho!!!”, escreveu. “Eu sou testemunha e muitas outras pessoas da sociedade de Oslo!!!”

Uma das pessoas ouvidas pela Folha disse que, em maio deste ano, Ana Cristina esteve no país afirmando que iria disputar uma vaga de deputada federal pelo Podemos.

Quando ainda morava no exterior, a ex-mulher de Bolsonaro contou aos brasileiros detalhes da disputa judicial que travou com o ex-marido pela guarda do filho do casal, Renan.

Uma das pessoas com as quais a Folha conversou disse ter enviado para Ana Cristina, no Brasil, a certidão de nascimento com a qual ela conseguiu tirar o filho do país sem a autorização de Bolsonaro —foi isso o que levou o deputado a mobilizar o Itamaraty.

A ex-mulher do presidenciável usou um documento antigo, anterior ao reconhecimento da paternidade. Nele, apenas seu nome constava como responsável pelo menino. Essa mesma pessoa diz que presenciou a ligação do vice-cônsul que consta no telegrama reservado arquivado no Itamaraty.

Reações:

O vídeo em que Ana Cristina Valle nega a ameaça de morte relatada ao Itamaraty e revelada pela Folha está sendo compartilhado entre os brasileiros que conviveram com ela na Noruega. De acordo com os relatos, ninguém entende o apoio repentino ao ex-marido, de quem ela dizia que tinha medo.
(…)

Sucessão escancara falta de qualidade dos antigos políticos


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De todas as evidências que a sucessão de 2018 escancara, a mais incômoda é a absoluta falta de qualidade na política nacional. O líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, era até ontem um deputado com 27 anos de mandato e nenhuma obra relevante a exibir. O vice-líder é Fernando Haddad, um ex-prefeito cujo mandato o eleitor de São Paulo se recusou a renovar, impondo-lhe uma derrota de primeiro turno.

O país está de novo às voltas com uma disputa do tipo PT versus anti-PT. A diferença é que o eleitor anti-petista se deslocou da centro-deireita para a extrema-direita. Incompetência do PSDB. Há 16 anos fora do Planalto, o tucanato não conseguiu oferecer esperança que justificasse o seu retorno. Aécio, a oferta de 2014, virou lama. Alckmin, a aposta de 2018, está na posição do jogador que corre o risco de levantar da mesa de pôquer sem dinheiro para o táxi.

O PT celebra a ascensão meteórica de Haddad como um renascimento. Nada mais ilusório. Depois de dois mega-escândalos e um impeachment, tudo o que o petismo foi capaz de oferecer foi um novo poste. O único líder do partido com luz própria está na cadeia. Sofrerá novas condenações. Ainda que eleja mais um preposto, Lula talvez não consiga mais disputar eleições. Costuma-se dizer que o brasileiro não sabe votar. Mas a verdade é que o eleitor tem preguiça de raciocinar, pesquisar e analisar as novidades apresentadas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Barroso divulga nota em que recua do “tom ácido” de sua entrevista


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O Ministro Luís Roberto Barroso divulga no site do Supremo Tribunal Federal nota pública sobre suas afirmaçōes em entrevista divulgada na edição desta quarta-feira na Folha de S.Paulo. 

Leia abaixo:

Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, fiz uma análise severa da extensão e profundidade da corrupção no Brasil e uma crítica à própria atuação do Supremo Tribunal Federal na matéria. Todavia, o tom excessivamente ácido que empreguei não corresponde à minha visão geral do Tribunal. Há posições divergentes em relação às diferentes questões e todas merecem respeito e consideração.

Ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso

Embraer assina contrato com a Helvetic para venda de 12 jatos


E190 E2 fez o primeiro voo teste no dia 23 de maio do ano passado — Foto: Reprodução/TV Vanguarda

A Embraer e a aérea europeia Helvetic Airways assinaram um contrato para encomenda de 12 jatos modelo E190-E2. O acordo de intenção, anunciado em julho, foi convertido em pedido firme nesta quarta-feira (26) em Zurique, na Suíça, segundo a fabricante de aeronaves.

O pedido tem valor de US$ 730 milhões. O contrato com a companhia inclui também o direito de compra de mais de 12 E190-E2, com possibilidade de conversão para o E195-E2 - o modelo está em fase de testes com e entregas a partir de 2018. Se confirmada a venda, o acordo teria valor total de US$ 1,5 bilhão.

Segundo a Embraer, a Helvetic comprou as 12 aeronaves para substituir os cinco Fokker 100 e os sete E190 da Embraer, em um período entre o final de 2019 e 2021. A Helvetic já opera sete E190, da geração anterior de jatos produzido pela Embraer.

E190-E2

O E190-E2 é o primeiro jato da nova família de E-Jets E2 a entrar em operação. As aeronaves foram apresentadas ao mercado em 2016.

O primeiro voo do modelo ocorreu em abril deste ano. O voo foi operado pela companhia regional da Escandinávia Widerøe.

