sábado, 31 de agosto de 2019

Bolsonaro diz não tem ‘nenhum compromisso’ com Moro no STF



O presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em dúvida, neste sábado, 31, a possibilidade de indicar o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), e acenou para outro auxiliar cotado, o advogado-geral da União, André Mendonça. Até o fim de seu mandato, o presidente terá ao menos duas vagas na Corte para preencher.

“Não existe nenhum compromisso meu com Moro”, afirmou o presidente, em almoço no quartel-general do Exército, em Brasília. “Tem que ver. Como o Senado avaliaria ele hoje?”, questionou. Também neste sábado, Bolsonaro disse que o ex-juiz federal é “ingênuo” e que lhe falta “malícia”. As declarações ocorrem no momento em que Moro passa por um processo de fritura no governo.

O presidente participou de um churrasco no quartel-general do Exército, em Brasília. Pouco depois de entrar, o presidente mandou os seguranças convidarem um grupo de jornalistas e motoristas da imprensa que o esperavam na porta para participar do evento. Ele conversou por cerca de uma hora e meia com seis jornalistas.

Enquanto diz não ter compromisso em indicar Moro ao STF, Bolsonaro tem dito que pretende reservar uma das vagas a alguém “terrivelmente evangélico”. Questionado durante o almoço se este nome seria o do AGU, André Mendonça, que é reverendo da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, o presidente disse que o auxiliar é “terrivelmente supremável”. Outro nome sempre lembrado para a vaga é o do juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, que também é evangélico.

A indicação de ministros do Supremo é uma atribuição do presidente da República, que depois precisa ser aprovada pelo Senado, após a realização de uma sabatina.

Em maio, em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolsonaro chegou a afirmar que, ao convidar Moro para integrar sua equipe de ministros, comprometeu-se a indicá-lo para a primeira vaga que fosse aberta no STF. Dias depois, porém, voltou atrás e disse que não houve um acordo, mas sim que gostaria de alguém com o perfil do ex-juiz da Lava Jato na Corte. O ministro também sempre negou que houvesse qualquer compromisso.

O primeiro ministro do Supremo que deve deixar a corte é o decano Celso de Mello, que completa 75 anos – a idade de aposentadoria obrigatória – em novembro de 2020. A segunda vaga no STF deve ficar disponível com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em julho de 2021.

Na Veja (Com Estadão Conteúdo)

Método!


Reunião de Eduardo e Araújo com Trump foi só mais um mico diplomático


Eduardo Bolsonaro e Ernesto Araújo depois de encontro
 micado com Donald Trump. O que eles tinham a
falar sobre a reunião? Nada! (Foto: Mandel Ngan/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro e seu governo estão se tornando a caricatura que a esquerda sempre fez da submissão da direita brasileira aos EUA. O troço é bastante constrangedor. O antiamericanismo, com efeito, já foi uma das expressões do irracionalismo da nossa política. Agora nós temos a contraface: o americanismo se mostra a expressão do infantilismo. 

Em meio à grita mundial contra a devastação da Amazônia, Bolsonaro escreveu no Twitter: 
"Nunca Brasil e EUA estiveram tão alinhados. A coordenação com o Presidente americano foi essencial para a defesa da soberania brasileira na Amazônia, por ocasião do encontro do G-7, o que demonstra nossa relação cada vez mais sólida de amizade e respeito"

Explicava a ida do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), possível indicado para a embaixada do Brasil em Washington, e de Ernesto Araújo, chanceler, para um encontro com Donald Trump nesta sexta. 

A dupla esteve na Casa Branca. Que tipo de conversa os dois mantiveram com Trump? Não dá para saber. O certo é que inventaram uma nova categoria das relações internacionais: a reunião simbólica. 

O que isso significa? 

Na saída, nem um nem outro tinham algo a dizer. Eduardo se negou a dar entrevista em inglês à imprensa internacional. Deixou para Araújo. Falou apenas com repórteres brasileiros. Em português.

Bolsonaro havia anunciado "novidades" decorrentes do encontro. Não veio nada. 

Coube a um desenxabido Araújo esta tentativa de explicação, segundo leio na Folha: 
"Não tínhamos expectativas de sair daqui com nada, mas achamos extremamente significativo que o presidente Trump tenha nos recebido". 

Considerando o que se anunciou e o que se disse como resultado da reunião, eu diria que foi mesmo "muito significativo".

TREINAMENTO MILITAR? 

Escreve a Folha: 
"O deputado disse que o americano aceitou nossa proposta de trabalhar conjuntamente para desenvolver de forma sustentável a Amazônia. Acordos de livre comércio e de treinamento militar conjunto também foram falados."

Treinamento militar onde? Na Amazônia? 

Militares estrangeiros, americanos ou não, não põem os pés na Amazônia brasileira. Esse sempre foi um ponto de honra para as nossas Forças Armadas. Vai mudar a escrita agora?

Eduardo ainda afirmou: 
"Não podemos aceitar, no Brasil, Macron falando e atentando contra nossa soberania nacional, depois querer fazer algum tipo de ajuda, porque não é uma ajuda que vem de bom coração. Isso é um desrespeito aos brasileiros, seria subjugar nossa brasilidade aceitar esse tipo de ajuda". 

Que coisa, né? 

Ali estavam o chanceler que, durante a fase mais aguda da crise na Venezuela, sugeriu abrir um corredor em plena Amazônia para a eventual passagem de tropas americanas para intervir naquele país. Com o apoio de Eduardo.

Os militares brasileiros, incluindo o vice, Hamilton Mourão, botaram ordem na bagunça e atentaram para a estupidez da proposta. 

Parece que as considerações de Eduardo e Araújo sobre soberania são bastante elásticas. 

É… O Exército Brasileiro resolveu dar folga à tropa às segundas por falta de recursos. Será a que dupla foi a Trump para pedir alguns soldados de empréstimo? 

Saldo da viagem? Desperdício de algum dinheiro. E só. Tempo, com efeito, eles não perderam. Eis uma coisa que os dois têm de sobra…

Por Reinaldo Azevedo

Bolsonaro volta a avacalhar o conceito de indulto


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PM flagrado executando homem caído. Aconteceu no Rio de Janeiro

No Brasil, até o nobre conceito do indulto está sendo avacalhado. Nas últimas três décadas, todos os presidentes submetidos à Constituição de 1988 exercitaram seus pendores humanitários por meio do indulto de Natal. Mas há um limite depois do qual uma tradição pode se transformar em maldição. Em 2017, o que parecia natural virou imoral. O então presidente Michel Temer estendeu o indulto aos presos por corrupção. Agora, Jair Bolsonaro quer perdoar policiais condenados.

O indulto de Temer levou a suavização do castigo às fronteiras do escárnio, perdoando 80% das penas e 100% das multas. A Procuradoria-Geral da República recorreu na época. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, levou o pé à porta, atenuando o absurdo por meio de uma liminar. Mas Temer acabou prevalecendo no plenário da Suprema Corte. Ficou entendido que o indulto é um ato discricionário do presidente. Ou seja: no limite, Bolsonaro pode fazer agora o que lhe der na telha.

