quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Jungmann diz que proposta de Witzel de ‘abater’ traficantes com ‘snipers’ é ilegal


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A proposta do governador eleito Wilson Witzel de usar atiradores de elite para “abater” traficantes é ilegal , segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Em entrevista após reunião do Conselho de Segurança Públcia da Firjan, nesta quarta-feira, Jungmann disse, de acordo com o G1, que o plano de utilizar snipers em operações em favelas, com policiais orientados a atirar em criminosos com fuzis – mesmo que estejam de costas ou fora de situações de combate que ofereçam risco à tropa -, depende de uma mudança na lei federal. O ministro não opinou se é a favor ou contra a ideia.

“A proposta precisa passar pelo crivo das leis, da legislação e da Justiça. Não podemos ter atividades que não sejam dentro das normas, das leis. E hoje ela (a proposta) não está. Precisa de uma modificação legislativa”, afirmou Jungmann no evento, que contou com a presença de Witzel. “A proposta precisa passar pelo crivo das leis, da legislação e da Justiça. Não podemos ter atividades que não sejam dentro das normas, das leis”

“Hoje temos um ministério por lei, um sistema unificado por lei, uma política de segurança nacional e recursos, advindos das loterias. A segurança pública pela primeira vez tem rumo e reúne todos os entes da federação”, avaliou o ministro, dizendo ainda que cabe ao futuro governador manter a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas que a intervenção federal, com prazo até 31 de dezembro deste ano, não poderá ser prorrogada por ir contra a Constituição.

De acordo com Jungmann, o BNDES, junto com o Ministério da Fazenda, deve liberar parte dos R$ 19 bilhões dos Fundos das Telecomunicações (Fust) para o desenvolvimento tecnológico no combate do crime organizado no Rio:

“Vamos incentivar a criação do sistema de cercamento eletrônico, que vai permitir a identificarão de cargas, carros roubados, reconhecimento facial para combater o crime. Parte desses recursos vai ser para esse monitoramento. Os dados vão para uma central que vai fazer esse cerco digital no comando ao crime. E a intenção é depois espalhar esse sistema para todo o território nacional.”

No Globo

Em editorial, China faz alerta a Bolsonaro e diz que ‘custo’ pode ser grande para o Brasil


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A China fez um duro alerta ao presidente eleito Jair Bolsonaro e apontou que, se a opção do Brasil em 2019 for por seguir a linha de Donald Trump e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira.

A forma encontrada pela China para mandar o recado foi a publicação de um editorial em seu principal jornal estatal, com versão em língua inglesa. No China Daily, o texto não deixa dúvidas da irritação que Bolsonaro já criou em Pequim. O jornal é uma espécie de porta-voz ao mundo do governo chinês e usado para mandar mensagens a parceiros.

Segundo o editorial, as exportações brasileiras “não apenas ajudaram a alimentar o rápido crescimento da China. Mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil”. Para os chineses, portanto, criticar Pequim “pode servir para algum objetivo político específico”. “Mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão da história.”

“Ainda que Bolsonaro tenha imitado o presidente dos EUA ao ser vocal e ultrajante para captar a imaginação dos eleitores, não existe razão para que ele copie as políticas de Trump”, alertaram os chineses. O jornal admite que existem especulações sobre o futuro das relações entre os dois países.

Bolsonaro, ao longo da campanha presidencial, criticou a China. Em fevereiro, ele ainda visitou Taiwan, o que deixou Pequim irritada. Sabendo que Bolsonaro poderia ser um forte concorrente para a Presidência, a embaixada chinesa enviou uma carta de protesto. Nela, Pequim expressava sua “profunda preocupação e indignação” e alertava que a visita era uma “afronta a soberania e integridade territorial da China” e “causa eventuais turbulências na Parceria Estratégica Global China-Brasil, na qual o intercâmbio partidário exerce um papel imprescindível”.

Agora, segundo o editorial, empresários chineses operando no Brasil e autoridades em Pequim vão se colocar a pergunta: “até que ponto o próximo líder da maior economia da América Latina vai afetar a relação Brasil-China?
(…)
Por Jamil Chade, no Estadão

Bolsonaro preside e Guedes governa



Nem Delfim Netto em certo período da ditadura militar de 64, ou talvez somente foi ou aparentou ser mais poderoso do que será a partir de janeiro próximo o economista Paulo Guedes, que de uma só tacada acumulará os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.

A confirmar-se o que ontem foi anunciado, Bolsonaro presidirá o país – para isso se elegeu no último domingo com expressiva votação. Mas quem governará será Guedes, o Posto Ipiranga ungido por Bolsonaro, que de simples posto não terá nada. Guedes estará mais para uma rede de postos, a única do mercado, da qual dependerá tudo mais.

Será um tremendo desafio para um economista que nunca serviu a governos em cargos executivos, não tem experiência em lidar com políticos e nem mesmo é reconhecido como uma sumidade por seus pares. Eles reverenciam sua inteligência e seu reconhecido dom para a polêmica, e é só. Caberá a Guedes provar as demais qualidades que imagina ter.

Os ministérios da Fazenda e do Planejamento já foram um só no passado. Deixaram de ser quando o conhecimento avançou e a administração pública se tornou muito mais complexa. A fusão dos dois é considerada um retrocesso por economistas de grosso calibre. Juntá-los com Indústria e Comércio, uma temeridade. Mas vamos que vamos. Bolsonaro tem muitas fichas para gastar.

Se a experiência, afinal, for malsucedida como se teme, ou se o temperamental Guedes acabar se desentendo no futuro com parte dos demais ministros, Bolsonaro sempre poderá dizer que tentou o que lhe parecia o melhor para o Brasil, que não tem e jamais terá a obrigação de entender de tudo, engatando em seguida uma meia volta, volver.

Por Ricardo Noblat

Sarney rasga as vestes


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Jose Sarney deixou de lado a liturgia e a polidez ao analisar o recado dados pelas urnas à sua sua família.

A um personagem de sua confiança, o ex-presidente e membro da Academia Brasileira de Letras foi curto e grosso: “Eu me f@#! nesta eleição”.

De fato.

Roseana perdeu a disputa pelo governo do Maranhão para Flavio Dino, e Sarney Filho ficou de fora na briga pelo Senado.

Na Veja.com

Bolsonaro cria um novo programa, o Bolsa Mídia



Jair Bolsonaro diz ser “totalmente favorável à liberdade de imprensa”. Mas esclarece: “Temos a questão da propaganda oficial do governo, que é uma outra coisa.” Informa que veículo de comunicação que se comportar de “maneira indigna”, como a Folha, “não terá recurso do governo federal.”