Embraer diz que não pode assegurar prazo para conclusão de negociações com Boeing


Combinação de fotos com as marcas da Boeing e da Embraer. As marcas anunciaram em julho a criação de uma associação avaliada em US$ 4,75 bilhões  — Foto: Denis Balibouse/Reuters; Roosevelt Cassio/Reuters

A Embraer disse nesta terça-feira (25) que não pode estimar um prazo para conclusão das negociações envolvendo a parceria com a norte-americana Boeing e disse ser "incabível" relacionar o processo eleitoral à combinação pretendida.

"O objetivo das partes é fechar a operação com a maior brevidade possível. Entretanto, trata-se de processo complexo no qual as partes vêm negociando os contratos que podem concretizar a operação", disse a Embraer em comunicado ao mercado, ao esclarecer notícia veiculada na imprensa.

O memorando de entendimento entre e Boeing e a Embraer prevê a criação de uma joint venture que assumirá o controle de aviação comercial da empresa brasileira.


Reportagem do jornal Valor Econômico da véspera informou que as empresas tentam fechar o negócio antes de 2019, e que os executivos entendem que todo o processo seria retardado se a finalização ficar para o ano que vem.

O acordo de união dos negócios da Boeing e Embraer para a criação de uma nova empresa na área de aviação comercial, avaliada em US$ 4,75 bilhões, foi anunciado em julho. Pelo memorando, a companhia americana terá 80% de participação e a brasileira, 20% na joint venture. A transação, entretanto, ainda depende do aval dos acionistas – entre os quais está o governo brasileiro – e dos órgãos reguladores do mercado brasileiro e americano.

Reinaldo Azevedo - Barroso é um irresponsável como jamais houve no STF; tenta levar tribunal a crise quando os ninhais de serpentes ameaçam a democracia



Nunca houve um membro do Supremo tão institucionalmente irresponsável como Roberto Barroso. O que ele pensa, as ideias marotas sobre democracia, estado de direito e devido processo legal que povoam aquela mente criativa estão na raiz de boa parte dos sortilégios hoje vividos pelo Brasil. O país só chegou à situação que ora vivemos em razão do triunfo de ideias como as suas.

Barroso resolveu ser a toga armada de imposturas no Supremo. E, ora vejam!, numa entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo, que registrou na Folha o que ele falou e tem o mérito de revelar suas barbaridades, decidiu se apresentar como o garantidor da legalidade. Justo quem… Mas, nesse caso, foi apenas patético e megalômano. O homem foi além: num momento em que ovos da serpente do autoritarismo estão sendo chocados em vários ninhais, torna-se autor do mais grave ataque à corte suprema desferido por um de seus membros. Sim! Barroso, por razões que precisam ser aclaradas e com propósito ainda não definido, resolveu que é chegada a hora de deflagrar uma crise no órgão máximo do Judiciário.

Autointitulado paladino da moralidade, obcecado, ao menos para consumo público, pelo combate à corrupção, teórico de uma certa refundação da República — uma conversa que fica bem na boca de fascistas —, ele afirmou o seguinte sobre o próprio Supremo:

“Você tem gabinete distribuindo senha para soltar corrupto. Sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos.”

A entrevistadora quis saber: “Que gabinetes, ministro?”

Ele sorriu e ficou em silêncio. A jornalista insistiu: “O senhor não acha um risco o senhor falar de forma genérica?”

Ele respondeu: “Tem gabinetes. [seguindo] Quando a Justiça desvia dos amigos do poder, ela legitima o discurso de que as punições são uma perseguição.”

Barroso colocou sob suspeição os outros 10 ministros da Casa. Como pode ele se apresentar como procurador da ordem legal se faz acusações sem provas; se põe sob suspeição seus colegas; se diz para a sociedade que o Supremo atua em favor da impunidade?

Sim, dá ate para presumir que a acusação é voltada para alguns de seus adversários da corte, sobre cujos nomes podemos especular. Mas por que deveríamos auxiliá-lo na sua covardia asquerosa?

Venham cá: o país está a precisar disso? O que ele pretende?

O ministro, e já demonstrei isso aqui mais de uma vez, é que tem o sestro de tomar decisões ao arrepio da Constituição. O que ele pretende? Ora, nesta segunda, seus pares deveriam interpelá-lo, então, para que dê clareza e materialidade a suas acusações. Talvez ele conte com isso. Por alguma razão que, insisto, tem de ser esclarecida, ele decidiu atacar seus colegas. E num momento em que a Justiça tem de ser a expressão da temperança.

Conferindo-se ares de grande pensador, afirmou:

“Eu gostaria de também falar uma coisa: neste momento em que comemoramos três décadas da Constituição, é muito importante renovarmos nossos compromissos democráticos, eu diria, em duas regras básicas. A primeira: quem ganhar a eleição leva. E deve se respeitar o direito de a maioria governar. (…) A segunda regra: só é aceitável a maioria governar democraticamente. E, portanto, ela tem que respeitar as regras do jogo democrático e os direitos fundamentais de todos. E é para isso [garantir direitos] que existe o Supremo. Um projeto de poder não democrático ou que envolva a exclusão do outro não pode ter lugar no Brasil. Então, são duas regras: quem ganha leva. Quem leva respeita as regras do jogo e os direitos dos outros.”