Na campanha presidencial, Bolsonaro disse que o petista Fernando Haddad, se eleito, decretaria um indulto seletivo, só para abrir a cela de Lula, um malfeitor da política. Agora, o capitão ameaça recorrer à mesma seletividade para livrar da tranca os bandidos da polícia —civis e militares. Gente condenada, segundo ele, "por pressão da mídia".

Pela tradição, o indulto só pode beneficiar criminosos "não-violentos". Sob Temer, alegou-se que corrupção não é crime violento. Uma bobagem. Ao roubar verbas públicas, o corrupto mata metaforicamente nas macas dos hospitais sem recursos. Mata o futuro de crianças matriculadas em escolas precárias. Bolsonaro será ainda mais explícito. Promete soltar gente que puxou o gatilho.

Embraer avalia criar um novo jato comercial de 50 lugares para atender EUA



A Embraer estuda criar um novo jato comercial de 50 lugares para atender demanda de mercado na aviação regional, especialmente nos Estados Unidos.

A informação foi confirmada por Victor Vieira, diretor de estratégia de mercado da Embraer, durante a Cúpula de Previsão de Aviação Internacional do Boyd Group, realizada na última terça-feira.

"Há uma oportunidade no setor. Atualmente, faz sentido ter um novo avião de 50 lugares", disse ele, segundo o portal de notícias FlightGlobal, na conferência das companhias aéreas.

Na ocasião, as empresas debateram a demanda por novos jatos comerciais de 50 assentos e a dinâmica do mercado, que ainda deixa as fabricantes na incerteza de se comprometerem.

Ainda segundo o portal, o executivo-chefe da norte-americana SkyWest, Chip Childs, disse que quer um novo modelo de 50 lugares para substituir os antigos Bombardier CRJ200 e Embraer ERJ.

O executivo afirmou que as principais companhias aéreas clientes da SkyWest, como American Airlines, Delta Air Lines e United Airlines, todas americanas, pretendem manter a frota de 50 passageiros em operação no futuro previsível.

"Temos cerca de 200 deles agora. Sabemos que podemos voar com 150 deles por um tempo muito, muito longo. Ainda há boa demanda por 50 lugares", disse Childs à FlightGlobal.

FROTA.

Atualmente, companhias aéreas operam cerca de 1.100 jatos na categoria de 50 assentos no mundo, quase todos CRJs (Bombardier) e ERJs (Embraer). As transportadoras americanas operam cerca de 700 jatos, muitos deles com mais de 20 anos.

Com isso, o debate sobre o destino desses aviões torna-se mais urgente a cada ano, à medida que a frota se aproxima da aposentadoria, e não há substitutos no mercado.

INCERTEZAS.

O diretor da Embraer disse que, embora haja a oportunidade, a empresa ainda vê o caso com alguma incerteza. Ele questiona se as operadoras americanas não preferirão substituir a frota de 50 passageiros por aeronaves maiores.

A questão está em aberto por causa de cláusulas em negociações das companhias aéreas americanas com pilotos, que especificam o número de jatos regionais por quantidade de assentos. Alterações nesses contratos abririam espaço para os novos jatos comerciais da Embraer, os E-Jets E2.

"Valerá a pena do ponto de vista econômico? Esse é o ponto", disse Vieira sobre desenvolver um novo modelo de 50 lugares. "Tem que haver um bom negócio para justificar".

Para o mercado, a Embraer parece ser a fabricante mais capaz de empreender tal projeto, ainda que a venda da maior parte da aviação comercial para a Boeing traga incertezas quanto ao futuro.

Principal concorrente da brasileira no mercado de jatos regionais, a canadense Bombardier praticamente saiu da aviação comercial após a venda do setor para a Airbus.

Outra concorrente, a Mitsubishi, está ocupada com o desenvolvimento de seu jato regional SpaceJet..

Com terror e filiações em massa, PCC tenta dominar cadeias no Paraguai



Bandidos organizados controlam atividades como o tráfico de drogas e dominam os presídios, ordenando de tempos em tempos massacres de outras facções, em uma escalada de crueldade cada vez maior. Parece o Brasil, mas é o Paraguai, país-chave no tabuleiro do tráfico de drogas, para onde o Primeiro Comando da Capital (PCC) estendeu seus braços nos últimos tempos.

Em uma das confusões mais recentes provocadas pelo grupo no país vizinho, dez detentos acabaram mortos em 16 de junho na cadeia de San Pedro de Ycuamandiyú, a 250 quilômetros da fronteira com Mato Grosso do Sul. Cinco foram decapitados e três tiveram o corpo queimado. Execuções do tipo, dignas de filmes de terror, representavam uma novidade por lá — até a chegada dos criminosos brasileiros com seus métodos. Em 14 de agosto, o Ministério Público paraguaio concluiu que 28 membros do PCC haviam planejado a carnificina. “Eles queriam mandar uma mensagem clara de demonstração de força para uma gangue rival”, disse a VEJA a procuradora Alicia Sapriza, que integra uma força-tarefa contra o crime organizado no país.

Investigações do Ministério Público paraguaio mostram que o PCC está fazendo uma campanha agressiva de filiação em presídios do país vizinho. Dos 28 denunciados pelo MP, apenas cinco eram brasileiros. Folhas de papel encontradas nas celas de San Pedro obtidas por VEJA mostram anotações com a contagem de “irmãos” e planos de expansão. Em aplicativos de mensagem, a procuradoria descobriu até uma versão do estatuto do PCC em espanhol, que prega “la unión” de todos os presos contra o “sistema opressor”.

Na Veja.com

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Capitão provoca a febre e reclama do termômetro



Chefe da maior fábrica de crises do Brasil, instalada no Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro especializou-se na produção de instabilidade política. Fornece ao mercado uma insegurança que desestimula investimentos e retarda a recuperação da economia. Nesta sexta-feira, o presidente queixou-se da forma como os jornais noticiaram o crescimento econômico miúdo (0,4%) do segundo trimestre.

Responsável pela febre que retarda a saída da crise, Bolsonaro implicou com o termômetro. Insinuou que os editores de Folha, Estadão e Globo formaram um conciliábulo para injetar pessimismo nas machetes: "Tudo combinado", disse o presidente aos repórteres, na saída do Alvorada. "O editor tem de aprender. Pelo menos não combina, pega mal. Não tem o que falar, não tem o que criticar. É obrigado a criticar. Então, tem o 'mas'."

Perguntou-se a Bolsonaro se ele considera que o pulinho de 0,4% registrado pelo IBGE no segundo trimestre é um crescimento acelerado. O capitão deu o braço a torcer: "Não é rápido. É lógico que é lento, a economia é igual a um transatlântico. Até na nossa casa, quando o pessoal está endividado aí, é devagar. É complicado recuperar".

O que espanta é a capacidade de Bolsonaro de criar do nada as crises que tornam mais lento o que já caminha devagar. A visão turva impede o presidente de enxergar o óbvio: a imprensa não é sócia da fábrica de crises do Planalto. Apenas leva às gôndolas a mercadoria que o governo fornece. Se, de repente, por milagre, o Planalto começar a produzir serenidade, as manchetes mudarão de assunto instantaneamente. Sem a necessidade de combinações.


Soberania!