Faltou esclarecer: 1) Quanto em dinheiro do contribuinte o presidente eleito se dispõe a entregar aos jornais, revistas, portais ou emissoras de rádio e TV que falarem bem dele? 2) Quem não falar mal do capitão também fará jus a um naco do Bolsa Mídia?

Bolsonaro deveria incluir no seu programa de erradicação da imprensa que imprensa a recriação de um velho órgão do Estado Novo. Chamava-se DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda. Chefiando-o, o jornalista Lourival Fontes (1899-1967), grande maquiador de imagens, criou para Getúlio Vargas o título de “pai dos pobres”

De resto, será preciso rasgar as normas que atrelam a contratação da publicidade governamental à audiência do contratado. O grosso da verba —coisa de mais de 60%— sai dos cofres de estatais que concorrem no mercado. Mas quem se importa?

O que interessa é que o “Brasil esteja acima de tudo, Deus acima de todos” e Bolsonaro acima de qualquer suspeita. No trecho predileto do capitão (João 8:32), a Bíblia Sagrada ensina: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Quando a verdade oficial for muito preciosa, você, caro contribuinte, decerto não se importará de pagar uma boa escolta de mentiras.

Por Josias de Souza

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Sergio Moro na pasta da Justiça seria absurdo



Um acerto dificilmente pode ser melhorado. Mas um erro sempre pode ser aperfeiçoado. Jair Bolsonaro namora a ideia de colocar Sergio Moro na função de ministro da Justiça. Seria um grande equívoco. O juiz da Lava Jato cogita aceitar o convite, informa um auxiliar do capitão. Seria um gigantesco absurdo.

Uma coisa é aceitar eventual indicação de Bolsonaro para ocupar poltrona de ministro no Supremo. Todo magistrado sonha em chegar ao topo do Judiciário. Outra coisa bem diferente é trocar a prerrogativa de mandar prender poderosos pelo risco de ser mandato embora por um deles.

A seis dias do primeiro turno, Moro levantou o sigilo de um trecho da delação companheira de Antonio Palocci. Incorporada a um dos processos abertos contra Lula, a delação estimulou a suspeita de que o juiz interferiu na eleição para prejudicar o petismo.

Sergio Moro anotou em seu despacho: “…A farsa da invocação de perseguição política não tem lugar perante este juízo.” Concluído o segundo turno, se virar ministro de Bolsonaro, o juiz passará o resto da vida explicando por que ladrilhou com pedrinhas de brilhante a avenida que levou Bolsonaro ao Planalto. A Lava Jato jamais será a mesma.

Por Josias de Souza

É compreensível que Bolsonaro queira Moro no governo


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O convite a Sérgio Moro não surpreende ninguém. Quem acompanhou algumas falas do juiz e a ativa militância de sua mulher, Rosangela, uma espécie de sua porta-voz nas redes sociais, constatou o entusiasmo com a candidatura de Jair Bolsonaro. Vamos ver. Entendo e acho compreensíveis todas as razões que levam o presidente eleito a agir assim. Afinal, um dos pilares de sua gestão é o combate à corrupção. E Moro é, aos olhos de muita gente, o símbolo por excelência desse enfrentamento, certo? Tê-lo no governo seria como um atestado antecipado de retidão. É como se uma pergunta de resposta certa fosse feita e respondida: “Quem se atreveria a fazer algo de errado se ‘o homem’ está aí?” Moro já teria dito que não descarta o convite. Com as características de sempre de um Super-Homem, acredita que sua presença eliminaria qualquer suspeita de que o governo se entregaria a algum arroubo autoritário.

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Deputada eleita pede que estudantes denunciem professores contra Bolsonaro



A deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL), de Santa Catarina, pediu aos estudantes catarinenses na noite deste domingo (28) que denunciem professores que façam “queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro”.

“Muitos professores doutrinadores estarão inconformados e revoltados. Muitos não conseguirão disfarçar sua ira e farão da sala de aula uma audiência cativa para suas queixas político-partidárias em virtude da vitória do Presidente Bolsonaro”, escreveu, em sua página no Facebook, pouco depois de confirmada a eleição do presidenciável.

Ela pediu que os estudantes filmem ou gravem as manifestações, e encaminhem para a sua equipe, com o nome do professor, da escola e da cidade.

Por Estelita Hass Carazzai, na Folha.

Ribeirão Preto e Taubaté serão as primeiras cidades com batalhão especial da PM e Deic, diz Doria


Governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista concedida ao SP2 — Foto: Reprodução/TV Globo

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou na noite desta segunda-feira (29) em entrevista concedida ao SP2 que Ribeirão Preto e Taubaté serão as primeiras cidades a receber Batalhões de Ações Especiais da PM (Baep) e Departamento de Investigações Criminais (Deic).

O tucano derrotou o atual governador, Márcio França (PSB), e foi eleito no domingo (28) com 51,75% dos votos válidos. Nesta segunda, mais cedo, em entrevista ao SP1, Doria havia afirmado que pretende fazer um “governo de conciliação” e que não vai tratar como “inimiga” a população que não votou nele.

Na noite desta segunda, Doria foi questionado pelo jornalista Carlos Tramontina quais serão as três primeiras cidades a receber os Baep's.

“Ribeirão Preto será uma delas porque o problema, infelizmente, é recorrente em Ribeirão. Taubaté será a segunda. A terceira nós estamos decidindo. Serão três batalhões especiais, cada um com 300 policiais militares – é a Força Tática e a Rota, é a elite da elite”, declarou.

Questionado sobre o prazo para a instalação dos Baeps, Doria informou que isso ocorrerá "no mais curto espaço de tempo possível". "Vamos preparar a tropa fisicamente para colocá-la e locá-la exatamente onde ela deverá estar. Mas não será apenas a Polícia Militar, será também o Deic - Departamento de Investigações Criminais".