Parece bacana, mas essa garantia não é ele quem dá: a garantia vem da Constituição que ele, com frequência, ignora. Até porque a democracia pressupõe a interiorização das regras do jogo como imperativos categóricos. Ou o canhão vence o livro, e não será Barroso a impedi-lo. Não parece especialmente afeito também a esse tipo de coragem.

De resto, não pode falar em nome da institucionalidade aquele que a joga no lixo com irresponsabilidade, ligeireza e leviandade.

O OVO DA SERPENTE: Sala de aula dedicada à criatividade da Faap é alvo de vândalos, com mensagens homofóbicas, pró-Bolsonaro


Sala de aula da Faap foi rabiscada com mensagens de apoio a
Bolsonaro e à ditadura (Foto: Gabriela Von Ammon Eifler)

Uma sala de aula da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo, teve as suas paredes rabiscadas com mensagens homofóbicas e de apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ao coronel Carlos Brilhante Ustra e à ditadura.

O espaço, que segundo alunos é dedicado a aulas de criatividade que integram o currículo de alguns cursos, abrigava cartazes e desenhos produzidos por estudantes. Entre eles havia mensagens como “nunca se cale diante da opressão”, “este espaço foi higienizado contra a censura” e “fora Temer!”.

Segundo a aluna do curso de animação Gabriela von Ammon Eifler, ao chegarem à sala por volta das 11h desta terça (25) os estudantes encontraram os materiais depredados e sobrepostos com mensagens como “Ustra herói brasileiro”, “higienização já!” e “esquerda fede!”. Uma bandeira com as cores do arco-íris, associada a movimentos LGBT, foi rabiscada com a frase “tapa na cara das puta, falta de surra!”.

Menções a Bolsonaro, como “17 Neles” –referência ao número de urna do presidenciável–, “Bolso” e “#EleSim” também foram escritas. ​

“Era uma sala com bastante material sobre diversidade”, explica a graduanda em Cinema Taline Mendonça Caetano, que estava entre os alunos da aula desta terça.

A Faap afirma que repudia “qualquer tipo de desrespeito, violência e discriminação”.
(…)

Por Mônica Bergamo, na Folha

No Blog do Reinaldo Azevedo

Ex-mulher de Bolsonaro ataca a Folha, nega ameaça e faz campanha para o deputado


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Na Folha:

Ana Cristina Valle, ex-mulher do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), atacou a Folha em vídeo divulgado nas redes sociais nesta terça-feira (25) e negou ter sido ameaçada de morte pelo seu ex-marido.

Hoje ela utiliza o nome Cristina Bolsonaro para fazer campanha a deputada federal pelo Podemos em Resende (RJ). Ela afirmou que Bolsonaro será eleito presidente da República “se depender” dela.

Pouco antes, a Folha revelou que um telegrama do Itamaraty de julho de 2011 registrou que Ana Cristina afirmou então ter sido ameaçada de morte pelo ex-marido por volta de 2009 e que, por isso, ela teve que deixar o Brasil.

No vídeo, Ana Cristina não esclareceu se deu as declarações ao vice-consulado do Brasil na Noruega, conforme está escrito no telegrama de 2011. Ela afirmou no vídeo de pouco mais de um minuto: “Venho aqui muito indignada desmentir a suja Folha de S.Paulo, [que] publica que o Jair me ameaçou de morte. Nunca. Pai do meu filho, meu ex-marido, ele é muito querido por mim e por todos. Ele não tem essa índole para poder fazer tal coisa. Bom pai, bom ex-marido, foi um bom marido também. Espero que vocês acreditem que essa mídia suja só quer denegrir a imagem dele, porque ele tá em primeiro lugar nas pesquisas e assim vai ficar. Porque eu acredito que ele ganhe em primeiro turno, espero que vocês acreditem também. Então fica aqui meu recado, mídia suja, não adianta, nada vai fazer com que ele caia. Ele tá em pé, depois de tudo o que aconteceu e vai continuar, e vai chegar à Presidência, se depender de mim”.

Ideário de Bolsonaro era líquido e ficou gasoso


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Em época de campanha, pouca gente lê programas de governo. Quem lê não acredita. Se acredita, corre o risco de passar por idiota. Ainda assim, a cenografia das disputas presidenciais inclui a exposição de ideias que permitam ao eleitor fazer um juízo mínimo de valor sobre as intenções dos candidatos. Mas Jair Bolsonaro frequenta o topo das pesquisas sem que se saiba com clareza o que ele fará, por exemplo, com a economia do país.