Filhos de Januário, pais de Bolsonaro



Vários grupos do Telegram, nos quais procuradores da República comemoravam o funeral do Estado de Direito e debochavam dos funerais de parentes de Lula, chamavam-se “Filhos de Januário”.

Filhos de Januário, sim, mas pais de Jair Bolsonaro. No momento, essa família moral está em litígio. Seus integrantes disputam a primazia do Estado policial. Deixo este fio aqui para ser retomado mais tarde. Preciso ir ao Supremo.

O pleno do tribunal acabará decidindo que destino terá um fundamento da Constituição que é pilar das democracias na preservação dos direitos individuais em face da pretensão punitiva do Estado.

Refiro-me ao Inciso LV do Artigo 5º da Constituição: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Com base nesse fundamento, a Segunda Turma da Corte, por 3 votos a 1, anulou a condenação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras, e devolveu o processo para a primeira instância.

Aproveito para saudar o reencontro com uma Cármen Lúcia comprometida com os direitos fundamentais e com o devido processo legal. Também votaram com a Constituição Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.

É incrível! A dita Carta Magna estava sendo violada a céu aberto, e não nos dávamos conta.

Como era possível que um réu delator e um réu delatado entregassem ao mesmo tempo suas alegações finais quando o primeiro está a fornecer elementos contra o segundo, sem que este tenha chance de se defender das acusações?

Vivemos um tempo sob a névoa do que pretendia ser uma nova era, como a definiu Musil em “O Homem Sem Qualidades”: havia “ruindade demais misturada ao que era bom, engano demais na verdade, flexibilidade demais nos significados”.

Um réu delator não vira membro do órgão acusador, é verdade, mas passa a trabalhar em favor de sua causa. Não raro, o processo só existe porque existe a figura deste que é chamado também “colaborador”.

De fato, nem o Código de Processo Penal nem a lei 12.850 preveem que o delatado tenha acesso às alegações finais do delator para, então, entregar a sua defesa.

Ao apelar à inexistência de prescrição legal para recusar o habeas corpus, Edson Fachin maximiza o que duas leis menores não dizem para ignorar o que a Lei Maior diz.

Até o voto de Fachin, eu já tinha visto centenas de vezes ministros a declarar inconstitucional uma lei. Mas é a primeira vez que vejo um membro da Suprema Corte a declarar ilegal a Constituição.

A anulação de processos em que houve violação do princípio do contraditório e da ampla defesa já está a ser tratada por aí como uma vitória dos corruptos e da corrupção. É mesmo?

É uma falsa questão. As punições podem e devem se dar dentro dos marcos legais. Temos de decidir se a Lava Jato se subordina à Constituição ou se a Constituição se subordina à Lava Jato.

Num caso, temos futuro; no outro, só o caos está à espreita porque não mais dependeríamos de instituições, mas de voluntariosos que se arvoram em demiurgos do país.

Retomo o fio lá do começo. Para os “Filhos de Januário e Pais de Bolsonaro”, a decisão da Segunda Turma, em tema que será apreciado pelo pleno, é mais um evento de um grande complô contra a Lava Jato.

E, desta feita, vejam que coisa!, o próprio presidente teria se unido aos inimigos da operação para salvar Flávio Bolsonaro. É o que alardeia Carlos Fernando, ex-membro da Lava Jato.

Bolsonaristas e lava-jatistas têm entendimentos distintos sobre a hierarquia do Estado policial. A questão: os órgãos de investigação do Estado se submetem a Bolsonaro, ou ele vira refém daqueles que ajudaram a elegê-lo, o que inclui Sergio Moro, o ministro que quer degluti-lo?

Carlos Fernando agora usa Flávio como isca para tentar atrair o apoio das várias vertentes do antibolsonarismo. É pouco provável que mordam a isca.

A prioridade dos que se alinham com a defesa da ordem democrática é recuperar os fundamentos do Estado de Direito, que os “filhos de Januário e pais de Bolsonaro” mergulharam na lama.

Por Reinaldo Azevedo

Indústria da tolice é a única que cresce com vigor


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Num cenário em que as previsões apontavam para o risco de uma recessão técnica, com dois trimestres consecutivos de PIB negativo, o crescimento de 0,4% no segundo trimestre reduz a taxa de desespero do brasileiro. Os dados do IBGE trazem, aqui e ali, alguns sinais alentadores. Por exemplo: uma lenta recuperação de setores como o da construção civil e a indústria. Mas vale a pena ecoar as palavras do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, um técnico sempre muito realista. "Não dá para soltar fogos", ele disse.

Do mesmo modo, é preciso realçar que há coisas boas acontecendo no Brasil. As reformas econômicas avançam no Congresso. E existe um pedaço da Esplanada dos Ministérios que carrega o piano do governo. Nesse núcleo, suam blusas e paletós ministros como Paulo Guedes, da Economia, Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, e Tereza Cristina, da Agricultura. São personagens que ajudam a impedir que o ruim se torne ainda pior.

Por último, nenhuma análise da conjuntura econômica seria completa se não levasse em conta o papel desempenhado por Jair Bolsonaro. Quando Bolsonaro tomou posse, projetavam-se taxas de crescimento acima de 2% para 2019. Hoje, a despeito do soluço do PIB no segundo trimestre, as previsões para o ano continuam rodando nas cercanias de 1%. Coisa ridícula. O único empreendimento que cresce vigorosamente no país é a usina de crises do Palácio do Planalto.

Em alguma medida, as crises tolas que o presidemte fabrica em escala industrial contribuem para retardar a recuperação dos indicadores econômicos, entre eles os índices de desemprego. A demora custa caro. A economia mundial se deteriorou antes que o Brasil conseguisse exibir uma recuperação pujante. A insegurança que trava os investimentos diminuiria no país se, de repente, por milagre, baixasse no cérebro do presidente um surto de ridículo que o levasse a fechar a fábrica de tolices.

Por Josias de Souza

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Guia do terraplanista ambiental


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O terraplanista ambiental não acredita no aquecimento global. Em maio, ele foi a Roma e precisou tirar o sobretudo do fundo da mala. Assim percebeu que os estudos científicos estavam todos errados. Eram parte de uma conspiração politicamente correta para enganá-lo.

Para o terraplanista ambiental, as mudanças climáticas não passam de uma falácia. Foram inventadas por ideólogos do marxismo cultural, que dominam as Nações Unidas, as ONGs e a fundação do George Soros.

O terraplanista ambiental não acredita nas universidades, velhos redutos de esquerdopatas, maconheiros e viúvas do Fidel. Ele também não lê jornais e duvida de tudo o que sai na imprensa. Prefere se informar pelo WhatsApp e pelo curso on-line do professor Olavo.

Nem as imagens das queimadas convenceram o terraplanista ambiental de que a Amazônia está em risco. Ele viu no Facebook que as fotos são manipuladas e que os satélites do Inpe foram programados pela Venezuela. Na verdade, as árvores nunca estiveram tão verdes e saudáveis. Quem insiste em dizer o contrário só pode ter sido doutrinado pelo método Paulo Freire.

O terraplanista ambiental está esperando a próxima passeata para vestir sua camisa amarela e bradar contra a indústria das demarcações. Ele leu no grupo da família que os índios não falam a nossa língua, mas são bilionários e controlam 14% do nosso território. Estão atrapalhando o país, assim como os quilombolas, os fiscais do Ibama e o pessoal do Bolsa Família.