No G1

Advertência dos números: Imensa massa de 42.465.941 de eleitores não quiserem saber nem de um candidato nem de outro. E, 89.506.515 eleitores escolheram branco, nulo ou o candidato derrotado


 

É bom porque ainda que haja muita gente por aí a se oferecer para disputar o voto do eleitor se dizendo um não-político, a desesperança persistiu em muitos milhões. Os brancos (2,14%) e nulos (7,43%) somaram 9,57% dos votos no segundo turno: uma massa imensa de 11.094.674, maior do que a diferença que separou Jair Bolsonaro de Haddad: 10.756.849 pessoas. Outras 31.371.267 pessoas simplesmente não quiseram nem aparecer no pleito: somam 21,3%. Estamos falando de 42.465.941 pessoas que trabalham (ou procuram emprego), pagam impostos, ficam indignadas, têm problemas como qualquer um de nós e simplesmente não se sentem representadas por nenhum dos dois candidatos. Ou, então, estão mesmo descrentes da política. Nem uma polarização como essa — ou até por causa dela, sabe-se lá — foi capaz de movê-las para um candidato ou para o outro. Ocorre que toda essa gente também é alvo das políticas públicas implementadas pelo governo. Essas pessoas, note-se, podem até não votar. Mas, se preciso, sabem protestar.

Uma outra evidência de que a descrença é grande está no fato de que a abstenção no primeiro turno — 29.941.171 — foi menor do que no segundo: 31.371.267. À medida que o confronto se tornou mais duro, mais ideologizado e com menos espaço de interlocução, mais pessoas se desinteressaram do processo: um acréscimo de 1.430.096 pessoas. Tomara que os dois líderes da contenda final percebam que não basta apenas falar em conciliação — tendo as instituições como referência. É preciso também prestigiar a política em vez de amaldiçoá-la. Houve, nesta eleição, entre os que votaram, um clima de “agora vai ou racha”, com certos apelos na linha: “Esta é nossa última esperança”. E, ainda assim, muita gente preferiu ficar fora do jogo e não escolher ninguém. Pouco se sabe sobre o programa de Bolsonaro. Há sinais contraditórios. De toda sorte, é evidente que ele representa uma esperança de mudança para milhões de pessoas. Mas que fique atento, também, à maioria que não votou nele porque não compareceu, votou branco ou nulo ou escolheu seu adversário: estamos falando de 89.506.515 eleitores. E Bolsonaro será presidente também dessa maioria. Da mesma sorte, cumpre ao PT perceber que abstenções, brancos e nulos (42.465.941) não estão assim tão distantes dos 47.040.574 que apertaram o 13 na urna.

Por Reinaldo Azevedo

Bolsonaro precisa parar de industrializar a raiva


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Há males que vêm para pior. Durante a campanha, Jair Bolsonaro botou raiva demais na sua retórica. Eleito, poderia ter oferecido conciliação. Mas tomou gosto pela cólera. Consolidado o seu triunfo, o capitão correu para a trincheira das redes sociais, seu habitat natural. “Não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o comunismo, com o populismo e com o extremismo da esquerda”, declarou, ecoando o discurso que fizera uma semana antes —aquele em que dissera que os “marginais vermelhos”, com uma “faxina”, seriam “banidos” do país.

Bolsonaro ainda não se deu conta. Mas a satanização dos adversários perdeu a importância com a abertura das urnas. A corrupção é endêmica, o Estado foi à breca, a economia está sedada e há 12,7 milhões de brasileiros sem emprego. Admita-se que, diante de tantos flagelos, o partido da estrela vermelha e o sistema político tornaram-se alvos fáceis. Mas Michel Temer, a herança do petismo que apodrece no Planalto, vai embora em janeiro. E nem por isso haverá um surto de probidade. O déficit público não sumirá. O PIB não bombará. E os empregos não cairão do céu.

Bolsonaro planeja viajar para Brasília nesta terça-feira. Precisa nomear até 50 prepostos para cuidar da transição de governo. Chegou a hora de saciar as expectativas que despertou. Sob pena de produzir uma onda de decepção capaz de corroer rapidamente a legitimidade obtida nas urnas.

Os eleitores de Bolsonaro dividem-se em dois grupos. Num, estão os brasileiros que acreditaram num mundo feito de soluções fáceis. Noutro, os que votaram contra os defeitos do sistema, não a favor das qualidades do capitão. Quando o primeiro grupo perceber que não existem soluções fáceis e o segundo grupo notar que a desqualificação do eleito o aproxima daquilo que o sistema tem de pior, Bolsonaro estará em apuros.

Nessa hora, o “grande exército” de apoiadores do presidente eleito começará a flertar com a ideia da deserção, juntando-se aos “socialistas” e “comunistas” que Bolsonaro enxerga nas esquinas, em cima das árvores e nas redações “da grande mídia”. Ou Jair esquece que há um sobrenome “Messias” anotado em sua certidão de nascimento antes do Bolsonaro ou vai acabar acreditando que é mesmo o salvador da pátria.

Sob refletores, renovará a promessa de expulsar os vendilhões do templo. Longe dos holofotes, negociará com os pecadores a aprovação de suas reformas no Congresso. Bolsonaro já iniciou um movimento de aproximação com as bancadas de partidos como o DEM de Rodrigo Maia e o PSD de Gilberto Kassab. Logo, logo terá raiva de si mesmo, tornando-se vítima de sua própria indústria.

Por Josias de Souza

domingo, 28 de outubro de 2018

João Doria é eleito governador de São Paulo



O ex-prefeito paulistano João Doria (PSDB) foi eleito neste domingo governador de São Paulo. Com 98,49% das urnas apuradas no estado, o tucano recebeu 51,77% votos válidos e não pode mais ser superado matematicamente pelo atual governador Márcio França (PSB), que tem até o momento 48,23% dos votos válidos.

A disputa pelo governo de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, com 33 milhões de eleitores, teve até agora 1.039.131 votos brancos, 3.487.259 votos nulos e 7.091.739 abstenções.

Com a eleição de Doria, o PSDB chegará a 28 anos no governo do mais populoso e mais rico estado da federação. Antes do governador eleito, ocuparam o Palácio dos Bandeirantes sucessivamente Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.

No primeiro turno, Doria foi o mais votado – recebeu 31,77% dos votos. França ficou em segundo, com 21,53%. O candidato do PSB recebeu apenas 89.133 votos a mais que Skaf, que teve 21,09%.

A reta final das campanhas de Doria e França foi marcada por ataques mútuos. Doria tentou colar sua imagem à de Jair Bolsonaro (PSL), apoiando-se no antipetismo. Já o atual governador reforçou a ideia de falta de compromisso de Doria, que deixou a Prefeitura de São Paulo, embora tenha prometido que cumpriria todo o mandato. Ele também conseguiu apoio de Skaf e do senador eleitor Major Olímpio (PSL).