Paulo Guedes, o ministro da Fazenda de um eventual governo Bolsonaro, tomou chá de sumiço. Desde que suas declarações sobre tributos viraram combustível para polêmicas, ele já fugiu de um debate televisivo com economistas de outras candidaturas, cancelou encontro com investidores e desmarcou sabatina num jornal. Numa hora em que o eleitor precisa de transparência, o guru econômico do capitão brinca de esconde-esconde.

Quando um candidato se torna competitivo, é até compreensível que, em meio ao tudo-ou-nada de uma disputa eleitoral, seu programa fique mais aguado. O que incomoda no caso de Bolsonaro é que, no calor da polarização, a sopa servida pelo candidato evolui do estado líquido para o gasoso. O eleitor é convidado a votar num sentimento anti-PT. Ironicamente, a petista Dilma se elegeu em 2014 dizendo coisas definitivas sem definir muito bem as coisas. Deu no que está dando.

Por Josias de Souza

terça-feira, 25 de setembro de 2018

2ª mulher de Bolsonaro disse, aponta registro do Itamaraty de 2011, que ele a ameaçou de morte; hoje, ela usa o nome do ex em disputa eleitoral



Leiam o que informam Rubens Valente e Marina Dias, na Folha:

Ex-mulher do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle afirmou ao Itamaraty em 2011 que foi ameaçada de morte por ele, o que a levou a deixar o Brasil. O relato consta de um telegrama reservado arquivado no órgão, ao qual a Folha teve acesso. Na época Bolsonaro e Ana Cristina travavam uma disputa judicial no Rio de Janeiro sobre a guarda do filho do casal, então com cerca de 12 anos.

“A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos [em 2009] ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]”, diz o telegrama.

Em outro trecho do documento, Ana Cristina disse considerar que, ao procurá-la, o vice-consulado do Brasil na Noruega “estava agindo em nome do deputado federal Jair Bolsonaro”.

O mesmo telegrama havia sido liberado à Folha pela Lei de Acesso à Informação, porém com esses e outros trechos cobertos por tarja preta. Duas fontes ouvidas pela reportagem e o então embaixador, Carlos Henrique Cardim, que assina os textos, confirmaram a íntegra dos documentos.

Atualmente Ana Cristina, ex-servidora da Câmara Municipal de Resende (RJ), usa o sobrenome “Bolsonaro” e é candidata a deputada federal pelo Podemos. Ela disse apoiar a candidatura do ex-marido ao Planalto e considerou “superado” o episódio na Noruega, apesar de ter admitido ter sido pressionada por ele à época.

Conforme a Folha revelou no domingo (23), Bolsonaro mobilizou o Itamaraty, em 2011, como deputado federal, para que o órgão intercedesse em seu favor depois que Ana Cristina viajou para a Noruega com o filho do casal.

Segundo o site do Itamaraty e resposta enviada à reportagem, o órgão não pode interferir em assuntos pessoais de brasileiros no exterior. No entanto, em 2011 localizou e manteve contato com Ana Cristina a pedido de Bolsonaro.

A afirmação dela sobre a suposta ameaça de morte consta da íntegra de um telegrama de julho de 2011 enviado a Brasília pela Embaixada Brasileira em Oslo e escrito por Cardim a partir de informações prestadas pelo vice-cônsul naquele país.

Procurado pela reportagem, o diplomata, professor do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), disse se recordar do conteúdo do documento. Ele contou que, em julho de 2011, foi acionado por escrito pelo Itamaraty, em Brasília, e também procurado por Bolsonaro, com quem conversou por telefone. Segundo Cardim, Bolsonaro estava contrariado com o fato de sua ex-mulher ter viajado, sem a sua autorização, com o filho para a Noruega.
(…)

OUTRO LADO

Procurado por meio de sua assessoria, Bolsonaro não havia se pronunciado até o fechamento desta reportagem. Ele está internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, se recuperando de um atentado a faca sofrido em Juiz de Fora (MG) no último dia 6.

Em entrevista à Folha na semana passada, Ana Cristina disse que o deputado estava equivocado porque ela não tinha a intenção de fugir com a criança, e sim passar um período de férias na Noruega porque o menino reivindicava a presença da mãe ao seu lado. Ela disse que a ligação telefônica dada pelo pessoal da Embaixada foi para seu marido norueguês, e não para ela.

“Foi uma pressão que [Bolsonaro] fez. Mas é uma questão de pai, de foro íntimo, entendeu, de família mesmo. Eu achava que ele nem deveria ter feito isso, mas se ele fez… E depois acabou tudo bem, ele tirou a ação [que corria no Rio] e ficou tudo bem. […] É coisa de pai, que eu respeito ele, porque ele tem um amor fora do comum pelos filhos”, disse Ana Cristina.