O fim do Fundo Amazônia não comoveu o terraplanista ambiental. Ele já sabe que a Noruega mata baleias, que o Macron é de esquerda (também, com aquela mulher ...) e que a Merkel é uma comunista infiltrada na direita alemã. Os europeus são assim mesmo: se fingem de bonzinhos, mas só querem tomar o nosso nióbio.

O terraplanista ambiental é esperto. Não entra na onda de militontos que nunca plantaram um pé de alface e agora querem defender a Amazônia. Quem cai nessa conversa deve acreditar em qualquer coisa: que a Terra é redonda, que o homem pisou na Lua, que o presidente anda mentindo para a população. É gente subversiva, antipatriótica, que só sabe torcer contra o Brasil.

Por Bernardo Mello Franco

Superverde!


Auditoria do TCU identifica mais de 1 milhão de possíveis fraudes no INSS e Bolsa Família


Cartão do Bolsa Família. Foto: Agência Brasil/EBC

Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) detectou chocantes 1 milhão de fraudes contra o Tesouro Nacional, por meio de pagamentos ilegais de aposentadorias, Bolsa Família, seguros desemprego e outros benefícios obtidos fraudulentamente. É uma espécie de quadrilhão de 1 milhão de brasileiros que recebem benefícios do INSS acima do teto, sócios de empresas ricas roubando Bolsa Família, paga a pessoas com renda superior à permitida e até seguro desemprego pago a mortos.

O relatório aponta 660 mil benefícios suspeitos com número de registro inválido ou ausente, além de indícios de pagamentos acima do teto.

Cerca de 34 mil benefícios possuem indícios de acumulação ilegal e outros 25 mil têm “erros graves” como números de registro idênticos.

Apenas com seguros desemprego para quem já arrumou trabalho, os pagamentos irregulares em 2018 chegaram a R$89,8 milhões.

O paciente TCU deu prazo de 2 meses a 1 ano para o INSS mostrar como fará para solucionar as múltiplas fraudes detectadas na auditoria.

Diário do Poder

Bolsonaro denunciado no Tribunal de Haia


Bolsonaro denunciado no Tribunal de Haia

Agora o presidente pode ter de responder em corte internacional. Um grupo de advogados de direitos humanos e internacional vai entrar com uma denúncia contra o presidente Bolsonaro por crime ambiental e contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. A alegação é que o mandatário demorou a acionar uma operação de combate aos incêndios da Amazônia. “Estudamos o caso e vemos que os danos ocorridos neste ano na Amazônia podem ser vistos como consequência de declarações irresponsáveis de Bolsonaro, assim como o desmonte de órgãos ambientais”, disse a advogada Eloisa Machado em entrevista ao canal alemão Deutsche Welle, que noticiou o possível processo. Será fato sem precedentes para um chefe de Estado brasileiro.

Na ISTOÉ

População do Vale do Paraíba atinge 2,55 milhões de habitantes, diz balanço do IBGE


O crescimento absoluto da população em um ano foi 1.652.225 pessoas
Foto: WILSON DIAS-ABR

A RMVale ganhou 24.265 novos moradores em um ano e ultrapassou, pela primeira vez na história, a barreira de 2,55 milhões de habitantes em julho deste ano. A estimativa da população foi divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O Vale do Paraíba é a 12ª região mais populosa do país, em um grupo de 26 regiões metropolitanas. Está à frente de regiões como Goiânia, Belém, Grande Vitória, Natal, Maceió, João Pessoa, Teresina e Florianópolis.

Essa lista é encabeçada pela Grande São Paulo, com 21,7 milhões de habitantes, seguida pela RM do Rio de Janeiro (12,8 milhões) e pela RM de Belo Horizonte (6 milhões).

As estimativas populacionais servem para cálculo de indicadores econômicos e sociodemográficos e são usadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no cálculo do FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

EVOLUÇÃO.

Os números mostram que a população da RMVale cresceu 1% em um ano e 12,72% desde 2010, ano do último censo do IBGE, quando tinha 2,26 milhões de moradores.

Em um intervalo de nove anos, a região ganhou 288 mil habitantes e cresceu acima das taxas de crescimento do estado de São Paulo e a do país, respectivamente de 10% e 9%, no mesmo período.

De acordo com as estatísticas do IBGE, estima-se que o Brasil tenha 210,1 milhões de habitantes e o estado de São Paulo 45,9 milhões de habitantes em julho deste ano, concentrando 21,9% da população do país.

CIDADES.

Dos 17 municípios com população superior a um milhão, 14 são capitais estaduais. Eles concentram 21,9% da população do país. São Paulo é o mais populoso, com 12,25 milhões de habitantes.

Excluindo-se as capitais, 25 municípios brasileiros possuem mais de 500 mil habitantes. São José dos Campos é a sétima cidade nesta lista, com 721,9 mil habitantes. A cidade cresceu 1,1% ante 2018.

Para Vitão, cidades têm 'dificuldade de oferecer o básico' com crescimento

Para o prefeito de Paraibuna e presidente do conselho da RMVale, Victor de Cássio Miranda, o Vitão (PSDB), o aumento da expectativa de vida e da migração explicam o crescimento da população na região, que ganhou o equivalente a uma cidade de Potim em um ano, com mais 24 mil habitantes. "Com isso, os desafios tem se tornado ainda maiores aos gestores públicos, principalmente em relação à educação, saúde e à segurança pública". Segundo ele, as cidades também identificaram aumento de atendimentos particulares para a rede pública de saúde, exigindo "aumento significativo dos investimentos municipais". "A falta de recursos é fato muito importante, com dificuldade de oferecer o básico".

Após ameaça de Bolsonaro, Moro diz que diretor da PF fica no cargo


Foto: montagem/Paraibaonline
Ministro Sérgio Moro e o diretor Mauricio Veleixo

O ministro Sergio Moro (Justiça) afirmou à GloboNews que o diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo, permanece no cargo e tem a sua confiança. 

Questionado em seguida se há chance de Valeixo deixar o cargo, o ministro respondeu: "Veja, como eu tenho as várias funções aqui do Ministério da Justiça, as coisas eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo, permanece no cargo, tem a minha confiança". 

Moro permanecia calado desde que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mudou seu discurso e retirou a carta branca prometida a ele como ministro da Justiça.

A recente interferência na Polícia Federal é apontada internamente como a mais emblemática da falta de poder do ex-juiz no cargo atual, mas episódios com teor semelhante se acumularam ao longo de mais de oito meses do governo Bolsonaro. 

A PF é subordinada a Moro, também enfraquecido em meio à divulgação de mensagens que mostram sua atuação em parceria com os procuradores em diferentes processos da Lava Jato e que colocaram em xeque sua atuação como juiz federal.
(…) 

Na Folha.

Maia e Bolsonaro ensaiam uma disputa ambiental



Uma boa notícia, afinal: nos últimos dez dias não houve nenhum aumento da confusão na área ambiental. Continua nos mesmos 100%. Mas convém evitar celebrações. Surgiu em Brasília a perspectiva de uma nova encrenca. 

Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia ensaiam uma coreografia com potencial para virar uma disputa de egos. O presidente da República prepara um pacote amazônico. O da Câmara se equipa para levar ao plenário uma pauta de projetos ambientais.

O embrulho de Bolsonaro mistura iniciativas novas e ideias antigas. Uma das medidas novas teve o anúncio antecipado para esta quarta-feira: um decreto proibindo as queimadas. Veio bem, mas chegou tarde. As ideias antigas nem deveriam chegar —vão da legalização de terras públicas griladas à exploração agropecuária de terras indígenas. 

Em conversas com líderes partidários, Maia revelou a intenção de colocar em pé uma pauta sem pesticidas. Deseja-se evitar propostas que causem danos adicionais à imagem do Brasil no estrangeiro. Se pudesse, Maia não buliria, por exemplo, com os índios. Mas ele terá de negociar suas vontades com os desejos dos deputados governistas, oposicionistas e do centrão.

Bolsonaro já atiça a banda arcaica da Câmara. Gente que observa a floresta com os olhos no retrovisor. É como se Bolsonaro desejasse ressuscitar um slogan criado pela ditadura para exorcizar o fantasma da internacionalização da Amazônia: "Integrar para não entregar".

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Lava Jato faz terror com decisão correta do STF


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A força-tarefa de Curitiba, formada, entre outros, por aquela gente de moral elevada mesmo diante da morte de uma criança de sete anos, resolveu divulgar uma nota em que se dedica a seu esporte predileto nos últimos cinco anos: fazer terrorismo judicial. Os bravos estão inconformados com a decisão da Segunda Turma do Supremo, que anulou a condenação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras. Segundo os valentes, isso pode levar à anulação da maior parte das condenações.

Em primeiro lugar, é mentira. Em segundo lugar, se outras se deram em iguais condições, que sejam, pois, anuladas.

A Lava Jato se sai com um truque, copiado do voto vencido de Edson Fachin — que continua a se comportar no Supremo como se fosse membro do Ministério Público. 

Dizem os respeitadores de crianças e idosos mortos: 
"Essa nova regra não está prevista no Código de Processo Penal ou na lei que regulamentou as delações premiadas. Se o entendimento for aplicado nos demais casos da operação Lava Jato, poderá anular praticamente todas as condenações, com a consequente prescrição de vários crimes e libertação de réus presos".

De fato, não está nem do Código de Processo Penal nem na Lei 12.850 que o réu colaborador tem de apresentar suas alegações finais antes do réu não-colaborador. A garantia está em outro lugar. Entendo que os procuradores da Lava Jato não sejam íntimos da Constituição. Define o Inciso LV da Carta: 
"Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".

Se a lei 12.850 deu à luz o "réu que colabora" — e que, portanto, acusa, inclusive com o intuito de livrar as próprias penas —, como é que suas alegações finais serão apresentadas junto com as do réu que não é colaborador, que não é acusador? Como é se pode chamar a alegação deste último de "final" se ele ignora a plenitude da acusação que lhe é feita? 

Quando é que a Lava Jato vai ter a coragem de dizer que o que, de fato, atrapalha o seu trabalho e a existência da Constituição?

Por Reinaldo Azevedo

Diplomacia zero!


Marcas internacionais avisam que vão suspender compra de couro brasileiro


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Mais de 18 marcas internacionais, como Timberland, Vans e Kipling, suspenderam a compra de couro brasileiro devido às notícias relacionadas as queimadas na região amazônica com o agronegócio no país, segundo informações do CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil) enviadas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nesta terça-feira (27). 

"Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país", disse o presidente da CICB, José Fernando Bello, no documento. 

Entre as marcas que já solicitaram a suspensão de compra de couro do Brasil estão Timberland, Dickies, Kipling, Vans, Kodiak, Terra, Walls, Workrite, Eagle Creek, Eastpack, JanSport, The North Face, Napapijri, Bulwark, Altra, Icebreaker, Smartwoll e Horace Small.
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Na Folha

Bolsonaro apaga comentário ofensivo à primeira-dama Brigitte Macron


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O presidente Jair Bolsonaro apagou nesta terça (27) o comentário que fez em uma rede social no qual zombava da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, informou o site Poder 360. 

Ainda segundo o site, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirmou que não comentaria a exclusão, e que foi o próprio presidente que publicou o comentário. 

No sábado (24), Bolsonaro referendou o comentário de um seguidor de sua página no Facebook. 

Ao comentar uma publicação do presidente, o seguidor Rodrigo Andreaça escreveu: "É inveja presidente do macron pode crê (sic)".

A mensagem de Andreaça foi publicada junto a uma imagem, na qual se vê uma foto de Bolsonaro e de sua esposa, Michelle, abaixo de um retrato de Macron e de sua mulher, Brigitte. 

Ao lado das fotos dos casais, há os dizeres: "Entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?". 

O perfil de Bolsonaro respondeu a Andreaça: "Não humilha, cara. Kkkkkkk". Apesar de excluir a sua mensagem, Bolsonaro manteve o comentário original do seguidor.
(…) 

Na Folha

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Rede consegue assinaturas para instalar CPI da Amazônia no Senado



A Rede Sustentabilidade conseguiu nesta terça-feira, 27, o número mínimo de assinaturas (27) para a instalação da CPI da Amazônia no Senado, que terá o objetivo, segundo o partido, de apurar o aumento do desmatamento de queimadas na região. “Vamos passar a limpo e encontrar os culpados dessa tragédia”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na Casa.

A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, no entanto, depende da autorização do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), que é senador também pelo Amapá, um dos nove estados que compõem a chamada Amazônia Legal.

Segundo Randolfe, a CPI tentará apurar se o aumento dos crimes ambientais na Amazônia está relacionado a “ações ou omissões governamentais, especialmente na disponibilização e aplicação de recursos financeiros e na utilização dos instrumentos de prevenção, controle e fiscalização dos órgãos governamentais, além de identificar os possíveis responsáveis”.

O requerimento de instalação da CPI pede ainda a “avaliação do sistema e estrutura de combate ao desmatamento, com apontamento da adoção de providências cabíveis para promover a redução desses índices; análise dos motivos e impactos da paralisação do Fundo Amazônia e avaliação da pertinência da contratação de empresas privadas para realizar o trabalho de monitoramento que já é feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Um dos pontos que deverão ser alvos de investigação é o chamado “Dia do Fogo”, que teria ocorrido no Distrito de Cachoeira da Serra, em Altamira (PA), no dia 10 de agosto, quando, em suposta ação orquestrada, proprietários rurais teriam queimado partes da mata. O requerimento também pede que a CPI analise denúncias de imposição de dificuldades de acesso da imprensa às informações do Ibama e do ICMBio.

Na Veja

Em reunião sobre Amazônia, Bolsonaro ataca reserva indígena em vez de fogo


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Em meio a uma crise ambiental, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) colocou em segundo plano a série de queimadas pelo país e priorizou ataques a reservas indígenas em reunião nesta terça-feira (27) com governadores da Amazônia Legal. 

No encontro, promovido no Palácio do Planalto, ele fez questão de questionar a cada autoridade estadual o percentual de reservas indígenas em seus estados e chamou de "irresponsabilidade" a política de demarcação adotada por governos anteriores. 