O Ibope ouviu 6.800 eleitores neste domingo (28). A margem de erro é de dois pontos porcentuais, e o nível de confiança de 99%. O levantamento foi registrado sob os números SP-00714/2018 e BR-06398/2018.

Jair Bolsonaro é eleito presidente e interrompe série de vitórias do PT


Jair Bolsonaro, eleito presidente do Brasil

Candidato do PSL derrotou o petista Fernando Haddad no segundo turno, com 55% dos votos, e foi eleito o 38º presidente do Brasil. Capitão reformado do Exército e deputado federal desde 1991, Bolsonaro se elegeu com promessas de reformas liberais na economia e um discurso conservador, contrário à corrupção, ao PT e ao próprio sistema político.

O presidente da República eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste domingo (28), ao ler o discurso da vitória na porta da casa dele, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que o novo governo será um "defensor da Constituição, da democracia e da liberdade".


sábado, 27 de outubro de 2018

Medidas cautelares aplicadas contra coronel da reserva têm como referência artigos do CP e da Lei de Segurança Nacional.



Se você clicar aqui terá acesso à integra da decisão da 5ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, que resultou nas seguintes medidas aplicadas contra o coronel da reserva Antônio Carlos Alves Correia:
– mandado de busca e apreensão cumprido nesta sexta-feira pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. Foram apreendidos computadores e aparelhos celulares do militar;
– monitoramento por tornozeleira eletrônica;
– proibição de viajar a Brasília;
– proibição de usar arma ou mantê-la em domicílio;
– manter distância mínima de cinco quilômetros de ministros do Supremo ou de Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública.

Transcrevo trecho do despacho:

“(…) há indícios de que as afirmações caluniosas e difamatórias; as exortações e convocações dirigidas a seus seguidores nas redes sociais, assim como as ameaças direcionadas às autoridades, têm por finalidade garantir que as instituições se submetam, a qualquer custo, à sua vontade, o que atenta contra o regime democrático e deve ser coibido na moldura da Lei 7.170/83 (arts. 18, 26 e 28), bem como os artigos 146 e 147 do Código Penal Brasileiro. Reitero que o juízo que se faz acerca da adequação típica neste momento é aquele aparente, próprio da fase cautelar”.

Vale dizer: as ameaças dirigidas por intermédio de vídeos à ministra Rosa Weber, presidente do TSE, e aos demais ministros podem incorrer, segundo a decisão ainda provisória, nos seguintes crimes, previstos na Lei 7.170/83, que é a Lei de Segurança Nacional:

Art. 18 – Tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados.
Pena: reclusão, de 2 a 6 anos.

Art. 26 – Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação.
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos.

Art. 28 – Atentar contra a liberdade pessoal de qualquer das autoridades referidas no art. 26.
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.

E há ainda os crimes previstos nos artigos 146 e 147 do Código Penal:
Art. 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

Reitere-se: o coronel ainda não está sendo processado por esses crimes. Mas, por óbvio, reconhece-se que, em princípio, os indícios de que foram cometidos estão dados. O pedido original da Polícia Federal à Justiça era de prisão preventiva, reconhecendo-se, no entanto, que não poderia ser aplicada em razão do período eleitoral, daí a aplicação de medidas cautelares, substitutivas.

As ofensas e ameaças dirigidas pelo coronel aos ministros do Supremo estão transcritas no documento. Mas basta uma linha de sua fala para deixar claro do que se trata: “Vamos a Brasília. Cercamos o STF. Prendemos. Se resistirem, morrem”.

A decisão da Justiça lembra uma das justificativas para o pedido de prisão preventiva, que acabou substituída por medidas cautelares:

“Oficial Graduado da Reserva do Exército Brasileiro, alega não está sozinho e que está articulado com o comando das forças armadas, incita violência, faz apologia a invasão de prédios públicos como o Congresso Nacional e Tribunal Superior Eleitoral, ameaça fechar o Supremo Tribunal Federal, atenta contra liberdade individual de Ministros destas duas cortes de justiça, além de cometer inúmeros crimes contra honra de seus componentes; também ofende Ministro de Estado e reiteradas vezes alega estar disposto a morrer, sugere que haverá sangue e atenta contra instituições democráticas.”


Os vídeos do coronel falam com absoluta clareza, não é mesmo? E as leis são igualmente claras. De resto, ele certamente deve ser um defensor da Lei de Segurança Nacional, aprovada ainda no regime militar e recepcionada pela Constituição de 1988.

Por Reinaldo Azevedo

Censura em universidades é um aviso hediondo



Juízes eleitorais de todo país ministraram uma aula de insensatez nesta reta final da corrida presidencial. A pretexto de coibir manifestações político-partidárias em universidades, ordenaram batidas policiais de busca e apreensão de faixas e cartazes contra o fascismo, suspenderam aulas e eventos sobre política, retiraram do portal de uma instituição artigo “a favor dos princípios democráticos”, etcétera e tal. As decisões judiciais não são um bom exemplo. Mas constituem um ótimo aviso. Jair Bolsonaro ainda nem foi eleito e já se pratica censura em seu nome.

Proibir a livre manifestação política em ambiente universitário é como privar um navio do contato com o mar. Fazer isso durante um processo eleitoral que se encontra pendurado até nas manchetes da imprensa estrangeira é um atentado contra a lógica, o interesse público e a Constituição Federal. Em ação protocolada no Supremo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pede uma liminar para evitar novas arbitrariedades.

A peça de Raquel Dodge é um tratado sobre o óbvio. Ela escreve que é preciso ''evitar e reparar lesão a preceitos fundamentais resultantes de atos do Poder Público tendentes a executar ou autorizar buscas e apreensões, assim como proibir o ingresso e interrupção de aulas, palestras, debates ou atos congêneres e promover a inquirição de docentes (professores), discentes (alunos) e de outros cidadãos que estejam em local definido como da universidade pública ou privada.”

A Procuradoria contou 21 universidades alvejadas por ações repressivas. Mas os casos já são contados na cada das três dezenas. Suprema ironia: durante duas décadas de ditadura militar, as universidades foram sufocadas, num processo que asfixiou os líderes emergentes. Decorridos 33 anos do restabelecimento da democracia, tenta-se impor limites à autonomia universitária e ao pensamento dos universitários.

Uma liberdade de manifestação na qual não se pode manifestar, candidatos à Presidência de cuja capacidade de presidir não se pode duvidar, juízes eleitorais que não toleram o direito de opinião dos eleitores… Um jovem universitário que ainda não tenha se habituado com o ambiente democrático, fica tentado a exclamar para o Altíssimo: “Meu Deus, que ditadura mais frágil é essa nossa democracia!”.