Nesta terça-feira (25), novamente procurada pela reportagem, Ana Cristina disse por mensagem de aplicativo de telefone celular que “não falou com nenhum cônsul ou vice”. Indagada se falaria com a reportagem ao telefone, ela respondeu: “Sobre este assunto não tenho nada a dizer”. Questionada se houve ameaças de morte de Bolsonaro contra ela por volta de 2009, ela respondeu que havia conversado com seu marido norueguês e ele “falou que não disse nada disso”. “Acho que vocês estão pegando pesado falando isso”, escreveu Ana Cristina.
(…)

Ex-mulher relatou ao Itamaraty ameaça de morte por Bolsonaro, diz jornal


Ana Cristina Valle e Jair Bolsonaro

Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, teria informado ao Itamaraty em 2011 que foi ameaçada de morte por Bolsonaro e por isso, em 2009, deixou o Brasil rumo à Noruega com o filho do casal, Jair Renan, então com 11 anos. A informação foi publicada nesta terça-feira 25 pelo jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso a um telegrama arquivado no órgão. À época, o casal brigava na Justiça do Rio de Janeiro pela guarda da criança.

“A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor [Jair Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país”, diz o telegrama escrito pelo então embaixador do Brasil na Noruega, Carlos Henrique Cardim, e enviado a Brasília pela Embaixada Brasileira em Oslo, capital norueguesa.

Ana Cristina Valle é candidata a deputada federal pelo Podemos no Rio de Janeiro. Ela usa o nome de Cristina Bolsonaro e apoia a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.

O jornal diz que Cardim reconheceu o documento e afirmou que fez o relato com base em informações prestadas pelo vice-cônsul brasileiro no país europeu. A Folha publicou no final de semana que Bolsonaro acionou o Itamaraty em 2011 para que localizasse Ana Cristina após sua viagem com o menor, que não teria sido autorizada pelo deputado. A prática fugiria à norma do Itamaraty de não interferir em assuntos pessoais de brasileiros no exterior.

Carlos Cardim disse ao jornal que conversou com Jair Bolsonaro à época e, depois, ouviu o relato do vice-cônsul, que havia falado por telefone com a ex-mulher do deputado.

“Foi explicada a ela a legislação do Brasil, da Noruega. E aí ela mencionou para o vice-cônsul que estava pensando em pedir asilo. E que teria dito ao vice-cônsul que sofreu uma ameaça de morte do deputado Bolsonaro. E o vice-cônsul me transmitiu isso”, afirmou Cardim à reportagem da Folha.

Ao jornal, Cardim declarou também que o documento “relata” os fatos. “Não estou aqui [no telegrama] julgando se houve ou não essa ameaça. Só estou registrando o fato que ela falou para o vice-cônsul. E ponto. Lá [embaixada] não é delegacia de polícia. Se ela quiser apresentar uma queixa, ela vai a uma delegacia de polícia no Brasil, apresenta, é outro processo, compreende?”, afirmou.

Em outro telegrama a que a Folha de S. Paulo teve acesso, Jair Bolsonaro alegou ao Itamaraty que Ana Cristina Valle conseguiu um passaporte para o filho “com base em certidão de nascimento expedida antes do reconhecimento de paternidade feito pelo deputado Bolsonaro”.

O parlamentar ainda teria sustentado que a atitude de Ana Cristina “constituiria falsidade ideológica com intuito de sequestro”. Assim, ele teria pedido a “gestão do Itamaraty para averiguar as condições em que estaria o menor”.
Outro lado

Procurado pela Folha, Jair Bolsonaro não se manifestou. Ele está internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, para se recuperar do atentado a faca que sofreu em Juiz de Fora em 6 de setembro.

Ana Cristina Valle disse à reportagem que “não falou com nenhum cônsul ou vice” e que foi seu atual marido, um norueguês, quem teve contato com a representação brasileira em Oslo. Ana Cristina afirmou ainda que ele “falou que não disse nada disso [ameaça de morte]” à Embaixada.

Veja.com

Editorial Estadão - "Senhora de seu destino"


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Uma marca da campanha eleitoral de 2018 é a placidez com que se atacam os princípios basilares da democracia sem que isto enrubesça a face dos liberticidas ou cause arrepios nos segmentos da sociedade que os apoiam. O menoscabo pelas instituições republicanas, os ataques à liberdade de imprensa e o desapreço pela atividade política dita tradicional são vocalizados, às vezes em português cristalino, por candidatos bem colocados nas pesquisas de intenção de voto.

A popularidade dessas candidaturas parece crescer – ou ao menos não chega a ser abalada – à medida que recrudescem os ataques verbais e, mais grave, as ameaças, diretas ou veladas, a tudo e a todos que estejam de alguma forma associados ao establishment político, aqui tomado em sua mais nobre acepção, qual seja: o ambiente propício à construção de compromissos em prol do bem comum. Isto implica tratar adversários como interlocutores legítimos, não inimigos a serem eliminados das lides próprias da política. Não é isso que se tem visto.