"A Amazônia foi usada politicamente desde o [presidente Fernando] Collor para cá", disse. "Aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabilizar esses estados", ressaltou. 

A expectativa inicial era de que o encontro discutisse políticas para evitar novos incêndios criminosos. Na chegada ao encontro, os governadores do Amazonas, Pará e Roraima defenderam, por exemplo, que o governo brasileiro aceitasse montante de US$ 20 milhões oferecido pelos países do G7.
(…) 

Por Gustavo Uribe e Ricardo Della Coletta, Na Folha.

Toda ajuda é bem vinda!


Merkel oferece aula de pragmatismo a Bolsonaro


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Na guerra retórica travada entre Jair Bolsonaro e o presidente francês Emmanoel Macron, quem se saiu melhor até aqui foi a premiê da Alemanha, Angela Merkel. Ela deu uma aula de pragmatismo aos dois bufões ambientais. Na reunião do G7, no final de semana, o comportamento de Merkel foi decisivo para desarmar espíritos. Isso foi atestado inclusive por autoridades brasileiras escaladas para descobrir o que se passou no encontro.

Verificou-se que Angela Merkel, de saída, agiu para retirar da mesa a tese de Macron segundo a qual a crise ambiental brasileira envenenaria o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul. Angela Merkel fez mais: disse que era preciso envolver o Brasil no debate amazônico. Informou que telefonaria para Bolsonaro. Lero vai, lero vem, Macron ficou isolado. A coisa evoluiu, então, para a proposta de ajuda dos países ricos para deter as queimadas. Coisa de 20 milhões de euros —ou R$ 90 milhões. Uma mixaria.

Só a alemanha suspendeu dias atrás o repasse de R$ 150 milhões para projetos ambientais no Brasil. A Noruega reteve o envio de outros R$ 133 milhões. Seja como for, os R$ 90 milhões do G-7 seriam bem-vindos. Mas eis que entrou em cena novamente Bolsonaro. Refugou a oferta sob o argumento de que ela esconde interesses inconfessáveis em relação à Amazônia. Paradoxalmente, o capitão aceita ajuda dos Estados Unidos e de Israel.

Bolsonaro tem muito a aprender. Angela Merkel teria todas as razões para se vingar do capitão, que já a tratou com desrespeito. Mas sabe que não deve privar a economia alemã, desaquecida, da oportunidade de ter acesso ao Mercosul. Seu gesto seria uma oportunidade para Bolsonaro fazer uma autocrítica e abrir negociação para reaver a verba ambiental que Alemanha e Noruega suspenderam. Mas Bolsonaro não costuma perder a oportunidade de perder oportunidades.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Lições de história do talvez embaixador - Simplesmente vergonhoso!



Nosso possível futuro embaixador nos EUA, Eduardo Bolsonaro, resolveu demonstrar no Twitter que está fazendo a lição de casa. Estuda história, ele assegura. Por um canal de Youtube. Até aí, vá lá… Se o conteúdo é bom, que seja por esse meio. Como desconheço a referência que ele cita, não avalio. 

O que choca é outra coisa. Escreveu ontem o gajo: "Tenho estudado para a sabatina e isso inclui estudar a história nacional. Assim, tenho revisto episódios do @brasilparalelo sobre a história do Brasil, como o episódio que trata da nossa independência passando por Leopoldina, Bonifácio e Princesa Isabel:"

Entendo… 

Sim, faz sentido estudar a atuação de princesa Leopoldina e José Bonifácio no contexto da independência do Brasil, cujo desfecho se deu em 1822. Mas o que faz princesa Isabel aí? Seu pai, Dom Pedro 2º, nasceu só em 1825, três anos depois do tal "Grito"… 

Isabel, neta de Pedro 1º, veio ao mundo em 1846. E sua atuação, como sabem os infantes dos primeiros anos do ensino fundamental, deve ser pensada no contexto da proclamação da República. Não é possível que o talvez embaixador nunca tenha ouvido falar da tal "Lei Áurea", a que extinguiu a escravidão…

Um seguidor de Eduardo comentou a sua postagem: "Diplomata de carreira não precisa estudar história brasileira pra sabatina. Já chega preparado pelo Instituto Rio Branco e muitos anos de carreira em representações brasileiras ao redor do mundo. E, na hipótese de estudar para a sabatina, buscaria fontes respeitáveis." 

O Zero Dois se zangou: "O que vou responder para um cara que tem escrito de Santo Agostinho no perfil e dá um exemplo de arrogância desse? Deve ser mais um jegue com um diploma na parede achando que isso é sinônimo de conhecimento. Por piedade sugiro: estude Sócrates (Grécia Ant.) 'só sei que nada sei'."

Pois é… Dizer o quê? 

De fato, ninguém precisa de diploma para saber que a Princesa Isabel era filha de Dom Pedro 2º, neta de Dom Pedro 1º e que nada teve a ver com a independência. Quando ela nasceu, diga-se, o avô estava morto havia 13 anos… 

Mas, como se nota, Eduardo, o diplomata, não hesita em chamar o outro de "jegue". E não é do tipo que respeite diploma. O que importa, afinal, é o conhecimento, certo, embaixador?

Quando a Sócrates… Não sei se a tal página da Internet envereda também pela filosofia. Ô Eduardo!!! Sócrates não confessava ignorância, mas apenas fazia exercício de humildade intelectual, o que ficava bem no caso dele, que sabia muito para a época. Não fica bem no seu caso… 

É decoroso quem sabe muito dizer "só sei que nada sei", certo de que se aprende sempre. Mas a frase não faz sentido na boca de quem nem sabe o quanto não sabe.

SILVIO SANTOS 
Eduardo e seu irmão senador, Flávio Bolsonaro, participaram de um quadro chamado "Jogo das Três Pistas" no programa Silvio Santos. Uma das questões: "Foi presidente, nasceu em São Borja, esposa bonita". Nem um nem outro responderam "João Goulart". Para um deputado e um senador, a ignorância é inaceitável. Mas há aí alguma dificuldade. 

Ocorre que a coisa piora muito. Mais adiante, vieram estas outras três pistas: "Nasceu em Mato Grosso do Sul, proibiu o biquíni, renunciou à Presidência". Por incrível que pareça, Eduardo respondeu: "Médici". Santo Deus! 

Segue vídeo.


Quatro presidentes renunciaram: Deodoro da Fonseca, Getúlio Vargas (na verdade, foi deposto em 1945, mas passou como renúncia), Jânio Quadros e Fernando Collor. Mas só um enroscou com o biquíni… Não! Os bravos não se lembraram de Jânio Quadros. 

É do balacobaco o filho do "Capitão", que tem um governo coalhado de generais, chutar que Emílio Garrastazu Médici, o presidente mais popular do ciclo militar, renunciou. 

Não há Sócrates que dê jeito. 

Resta a Eduardo torcer para que a sabatina no Senado seja mais fácil do que o "Jogo das Três Pistas", de Silvio Santos.

Por Reinaldo azevedo

Areia, gás hélio e outros 4 recursos que você não sabia que estão acabando na natureza


Garis retiram areia que foi parar na Avenida Delfim Moreira após ressaca no Rio de Janeiro — Foto: Carlos Brito / G1
Garis retiram areia que foi parar na Avenida Delfim Moreira após
ressaca no Rio de Janeiro — Foto: Carlos Brito / G1

Cada vez mais, estamos nos dando conta da escassez dos recursos naturais.