Por Josias de Souza

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

MPF abre investigação contra Paulo Guedes, guru de Bolsonaro



A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu oficialmente investigação contra o economista Paulo Guedes, guru do candidato à presidente Jair Bolsonaro, no âmbito da Operação Greenfield. O Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) investiga Guedes por crimes de gestão temerária ou fraudulenta de investimentos de recursos de fundos de pensão.

A força-tarefa responsável pela operação já havia, no início do mês, declarado aberta uma investigação preliminar contra Guedes. Durante a apuração, um outro caso de possível fraude foi descoberto. O economista deve ser chamado para depor em breve.

A Greenfield investigou, primeiramente, pagamentos de propina em fundos de pensão. Ao longo de seis anos, o economista captou ao menos 1 bilhão de reais de fundos como Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa), Postalis (Correios), além do BNDESPar, braço de investimentos do BNDES.

Os negócios foram feitos pela BR Educacional Gestora de Ativos, que pertence ao economista. Ela lançou dois fundos de investimentos que receberam, das entidades das estatais, 1 bilhão de reais em seis anos. Entre 2009 e 2013, um dos fundos obteve 400 milhões de reais para projetos educacionais. Os investigadores apuram se o negócio foi aprovado sem análise adequada e gerado ganhos excessivos.

Parte do dinheiro das negociações foi injetada na HSM Educacional SA., controlada por Guedes, ainda segundo o jornal. Ela adquiriu de um grupo argentino 100% das participações em outra empresa, a HSM do Brasil, que buscava lucro na realização de eventos para estudantes e executivos e em palestras. A empresa, porém, apresentou prejuízos, afirma a reportagem, principalmente por causa das remunerações dessas palestras. Na época, o economista fazia conferências promovidas pela HSM. Os investidores tentam rastrear o dinheiro desses eventos para saber quem os recebeu.

Agora, a Greenfield também investiga a possibilidade de Guedes ter utilizado o FIP Brasil de Governança Participativa, para investir 112,5 milhões de reais no grupo de infraestrutura Enesa, com recursos públicos. Logo depois da injeção financeira, a Enesa distribuiu renda a seus acionistas de 77,3 milhões de reais. Contudo, segundo a Procuradoria, naquele período, a empresa apresentou prejuízo após a distribuição, o que foi custeado pelos fundos.

Defesa

A defesa, feita pelos advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, argumenta que “a investigação se baseia em um relatório fragilíssimo, que tratou de apenas um, dentre quatro investimentos realizados pelo fundo. O relatório omite o lucro considerável que o fundo tem propiciado aos investidores e a perspectiva de lucro de mais de 50% do valor investido. Ou seja, não houve qualquer prejuízo às partes envolvidas”.

Os advogados ressaltam que Guedes jamais teve qualquer poder de deliberação sobre o destino dos investimentos, e que todos foram aprovados pelo Comitê de Investimentos, formado por membros indicados pelos cotistas dos fundos de pensão.

“Causa perplexidade que, a setenta duas horas das eleições, o Ministerio Público instaure uma investigação para apurar um investimento que deu lucro aos fundos de pensão”, dizem os advogados.

Na Veja.com


Candidato que ladra não morde? E, caso tente morder, as instituições resistirão ao ataque? Na iminência da eleição de Bolsonaro, as duas perguntas se impõem



Ao PT, o Brasil sobreviveu. Nos treze anos em que o partido ocupou o poder, nenhum de seus arroubos autoritários resultou em algo concreto — para o bem do país. O Supremo Tribunal Federal (STF), alvo recorrente dos ataques da sigla, resistiu a acusações de fazer “juízo político” (Rui Falcão, então presidente do partido, em 2013) no julgamento do mensalão, manteve a serenidade ante declarações como a de que havia se “acovardado” diante da Lava-­Jato (Lula, em 2016), não se abalou com brados de que é “preciso fechar o STF” (deputado Wadih Damous, em abril passado) e encarou com o devido desprezo a iniciativa de outro deputado da sigla que, em 2013, chegou a propor uma emenda constitucional para submeter decisões da Corte ao Congresso. A esdrúxula proposta terminou na gaveta, o mesmo destino que teve a ideia de regulamentar os veículos de comunicação, um eufemismo para censura.

Agora, se não ocorrer de o vento mudar de direção, Jair Bolsonaro (PSL-RJ) deverá se eleger presidente da República no domingo. E tudo indica que o país terá novamente pela frente o desafio de defender a democracia de investidas autoritárias — só que, desta vez, vindas do outro extremo do espectro ideológico. Nos últimos dias, esse risco ficou mais evidente. Começou quando veio à tona um vídeo gravado há três meses no qual Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, aparece palestrando em um curso preparatório para a Polícia Federal em Cascavel (PR). Questionado sobre como procederia se o STF tomasse alguma decisão contrária a Bolsonaro, o filho respondeu que para “fechar o STF” bastaria mandar “um soldado e um cabo”. Queria dizer que o STF deveria comportar-se, pois, se não o fizesse, “aí vai ser ele contra nós”.

Dias depois, em 12 de julho, Bolsonaro filho voltou a bater na mesma tecla em audiência pública sobre o voto impresso, na Câmara dos Deputados. “Acredito que, caso o próximo presidente venha a tomar medidas contrárias ao gosto desse STF, eles vão declarar inconstitucional, e aqui a gente não vai se dobrar a eles, não”, disse. E prosseguiu: para derrubar “a ditadura do STF” é preciso “pensar fora da caixinha” (ganhará uma Glock engatilhada quem adivinhar o que o parlamentar entende por “caixinha”).

Indagado sobre as ameaças contra a Justiça, instituição basilar do regime democrático, Bolsonaro pai declarou que quem tivesse dito tamanha asneira precisava ir “ao psiquiatra”. Ao saber que o paciente em potencial era o próprio filho, disse que a fala deveria ter sido retirada do contexto, mas concordou que era um excesso “do garoto”. Bolsonaro filho tem 34 anos e acaba de reeleger-se deputado federal com 1,8 milhão de votos, a maior votação da história. Depois da repercussão do episódio, Bolsonaro filho pediu desculpas e disse que respondia a uma “hipótese esdrúxula”.