O anseio de vingança e o pendor ao autoritarismo, não raro conjugados, têm dado a tônica dos discursos dos candidatos que lideram as pesquisas e de seus porta-vozes. O despreparo absoluto para definir e conduzir os rumos da Nação é tomado como virtude em meio à derrocada de profissionais da política, fruto de uma perniciosa metonímia – não casual – que condenou o todo pelo desencaminho de partes. A História há de cobrar de alguns membros do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário a salgada fatura pela criminalização da política, indistintamente.

Soa bem o discurso da destruição aos ouvidos exaustos e indignados de muitos brasileiros fartos de sucessivos, e cada vez mais escabrosos, casos de corrupção. Tantos que a fazem parecer, erroneamente, um mal atávico de nossa identidade nacional.

Cala fundo nos corações de cidadãos que temem por suas próprias vidas e as dos seus nas grandes cidades do País o discurso da força, não só a que provém do Estado, detentor legítimo do monopólio da violência, mas sobretudo a de lideranças que buscam personificar um resgate da “ordem”, ainda que em nome disso sobrepujem as garantias do Estado de Direito que nossa Lei Maior consagra já em seu preâmbulo.

O que haverá de surgir dos escombros da chamada antipolítica – no fundo, uma falácia – não se sabe o que é; e isso não parece ter muita importância no debate eleitoral.

A Nação não poderá alegar desconhecimento ou “traição” caso triunfe nas urnas um dos projetos autocráticos e populistas que ora estão sob escrutínio público. Não haverá inocentes caso se abatam sobre o País os infortúnios que certamente hão de advir do perigoso flerte com o atraso. Na era da informação massificada, não há álibi para consciências arrependidas.

Na mesma medida, estão muito claros os enormes desafios que se apresentam diante da Nação para que o País volte a trilhar o benfazejo caminho do desenvolvimento econômico e da justiça social. Tal como as ameaças à democracia, as saídas deste labirinto no qual os brasileiros foram colocados como camundongos da nefasta experiência lulopetista, são claras também as propostas apresentadas por outros candidatos para sanear as contas públicas, retomar os investimentos e reduzir o dramático nível de desemprego.

A impopularidade desse conjunto de medidas saneadoras, no entanto, é alta. É diretamente proporcional à dimensão dos danos infligidos ao País pelos desatinos de Dilma Rousseff, que em boa hora foi apeada do poder antes que tivesse tempo de superar os limites de sua própria incompetência.

Em pouco mais de duas semanas, a sociedade brasileira será chamada a escolher entre dois caminhos possíveis: o mais difícil, o do compromisso nacional com as reformas e a responsabilidade; e o caminho fácil do populismo e do sonho irrealizável. Qualquer que seja a escolha livremente feita nas urnas, a Nação será senhora de seu destino. A ver se iremos em direção ao fortalecimento da democracia e à saúde fiscal do País ou se daremos uma guinada rumo a um passado de tristes lembranças.

Organizadora de grupo contra Bolsonaro no Facebook é agredida no Rio


Organizadora de página no Facebook contra Bolsonaro é agredida no Rio
Organizadora de página no Facebook contra Bolsonaro é agredida no Rio; Maria
  presta queixa na 37 DP, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro.

Uma das administradoras do grupo de Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro foi violentamente agredida na noite de segunda-feira, 24, quando chegava em casa, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio, por dois homens ainda não identificados. O grupo, que já reúne cerca de 3 milhões de usuárias, foi hackeado e derrubado diversas vezes por homens que se identificaram como partidários do candidato do PSL à Presidência nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, desde que foi criado, há aproximadamente um mês. Várias mulheres do grupo foram agredidas verbalmente e receberam ameaças via internet.

Identificada apenas como Maria por razões de segurança, a administradora do grupo conta que, quando chegou em casa, dois homens a aguardavam praticamente na porta. (…)

Por Roberta Jansen, no Estadão.

Elenão



Chegou bufão raivoso, dedos apontados em posição de tiro, para ninguém duvidar que veio no papel de pitbull, criado em cativeiro de caserna. Até na coleira mete medo.

Assim do nada, Elenão entrou na roda e foi despejando. O nome no aumentativo não é porque seja grande, mas porque é bruto. Sem H porque H é coisa de homo, que ele divide em viado (assim como i mesmo) e sapatão.

Diz que entre amigos, mais à vontade, simplifica para invertidos, palavra que reúne todas as variáveis da categoria homo.

Deixa claro, pudesse, desenvertia todos na surra. Se o coro não resolvesse, metia bala que é como macho decide as coisas. Isso aprendeu pequeno e segue ensinando aos menininhos de cinco anos – idade ideal para aprender a apontar e atirar no alvo certo: gente.

Direitos humanos? A vá! Coisa de comunista safado, elemento desajustado, criado por mãe e avó.

Pela prosa, parece, o Elenão não teve – ou tem – nem uma nem outra dessas (11,6 milhões de mulheres) que chefiam famílias no Brasil. Foi criado só por machos: pai e avô. Supõem os ouvintes.