Você provavelmente já ouviu falar sobre a crescente escassez de água, do petróleo e de abelhas, mas há mais recursos que estão acabando e cujo desaparecimento pode modificar vários aspectos de nossas vidas.

Aqui estão seis deles que talvez você não saiba que caminham para um esgotamento.

1. Espaço em órbita

Desde 2019, há cerca de 500 mil objetos em órbita ao redor da Terra.

Apenas cerca de 2 mil deles são realmente funcionais, satélites que usamos diariamente para comunicações, GPS e para assistir a nossos programas favoritos.

Ainda não sabemos o que fazer com todo o lixo que colocamos em órbita — Foto: Nasa/Unsplash
Ainda não sabemos o que fazer com todo o lixo que colocamos em órbita — Foto: Nasa/Unsplash

Os demais são restos de lançamentos de foguetes e colisões passadas de objetos em órbita.

O problema é que essa cifra de 500 mil cobre só os objetos que estão sendo ativamente rastreados.

E, na medida em que a tecnologia melhora, fica mais fácil introduzir algo em órbita.

Não há controle de tráfego aéreo para todos esses objetos que voam sobre o planeta, e ainda não há um sistema para limpar os elementos inúteis que se acumulam na órbita perto da Terra.

Com o espaço mais ocupado, aumenta o risco de que os objetos se choquem e causem danos muito sérios às redes de que necessitamos para que nossos mapas funcionem, nossos telefones se conectem e nossos sistemas de monitoramento do clima funcionem.

Ainda não temos uma saída para esse problema, embora soluções estejam sendo buscadas.

2. Areia

Estamos usando areia mais rápido do que a natureza pode renovar.

Parece infinita, mas não é; a areia é um dos recursos que estão acabando — Foto: Jim Gade/Unsplash
Parece infinita, mas não é; a areia é um dos recursos que estão acabando — Foto: Jim Gade/Unsplash

Talvez você esteja pensando: como podemos ficar sem areia se temos praias e desertos cheios dela?

O fato é que a areia é um dos materiais sólidos mais explorados do mundo e estamos utilizando a areia num ritmo muito mais rápido do que ela pode ser renovada naturalmente, de acordo com a ONU.

Demora milhares de anos para que a areia se forme, por meio da erosão.

Mas a areia é utilizada diariamente em grande escala na construção, recuperação de terras, filtragem de água e para fazer vidro.

A perda da areia ameaça os ecossistemas frágeis. Já existem movimentos que pedem a criação de um sistema de monitoramento global para regular nosso uso cada vez maior desse recurso surpreendentemente escasso.

3. Gás hélio

Não utlizamos gás hélio só em balões: o hélio é essencial pelo seu uso em equipamentos de exames médicos de imagem.

O gás hélio também é um recurso finito e só nos restam algumas décadas com o gás — Foto: Luca Upper/Unsplash
O gás hélio também é um recurso finito e só nos restam algumas
décadas com o gás — Foto: Luca Upper/Unsplash

O gás hélio também é um recurso finito, extraído das profundezas subterrâneas. Algumas estimativas estabelecem que haverá escassez do gás dentro de 30 a 50 anos.

Embora pareça um problema para as festas de aniversário, o que importa é que o hélio tem um uso médico essencial: resfriar os ímãs que permitem que scanners de ressonância magnética funcionem.

Os scanners revolucionaram o diagnóstico e o tratamento do câncer e das lesões do cérebro e da medula.

4. Bananas

Nossa distopia não tão distante pode ser de uma vida sem bananas.

Não é a primeira vez que correm risco, mas ainda não aprendemos a lição — Foto: Pixabay
Não é a primeira vez que correm risco, mas ainda não aprendemos a lição — Foto: Pixabay

A maioria das bananas que cultivamos atualmente para a venda comercial está ameaçada por um fungo chamado de mal-do-Panamá.

Consumimos, na maior parte das vezes, uma variedade chamada Cavendish.

Como todas são clones, o mal-do-Panamá tem o potencial de se propagar rapidamente através da população das plantações de banana.

E já aconteceu antes: na década de 1950, a mesma doença quase acabou com a colheita mundial, o que fez com que produtores mudassem da variedade Gros Michel para a Cavendish.

Pesquisadores estão trabalhando para desenvolver novas variedades que sejam resistentes ao fungo e que sejam saborosas.

5. Terra agricultável

Embora a terra não vá desaparecer do mundo, nós lidamos tão mal com ela que é motivo de preocupação.

Não lidamos bem com um recurso que é tão precioso — Foto: Pexels
Não lidamos bem com um recurso que é tão precioso — Foto: Pexels

A camada superficial da terra é a que fica na parte externa, da qual as plantas obtêm a maioria de seus nutrientes vitais.

E o Fundo Mundial para a Natureza estima que cerca de metade da camada superior do solo do mundo se perdeu nos últimos 150 anos.

O pior é que pode levar até 500 anos para que uma polegada de terra se forme de maneira natural.

Acredita-se que a erosão, a agricultura intensiva, o desmatamento e o aquecimento global contribuam para a perda da camada superior do solo, da qual a grande maioria da produção mundial depende.

6. Fósforo

À primeira vista, o fósforo provavelmente não parece ter um papel de protagonista em nossa vida diária.

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Mas não é só biologicamente vital para a estrutura de DNA humano: é também um fertilizante agrícola essencial que não tem um substituto conhecido.

Em vez de ser devolvido ao solo de onde vem, o fósforo agora viaja com maior frequência às cidades nos alimentos e termina levado para o mar por meio de nossos sistemas de esgoto.

No atual ritmo, as estimativas é de que nossas fontes de fósforo vão durar de 35 a 400 anos.

Por BBC no G1

Integrantes do Novo pedem suspensão de Ricardo Salles do partido



O deputado estadual do Rio de Janeiro Chicão Bulhões (Novo) afirmou que entrou, no sábado, 24, com uma representação no Conselho de Ética do partido junto com os membros Marcelo Trindade e Ricardo Rangel contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo o deputado, os três solicitaram que Salles seja suspenso do quadro de filiados enquanto a sigla analisar a possibilidade de expulsão definitiva.

“A postura inadequada e o histórico de constrangimentos causados pelo ministro Salles, que tem gerado dano à imagem e à reputação do Novo, são alguns dos motivos para os pedidos”, escreveu pelo Twitter. Bulhões acrescentou que o grupo entende que Salles tem atuado de forma divergente aos programas do partido no tema ambiental, “desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem debate prévio”.

Neste sábado (24/08), @rprangel, @mtrindadenovo e eu entramos com um requerimento contra o Min. Ricardo Salles na Comissão de Ética do Partido NOVO. No pedido, solicitamos que ele seja suspenso do quadro de filiados enquanto o partido julga a possibilidade de expulsão definitiva.
A postura inadequada e o histórico de constrangimentos causados pelo Ministro Salles, que tem gerado dano à imagem e à reputação do Novo, são alguns dos motivos para os pedidos.