A reação do STF. O que disseram seis ministrosda Corte sobre as declarações de Eduardo Bolsonaro:



Tão logo o vídeo viralizou, os ministros do STF começaram a trocar telefonemas e mensagens de celular. Nas conversas, alguns magistrados chegaram a elevar o tom da voz e chamar o parlamentar de “imbecil”. A maioria defendeu a tese de que a Corte deveria se posicionar publicamente. Mas o presidente do tribunal, Dias Toffoli, preferiu ficar em silêncio, seguindo a cartilha do ex-ministro da Suprema Corte americana Oliver Wendell Holmes: “Somos muito quietos aqui, mas é a quietude do centro de um furacão”. Toffoli não queria levar a discussão para fora do STF. O vice-­presidente do tribunal, ministro Luiz Fux, também achava que, com o passar dos dias, o palavrório perderia força. Mas a quietude da Corte foi rompida pelo decano Celso de Mello, o mais incomodado dos onze ministros. Sem meias palavras, ele emitiu uma nota à Folha de S.Paulo: “Essa declaração, além de inconsequente e golpista, mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República!!!!”. A manifestação de quatro pontos de exclamação do decano tornou ainda mais incômodo o silêncio de Dias Toffoli. Sob pressão, o magistrado então soltou uma nota oficial sem atacar diretamente Eduardo.

Em carta endereçada a Celso de Mello, Bolsonaro lamentou as declarações do filho, classificando-as como “manifestações mais emocionais”, e afirmou que o Supremo é o “guardião da Constituição”. Soou alentador, mas o alento não durou muito tempo. No mesmo domingo em que o vídeo do filho circulou, Bolsonaro escoiceou com gosto — e num mesmo pacote — a imprensa e a oposição, outras duas instituições basilares da democracia. Sobre a imprensa: “Vocês não terão mais verba publicitária do governo”, disse, referindo-se ao jornal Folha de S.Paulo. Em discurso via vídeo destinado à massa que se manifestava na Avenida Paulista, em São Paulo, também defendeu um Brasil “sem mentiras, sem fake news, e sem Folha de S.Paulo”. A hostilidade ao jornal deve-­se à notícia, divulgada no dia 18, de que empresas apoiadoras de Bolsonaro compraram pacotes de disparo em massa de mensagens anti-PT pelo WhastApp em contratos que custaram até 12 milhões de reais — uma ação ilegal e que, levada às últimas consequências, poderia resultar até na cassação da chapa de Bolsonaro. Agora, sobre a oposição: “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora, ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos da nossa pátria”.

Em seu conjunto, essas manifestações mostram que, para Bolsonaro e seu entorno, as instituições são uma eterna fonte de inconveniências. Demonstram que, de modo geral, Bolsonaro acha que a Justiça o persegue e não cumpre seu papel, a imprensa também o persegue e só divulga mentiras, a oposição não merece ter nem existência, os institutos de pesquisa manipulam os números para favorecer seus adversários, as urnas eletrônicas estão sempre programadas para prejudicá-lo com fraudes… Em outras palavras, fica a impressão de que, na visão do presidenciável, as instituições — que sustentam a democracia — conspiram contra ele.

Em reação aos arroubos de Bolsonaro e família, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a ameaça ao STF tinha “cheiro de fascismo”, o que acabou resultando numa leva de apoio à candidatura de Fernando Haddad, do PT. Marina Silva, da Rede, anunciou seu “voto crítico”. Alberto Goldman, tucano histórico, também declarou apoio a Haddad. Um grupo de mais de 1 000 advogados e juristas lançou um manifesto em defesa do petista sob o argumento de que Bolsonaro é uma ameaça à democracia. Outro manifesto, assinado por escritores, editores e livreiros, anunciou apoio ao petista em nome do “risco de retrocessos que a candidatura opositora representa”.

Atualmente em período de silêncio obsequioso, o general da reserva Hamilton Mourão, vice na chapa presidencial, é mais um foco de tensão permanente do núcleo de Bolsonaro em relação ao respeito às instituições. Mourão já descreveu em entrevista o que seria um “autogolpe” e falou publicamente nas vantagens de uma nova Constituição redigida por “notáveis”. Outro reservista, Aléssio Souto, que comanda o programa de governo de Bolsonaro na área de educação e ciência e tecnologia, disse concordar com as ideias levantadas por Mourão em carta enviada ao jornal O Estado de S. Paulo. O general Eliéser Girão Monteiro Filho, deputado eleito pelo PSL no Rio Grande do Norte e visitante eventual do bunker de Bolsonaro, chegou a ponto de defender o impeachment e a prisão de ministros do STF que libertam da cadeia políticos acusados de corrupção. “Não tem negociação com quem se vendeu para o mecanismo”, escreveu, com um quê de mistério conspirador, em sua conta no Twitter.

Até aqui, é preciso que se reconheça, as investidas antidemocráticas de Bolsonaro e seu entorno verde-musgo não passam de arroubos retóricos. O desafio das instituições brasileiras, caso Bolsonaro seja eleito, é garantir que essas ideias esdrúxulas e extremas nunca saiam do plano verbal. O filósofo José Arthur Giannotti, em entrevista a VEJA , acredita no risco à democracia imposto pelo deputado, mas pondera que não há espaço para ímpeto autoritário no Brasil. Pesa a favor do presidenciável o fato de ele tentar conter seus radicais, como quando pediu a Mourão que submergisse e proibiu o filho de se pronunciar novamente contra o Judiciário — e escreveu a carta para Celso de Mello. Bolsonaro também tem demonstrado flexibilidade em recuar sempre que suas falas extrapolam os limites do bom-­senso, como na ocasião em que prometeu “fuzilar a petralhada” ou quando afirmou que não aceitaria nenhum outro resultado eleitoral que não fosse a sua vitória.

Especialistas ouvidos por VEJA destacam que mais agudo que o risco à democracia num eventual governo Bolsonaro pode vir a ser o risco à sua governabilidade. Considerando a alta rejeição, o deputado, se eleito, não gozará da folgada popularidade que costuma refrescar o início dos governos. “Presidentes conseguem centralizar o poder quando têm popularidade, e Bolsonaro não vai ter. Mesmo que ganhe com margem grande, a tendência é que se mantenham a polarização da sociedade e a alta taxa de rejeição a ele. Além disso, boa parte de seu apoio vem de eleitores que nutrem grandes expectativas que serão difíceis de atender”, diz Silvio Cascione, da consultoria Eurasia. Com o objetivo de compor com o centro, Bolsonaro tem enviado emissários para conversar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre a possibilidade de apoiar sua permanência no posto em 2019. Como na política nada é dado, o presidenciável sinalizou querer, em troca, apoio para mudar o Estatuto do Desarmamento. A VEJA, Maia disse não ver em Bolsonaro uma ameaça às instituições democráticas. “Ele sempre jogou dentro do jogo democrático, com sete mandatos vencidos nas urnas”, afirmou o parlamentar e, tudo indica, futuro aliado.