Alguém lembra, vez por outra, papai e vovô podem ser exemplares dos tais que fazem filhos e largam pra mãe criar. Ou dos negros e pobres que, Brasil afora, morrem nas balas certeiras de tropas leais ao Elenão e deixam órfãos no colo de mamãe e vovó.

Elenão se irrita. Rosna. Ele é macho alfa. Raiz. Espada. Explica que mesmo filha mulher só fez quando fraquejou. Coisa que acontece até em famílias normais – mãe mulher, pai homem, justifica pra roda.

Quando usou duas casas, uma delas ficava reservada para “comer gente”. Elegância não é o forte do varonil que ali faz foco nas fêmeas. Odeia feministas. Que fique claro. Sonha mesmo é devolvê-las todas ao lar, sob o comando de um chefe, macho. De preferência, sem salário. Ou, se for inevitável, que seja obrigatoriamente menor do que dos homens.

As mulheres feias, reitera pra não deixar dúvidas, não merecem nem estrupo. Jornalistas são imbecis.

Elenão é adepto do game pesado, sangrento. É da sua natureza, explica.

Tem saudades da ditadura e dos seus torturadores. Lamenta não terem finalizado o “sirviço” – acabar com a corja esquerdista. Deram mole. Sonha fazer do Brasil um grande quartel. Linha dura. Só de diabos – com ou sem chifres.

Tudo posto, cola na mão, Elenão alivia. Propõe brincadeira de advinha. De que game ele saiu?

Do clássico Carmageddon? Dead Space? Sniper Elite 3? Mortal Combat? GTA? Manhunt? Splatterhouse? Varre, varre, vassourinha? Caçador de Marajás?

Sem ouvir resposta, faz mira com os indicadores e sai da roda. Vai procurar sua turma. No game.

Qual game?

Tânia Fusco é jornalista, mineira, observadora, curiosa, risonha e palpiteira, mãe de três filhos, avó de três netos. Vive em Brasília. Às terças escreve sobre comportamentos e coisinhas do cotidiano – relevantes ou nem tanto

Pela sexta vez, Marta é eleita a melhor jogadora de futebol do mundo



A brasileira Marta Vieira da Silva, 32, conquistou nesta segunda-feira (24) o prêmio de melhor jogadora de futebol do mundo pela Fifa. É o sexto prêmio da atleta nascida em Dois Riachos, no Sertão de Alagoas, que havia faturado a condecoração de forma consecutiva de 2006 a 2010.

A jogadora Marta, que conheceu o futebol no leito seco de um rio, é também a primeira estrela do futebol mundial a conquistar seis vezes o prêmio. Entre os homens, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo estão empatados com cinco troféus cada um.

Marta superou a norueguesa Ada Hegerberg e a alemã Dzsenifer Marozsan. Ambas foram campeãs da liga francesa e da Champions League feminina com o Lyon (FRA). Hegerberg, inclusive, foi a artilheira do torneio continental.

A temporada que levou a brasileira à condição de melhor atleta do mundo novamente teve ela como capitã e protagonista do título da seleção brasileira na Copa América.

Além disso, Marta foi importante na campanha do Orlando Pride (EUA) aos playoffs em 2017. Em sua temporada de estreia na liga norte-americana, marcou 13 gols e deu seis assistências.

Veja o que Marta falou ao receber a premiação, no vídeo transmitido pela Fifa TV:


Contando com a temporada 2018 pelo clube, a meia-atacante já tem 17 gols e 11 assistências com a camisa do Orlando. (Folhapress)

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Ministério Público de SP decide abrir mais um procedimento contra Alckmin na boca da urna. A celeridade da decisão deixa rastro suspeito



Na Folha:

“O Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou nesta segunda (24) um inquérito contra o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para apurar as denúncias feitas pela Folha sobre supostas irregularidades nos dois decretos que levaram a desapropriações de terrenos envolvendo familiares do ex-governador de SP, informa Bruna Narcizo.

De acordo com a reportagem, Alckmin realizou duas desapropriações em 2013 e 2014 que atingiram propriedades de Othon Cesar ribeiro, sobrinho do tucano. Eles teriam recebido ao menos R$ 3,8 milhões. 

O promotor Marcelo Milani pediu a abertura da investigação e deu um prazo de 20 dias para que Alckmin, o sobrinho e a concessionária se manifestem sobre as acusações. ​

Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou, por meio de sua assessoria, que não interferiu no traçado do contorno de São Roque e que é “descabida e ofende o bom senso” a ideia de que o processo de desapropriação foi conduzido “apenas para beneficiar parentes do ex-governador”.
(…)

Comento

É claro que os órgãos do Estado que respondem pela lisuras dos atos públicos não têm de entrar em férias em período eleitoral. Mas há, por óbvio, a razoabilidade das coisas. E o que faz o Ministério Público Estadual não é razoável.

Como resta claro, não se trata de julgar ou não uma ação, de punir ou não uma falta. Trata-se apenas de um ato de investigação. Que poderá concluir que nada houve de errado.

