segunda-feira, 20 de abril de 2020

'Forças Armadas estão comprometidas com Constituição', diz ministro militar


Forças Armadas estão comprometidas com Constituição', diz ministro ...

"Fique tranquilo", disse um dos generais que compõem o quadro de ministros palacianos de Jair Bolsonaro ao líder de um partido governista no Senado que lhe telefonou no final da tarde deste domingo. "As Forças Armadas estão absolutamente comprometidas com a Constituição. Não duvide disso."

Metido numa articulação para tentar salvar a medida provisória da minirreforma trabalhista, que perde a validade nesta segunda-feira, o senador disse ao ministro estar preocupado com os reflexos políticos do comportamento de Jair Bolsonaro. Receia que o esforço para resgatar a MP se frustre.

Ao reproduzir o diálogo que manteve com o ministro, sob a condição do anonimato, o senador resumiu assim o seu desalento: 

"As vozes sensatas do governo pedem para mantermos a calma. Está cada vez mais difícil. Ao discursar em plena pandemia numa manifestação que pede a volta do AI-5 e o fechamento do Congresso e do Supremo, o presidente atenta contra a saúde pública e contra a democracia. Ficou indefensável."

Empoleirado na carroceria de uma caminhonete, Bolsonaro discursou para uma plateia de apoiadores defronte do Quartel General do Exército, em Brasília. O presidente soou como se concordasse com os pedidos estampados nas faixas que ornamentavam a manifestação: intervenção militar já, um novo AI-5, fechamento do Congresso e do Supremo.

"Nós não queremos negociar nada, nós queremos é ação pelo Brasil", afirmou Bolsonaro. "O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente. Todos sem exceção no Brasil, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte."

Noutro trecho, o presidente declarou: "Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais que direito, vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com seu presidente para fazer tudo aquilo que for necessário para manter a nossa democracia e garantir aquilo que é mais sagrado de nós, que é nossa liberdade."

O líder governista que fez contato com o ministro palaciano disse ter jogado a toalha. "Recebi apelos da equipe econômica para resgatar a medida provisória do contrato verde e amarelo. Estava tentando, mas desisti. Se o presidente não quer negociar nada, por que eu deveria negociar? Se o presidente acha que política é patifaria, quem não é patife precisa se afastar dele."

A medida provisória mencionada pelo senador reduz encargos trabalhistas de empresas que contratem jovens de 18 a 29 anos e pessoas com mais de 55 anos. Já foi aprovada pela Câmara. Se não for apreciada pelos senadores nesta segunda-feira, perderá a validade.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, despejou no Twitter palavras que se parecem muito com uma pá de cal: "Para ajudar as empresas a manter os empregos dos brasileiros, sugiro ao presidente Jair Bolsonaro que reedite amanhã (20) a MP 905, do Contrato Verde e Amarelo. Assim, o Congresso Nacional terá mais tempo para aperfeiçoar as regras desse importante programa."


Por Josias de Souza

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