Internamente, ministros do Supremo concordam que é remota a possibilidade de ruptura institucional num eventual governo Bolsonaro. A grande preocupação da Corte recai sobre o entourage do presidenciável, que, além dos filhos, inclui mais de cinquenta deputados federais e quatro senadores com perfis heterodoxos — de príncipe e youtuber a ex-ator pornográfico e generais de pijama. Tal séquito, temem os magistrados, poderá promover ações legislativas com o propósito de, por exemplo, encurtar o mandato de juízes de tribunais superiores vistos como opositores, ressuscitar a ideia de mudar o número de cadeiras no STF (já aventada por Bolsonaro e posteriormente rechaçada por ele) e abrir processos de impeachment contra julgadores. A Justiça é sempre um alvo preferencial em regimes antidemocráticos. Na Polônia, depois da eleição de um governo de extrema direita, o presidente e o Congresso forçaram a aposentadoria de um terço dos ministros da Suprema Corte ao diminuir de 70 para 65 anos a idade dos magistrados para a aposentadoria compulsória. Foi uma forma de promover um expurgo na Corte. Na Venezuela, em 2003, Hugo Chávez elevou de vinte para 32 o número de magistrados, no intuito de obter maioria na Corte.

Os ministros do Supremo brasileiro acordaram que eventuais propostas serão decepadas pela raiz. Para isso, pretendem conversar com representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidades que representam categorias do Judiciário e partidos de oposição. Agindo em sintonia, os grupos querem ficar vigilantes para apontar eventuais inconstitucionalidades do governo ou do Congresso. Os ministros se preparam para enfrentar uma “agenda de conflito inevitável”, especialmente em relação a temas como direitos de minorias e proteção ao meio ambiente. “Caberá ao tribunal atenuar rompantes que ferirem a Constituição”, diz um dos mais antigos ministros do STF.

O certo é que, se nada mudar no domingo e Bolsonaro sair consagrado nas urnas, as instituições serão submetidas a um teste de esforço contra investidas da direita radical. A depender de como reagirem, poderão sair alquebradas ou fortalecidas. Nos Estados Unidos, o Poder Judiciário e o Ministério Público têm servido como anteparo aos excessos cometidos pela Casa Branca. Já em regimes com instituições mais frágeis e presidentes autoritários, como é o caso das Filipinas, a situação é outra. O presidente Rodrigo Duterte, um falastrão violento, tem encontrado pouca resistência aos seus impulsos autoritários, como quando, há um mês, ordenou que a Justiça expedisse uma ordem de prisão contra um senador da oposição, alegando crimes cometidos há mais de uma década — e já anistiados. Há um consenso entre observadores da política de que Bolsonaro não patrocinará nenhum golpe ao estilo do perpetrado pelos generais que tanto admira. Mas a democracia tem nuances e graus. E a vigilância da sociedade é a única forma de garantir sua integridade.

Na Veja.com com reportagem de Edoardo Ghirotto e Nonato Viegas

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Jungmann determina que PF investigue ameaças a profissionais da Folha


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O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, determinou nesta quinta-feira (25) que a Polícia Federal investigue as ameaças contra uma jornalista e um diretor da Folha.

Em ofício enviado ao diretor-geral da PF, Rogério Galloro, Jungmann pede que “sejam adotadas as providências necessárias à apuração dos fatos e à identificação de autoria, circunstâncias e motivações com eles envolvidas”.

A Folha entrou com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na terça-feira (23) solicitando à PF que instaure inquérito para apurar ameaças à repórter Patrícia Campos Mello e ao diretor-executivo do Datafolha, Mauro Paulino.

Os ataques começaram após a publicação da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, no dia 18.

O jornal considera haver indícios de uma ação orquestrada com tentativa de constranger a liberdade de imprensa.

No despacho ao comando da PF, Jungmann diz que, confirmadas as informações relatadas pelo jornal, “pode-se estar diante da configuração de ilícitos penais, e de direta ofensa à inviolabilidade de correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa”. (…)

Na Folha.

‘Quem chega a presidente tem de baixar a crista antidemocrática’, diz Ayres Britto


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O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto avalia que a atual situação do país é “sombria”, mas diz acreditar que a democracia se blindará de qualquer eventual tentativa de “liquidá-la”.

Em entrevista à Folha, o magistrado aposentado, que diz ter sido sondado para o Ministério da Justiça de um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL), considera que o cenário de radicalização se deve ao fato das duas candidaturas presidenciais (Bolsonaro e Fernando Haddad, do PT) se verem como projetos de poder, não de governo.

Para ele, a ideia de convocar agora uma Assembleia Constituinte é “flertar com o abismo” e os poderes do estado devem sair em defesa da liberdade de imprensa se ela estiver em risco. (…)

Uma primeira dama impávida


Prefeito Fernando Diniz e a primeira dama Débora Intrieri Diniz
A campanha contra o prefeito de Caçapava promovido pela Rádio Capital continua a todo vapor. Dois covardes e desrespeitosos radialistas passam duas horas e meia, mais ou menos, e de segunda a sexta vociferando asneiras contra o prefeito, e agora também, contra os vereadores que, eleitos pelo povo caçapavense para julgar casos como este, não concordaram com as acusações urdidas pela rádio e por alguns vereadores ligados ao ex-prefeito Henrique Rinco. Esses vereadores que deram voto contrário, são caçapavenses experientes, e sabem que a origem dessas acusações é absolutamente duvidosa e o interesse é o de sempre, extorsão política. 

Nesta terça-feira (23) a dupla de covardes e desrespeitosos radialistas resolveram atacar a primeira dama de Caçapava e como sempre, com palavras fora do contexto e cheias de grosserias. 

Mulher intrépida e principalmente, de boa formação cultural, além do excelente trabalho social que faz em Caçapava, a primeira dama, esposa dedicada e esteio do prefeito, sai de peito aberto contra esse mau-caratismo midiático que tanto perturba o bom andamento administrativo da cidade. 