Que fique claro: o roubar pouco ou o roubar muito, do ponto de vista dos princípios, se igualam. E não serei eu a dizer o contrário. Mas também e preciso que se constate: um governador de São Paulo lida com operações que remontam a muitos bilhões de reais. É lícito inferir que, se Alckmin quisesse meter a mão da grana, disporia de outros meios e de operações, digamos, bem mais difíceis de mapear.

Nem o mais aguerrido adversário do candidato do PSDB à Presidência o acusa de ser pessoalmente desonesto.

“E não se vai investigar por isso?”

Não! Que se investigue o que tiver de ser investigado. Mas é evidente que a abertura do inquérito, agora, cria um fato eleitoral. Não é uma questão de gosto, não. Entre a reportagem e a abertura do inquérito, passaram-se apenas oito dias. Tanta celeridade assim, convenham, é mesmo inusitada. Fica a impressão de que se busca criar um fato na boca da urna.

Estamos a duas semanas do primeiro turno da eleição — no próximo dia 7 — e a praticamente um mês do segundo, no dia 28 de outubro. Será que um mês faria tanta diferença na simples instauração de um inquérito, que é um procedimento preliminar de investigação?

A resposta é “não”.

“Ah, mas vai que ele se eleja…” Ora, isso vai longe. Não haverá solução nenhuma até o fechamento das urnas. Se o tucano se tornar presidente da República, as investigações anteriores ao exercício do mandato terão de ser congeladas, aguardando o fim do mandato. Mas a investigação não desaparece.

De qualquer modo, quem fizesse tal pergunta estaria admitindo que se trata, então, de um procedimento que tem caro viés eleitoral.

E, convenham, não seria a primeira vez a se constatar algo dessa natureza, não é mesmo? Há um procedimento aberto do Conselho Nacional do Ministério Público sobre ações que são propostas por promotores com o possível intuito de interferir nas eleições.

Órgãos de investigação do Estado não podem se prestar a esse papel. Ou acabam se confundindo com militância político-partidária.

Não! O inquérito não vai se mover um milímetro até o dia 7 ou até o dia 28 do mês seguinte. Logo, do ponto de vista do rigor investigativo, tanto faz abrir agora ou depois da eleição. É isso que deixa a óbvia suspeita de que se trata de uma ação industriada.

Por  Reinaldo Azevedo

Rejeição de Bolsonaro salta para 46% - Nas intenções de voto ele estaciona e Haddad sobe



O Ibope divulgou nesta segunda-feira (24) o resultado da mais recente pesquisa de intenção de voto na eleição presidencial. A pesquisa ouviu 2.506 eleitores entre sábado (22) e domingo (23).

O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem a realidade, considerando a margem de erro, que é de 2 pontos, para mais ou para menos.

Os resultados foram os seguintes:

Jair Bolsonaro (PSL): 28%

Fernando Haddad (PT): 22%

Ciro Gomes (PDT): 11%

Geraldo Alckmin (PSDB): 8%

Marina Silva (Rede): 5%

João Amoêdo (Novo): 3%

Alvaro Dias (Podemos): 2%

Henrique Meirelles (MDB): 2%

Guilherme Boulos (PSOL): 1%

Cabo Daciolo (Patriota): 0%

Vera Lúcia (PSTU): 0%

João Goulart Filho (PPL): 0%

Eymael (DC): 0%

Branco/nulos: 12%

Não sabe/não respondeu: 6%

Rejeição

O Instituto também perguntou: "Dentre estes candidatos a Presidente da República, em qual o (a) sr. (a) não votaria de jeito nenhum? Mais algum? Algum outro?".

Neste levantamento, portanto, os entrevistados podem citar mais de um candidato. Por isso, os resultados somam mais de 100%.

Os resultados foram:
Bolsonaro: 46%
Haddad: 30%
Marina: 25%
Alckmin: 20%
Ciro: 18%
Meirelles: 11%
Cabo Daciolo: 11%
Eymael: 11%
Boulos: 11%
Vera: 10%
Alvaro Dias: 9%
Amoêdo: 9%
João Goulart Filho: 9%
Poderia votar em todos: 2%
Não sabe/não respondeu: 7%

Simulações de segundo turno

Haddad 43% x 37% Bolsonaro (branco/nulo: 15%; não sabe: 4%)

Ciro 46% x 35% Bolsonaro (branco/nulo: 15%; não sabe: 4%)

Alckmin 41% x 36% Bolsonaro (branco/nulo: 20%; não sabe: 4%)

Bolsonaro 39% x 39% Marina (branco/nulo: 19%; não sabe: 4%)

Sobre a pesquisa

Margem de erro: 2 pontos percentuais para mais ou para menos

Entrevistados: 2.506 eleitores em 178 municípios

Quando a pesquisa foi feita: 22 e 23 de setembro

Registro no TSE: BR-06630/2018

Nível de confiança: 95%

Contratantes da pesquisa: TV Globo e "O Estado de S.Paulo"