“Atitudes como essa reduzem a capacidade de interlocução do país com seus pares internacionais e geram instabilidade”, destacou, reforçando que isso viola os princípios e valores do partido, que, segundo ele, prega a atuação ética e profissional dos agentes públicos. O deputado também disse que o requerimento incluiu a solicitação para que seja reinterpretada a resolução 27/2019 do partido, de 31 de maio, que trata do afastamento de filiados que ocupam cargos no primeiro escalão do governo sem indicação do partido.

Na quinta-feira passada, o Novo publicou uma nota afirmando que a indicação de Salles para o ministério não foi feita pela sigla e que, portanto, não representa a instituição. O partido ainda esclareceu que não tem efeito retroativo a resolução de 31 de maio que determina que qualquer filiado que participar de cargo público relevante sem ter sido indicado pelo Novo deve solicitar a suspensão de sua filiação.

A reportagem não conseguiu contato com o ministro. Procurada, a assessoria do Novo não respondeu os questionamentos da reportagem sobre o pedido de Chicão Bulhões.

Na sexta-feira, o ex-candidato à Presidência pelo Novo João Amoêdo publicou no Twitter que usar a pauta do meio ambiente para o “embate ideológico e político” não produzirá “nada de bom”. “Temos um compromisso com as próximas gerações. Quero viver em um País com florestas conservadas, biodiversidade protegida, rios recuperados, esgoto tratado, que use de forma inteligente e produtiva os recursos naturais”.

Na Veja (Com Estadão Conteúdo)

Incendiário!


Olavo e Eduardo detonam Deltan: serve à esquerda! E o paralelo PT-Lava Jato


Para celebrar o divórcio necessário Bolsonaro-Lava Jato, Olavo (à direita)
 inventa a teoria de que Moro e Deltan agora servem à esquerda.
Nem errado consegue ser

O bolsonarismo-raiz agora diz que Deltan Dallagnol é, creiam, um esquerdista! Ninguém menos do que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho do presidente que é candidato a embaixador do Brasil nos EUA, postou uma mensagem no Twitter recomendando o vídeo de um fanático bolsonarista que aponta supostas conexões entre o procurador e ONGs esquerdistas. 

Trata-se de um certo Lilo, um tipo curioso que lembra um tio do churrasco que tem a certeza de ser a cara do Roberto Carlos. Segundo diz, aquele que ele chama "DALAGUINAL" (?), está irremediavelmente comprometido com esquerdistas — até, ele destaca, com George Soros…

O tal Lilo remete os seus seguidores para um vídeo do inefável Olavo de Carvalho. É do balacobaco! Sem a Lava Jato, Bolsonaro continuaria a ser o deputado do baixo clero que poderia investir, se lhe desse na veneta, até contra a Lei da Gravidade. Mas, ora vejam, também Olavo percebeu que a força-tarefa tem seu próprio sistema de crenças.

INOCENTE ÚTIL
Depois de confessar que foi contratado, em 1993, pela Odebrecht para acompanhar CPIs, o autointitulado professor e filósofo exercita algumas teorias conspiratórias sobre o PT — que, então, faria um discurso contra a corrupção com o objetivo de criar instrumentos para dominar o país, quem sabe o planeta — , volta suas baterias contra Dallagnol, estabelecendo um paralelo entre o modo como o PT cresceu e se enraizou e aquilo que a Lava Jato faz hoje. Afirma sobre o procurador:
"Vejam o que este Deltan está fazendo com o dinheiro da Petrobras. Está levantando todas as ONGs de esquerda para um novo assalto ao poder. Não é possível que este homem, com a cultura e o preparo que tem, não saiba o que está fazendo. Não é possível que ele seja um inocente útil, não é? Ele é útil, mas não é inocente. Ele sabe o que está fazendo. Não digo que seja crime. Não digo que seja ilegal. Mas, depois de tudo o que vocês viram o PT fazer contra o Brasil (…), agora nós vamos permitir que essa gente encabece o combate à corrupção e crie um novo prestígio de entidade moralista e, com isso, volte a conquistar o poder? Nós vamos permitir isso? Não podemos permitir isso. Isso é loucura! (…) Eu sei que é difícil, depois de nós vermos todos os méritos profissionais do senhor Deltan e também, cá entre nós, do ministro Moro, nós permitirmos que o combate à corrupção seja novamente usado para restaurar a fama e o prestígio moralizante da mesma esquerda que criou o maior escândalo de corrupção da história."

ESQUERDISTA?
É mesmo um espanto! De esquerdista, Dallagnol e Moro só têm um lado do corpo. Bolsonaro foi seu candidato à Presidência da República e já há uma confissão a respeito, feita pelo procurador Carlos Fernando (leia post). Se Carvalho não vivesse da lucrativa pregação contra o comunismo e se dedicasse a um estudo intelectualmente honesto sobre as origens intelectuais da Lava Jato — as intelectuais, não as políticas —, encontraria o "Direito Achado Na Rua" e outras vertentes realmente de esquerda do ativismo judicial e do "novo constitucionalismo", raiz do pensamento, por exemplo, de um Roberto Barroso.

De fato, a Lava Jato é filha, ainda que abastardada porque de extrema-direita, da concepção de que o direito é principalmente um território da luta política e da disputa pelo poder. Mesmo na democracia, a tarefa do Judiciário e do Ministério Público seria promover igualdade e Justiça social, não o triunfo da lei. Servia aos propósitos disruptivos das esquerdas, sim. Elas só se esqueceram de que a direita, com esses mesmos instrumentos, também pode ser disruptiva. Basta substituir o horizonte da igualdade pelo do combate à corrupção.

Sim, Olavo de Carvalho evidencia com atraso, como de hábito no seu caso, que a Lava Jato tinha seu próprio horizonte escatológico, finalista, que é distinto do de Jair Bolsonaro. Mas aí induz seus fiéis ao erro. Finge confundir a genealogia de um modo de operar o direito com o seu objetivo, com seu desiderato. Precisa garantir a lucrativa ladainha do anticomunismo.

A HISTÓRIA E A MISTIFICAÇÃO
Só para lembrar: no dia 17 de julho 2015, escrevi uma coluna na Folha em que apontava justamente que os filhos da concepção petista de direito estavam engolindo seus pais. E foi justamente essa concepção vesga que levou para o Supremo ministros que resolveram se reinventar, a exemplo de Barroso: chegaram lá para praticar ativismo judicial em favor da "justiça social" e resolveram virar a chave, operando no modo "combate à corrupção".

Esses ministros, claro!, não foram atacados neste domingo. 

Na democracia, quem desserve ao direito serve a qualquer senhor. Se de esquerda, então de esquerda; se de direita, então de direita. 

Olavo esbarra numa evidência histórica com quatro anos de atraso. E finge ter entendido a coisa pelo avesso. 

Ocorre que é preciso, agora, promover o divórcio entre a Lava Jato e Bolsonaro, ou a operação arrasta o presidente ou o mantém refém. Como fazer a dissociação sem que o "Mito" carregue a pecha de tolerante com a corrupção?

Em horas assim, Olavão tem a fórmula que considera infalível: diga que o sujeito serve ao comunismo e ao Foro de São Paulo. Aí não precisa explicar mais nada. Como cantava João da Praia, "aonde a vaca vai, o boi vai atrás".

Por Reinaldo Azevedo