Disse a primeira dama no Facebook: 

“Radialista promove a discórdia na cidade, ofende os políticos que não se rendem ao banditismo deles, tenta manipular as pessoas, trabalha contra o governo e tem apoio da oposição, que quanto pior melhor pra eles que vivem da política podre. Caçapava precisa se unir contra essa política suja que atrapalha o desenvolvimento da cidade. Passaram 4 anos em silêncio e a cidade estava abandonada. Onde estavam que não reclamavam da saúde, da empresa de saúde da época, das escolas abandonadas, dos bairros sem asfalto que esperavam há 30 anos de ajuda? E agora esse terrorismo contra o prefeito? Que perseguição é essa?” 

É obvio que esses farsantes políticos jamais compreenderão que para ser defendido por uma esposa tão aguerrida é preciso ter um caráter de qualidade. 

Eles não sabem. Por isso a indignação!

General Villas Boas telefona a Rosa Weber e lhe manda flores como solidariedade



O general Villas Boas telefonou para Rosa, expressou sua solidariedade e lhe mandou flores. Em nota, o Exército disse o óbvio: quem fala pela Força é seu comandante. O texto diz ainda que “o referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército Brasileiro”. Também os ministros do STF se manifestaram e cobraram providências da Procuradoria Geral da República. A fala mais dura foi do decano, Celso de Mello: “O primarismo vociferante desse ofensor da honra alheia faz-me lembrar daqueles personagens patéticos que, privados da capacidade de pensar com inteligência, optam por manifestar ódio visceral e demonstrar intolerância radical contra os que consideram seus inimigos”.

A PF já abriu quatro inquéritos para apurar as ameaças a Rosa Weber; coronel da reserva é o autor da ameaça



A Polícia Federal já abriu quatro inquéritos para apurar ameaças à ministra Rosa Weber, presidente do TSE, todos eles relacionados à estúpida campanha que há no país contra a suposta insegurança das urnas eletrônicas. O caso mais ruidoso está relacionado a uma personagem conhecida nas redes sociais: o coronel da reserva Antonio Carlos Alves Correia. Num de seus vídeos de impressionante violência retórica, ele chama a ministra de “corrupta e salafrária”. Ele já é investigado pelo Ministério Público Militar por ofensas disparadas contra o general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, cuja substituição exige. Cobra ainda que seu substituto, ora vejam!, prenda o presidente Michel Temer.

Reinaldo Azevedo

Forças Armadas ficam alarmadas com extremismo na rede



As Forças Armadas estão preocupadas com a radicalização do processo político. Os militares da ativa fazem questão de deixar claro que não participam do processo eleitoral e que, qualquer que seja o governo, será de civis, ainda que exercido por um capitão da reserva. Alarma os militares a escalada retórica nas redes sociais, sem que seus promotores tenham sido desestimulados a prosseguir em discursos de pura insanidade. Nem os desestimula o candidato Jair Bolsonaro (PSL), e é em defesa de sua candidatura que falam, nem se move, até agora, o Ministério Público Federal. Os domínios estão se confundindo: há uma diferença entre a liberdade de expressão e a falsa comunicação de um crime.

Por Reinaldo Azevedo


Polícia Federal e Ministério Público Federal não podem mais tolerar chicaneiros das redes que cometem crimes de forma escancarada


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Terrorismo é crime tipificado. Não se está a falar simplesmente que o alinhamento ideológico de um partido a uma entidade internacional acarreta esse ou aquele prejuízos ao país. De resto, acusações são lançadas ao vento, como se sabe, sem quaisquer provas ou evidências. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu que os cortes em forma de suástica em uma jovem que disse ter sido atacada na rua, há duas semanas, em Porto Alegre, configuram um caso de “autolesão”. Para o delegado Paulo César Jardim, há indícios de automutilação ou de ferimentos feitos de forma consentida. Ele decidiu indiciar a garota por falsa comunicação de crime. Se é como ele diz, e é preciso que a investigação continue — não estou comprando a versão —, agiu de modo acertado. Seu único erro foi ter visto na suástica um símbolo budista… Ora, o alarde de um suposto ataque terrorista ou a afirmação de que existe o “Fulano” que responde pela fraude às urnas eletrônicas constituem o quê? E notem que a jovem que disse ter sido marcada nem mesmo queria levar a denúncia adiante. Ocorre que a investigação de algo dessa natureza independe da vontade da suposta vítima. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal não podem mais tolerar que chicaneiros usem as redes sociais como esgoto moral de suas irresponsabilidades.

Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O cavalo de Esopo


Acreditaram que os filtros democráticos e os sistemas de pesos e contrapesos das instituições imporiam freios à ação de demagogos.

Em seu indispensável “Como morrem as democracias”, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt recorrem à fabula do cavalo e o caçador do escritor grego Esopo. Com ela explicam o que aconteceu com quem aplainou o terreno para a assunção de tiranos como Adolf Hitler, Benito Mussolini, Hugo Chávez e outros.

Em guerra contra o javali, o cavalo pede auxílio ao caçador que se dispõe a ajudá-lo desde que aceite a rédea e a sela em suas costas. Vencida a disputa, o cavalo pede que o homem o libere daquelas amarras. A resposta: “agora eu o tenho sob minhas rédeas e espora e vou mantê-lo assim”.

Segundo os autores, foi isso o que aconteceu em sociedades que, para se livrar de problemas reais, facilitaram a assunção dos que viriam a ser seus algozes. Acreditaram que os filtros democráticos e os sistemas de pesos e contrapesos das instituições imporiam freios à ação de demagogos autoritários. Acreditaram também que ameaças não precisariam ser levadas a sério por se tratar de pura retórica.

O Brasil parece acometido pela síndrome do Cavalo de Esopo. Para se livrar da violência que mata 60 mil pessoas ao ano, da corrupção, do desemprego e da crise institucional gerados pelos governos Lula e Dilma Rousseff, parte majoritária da sociedade está disposta a se submeter à Jair Bolsonaro. Faz ouvido de mercador às sucessivas ameaças do candidato e de seus seguidores, achando possível domesticá-lo.

No último domingo, manifestantes diziam que, se no futuro o “mito” frustrar expectativas, vão tirá-lo do poder, como fizeram com Dilma. Convenhamos, impeachment não acontece como quem troca de camisa.

As esporas podem causar muita dor se o discurso de Bolsonaro do último domingo for levado a sério. A manifestação do candidato, além de grosseira, é uma peça absolutamente incompatível com o ordenamento democrático. Seu “prendo e exilo” explicita claramente a ideia de extirpar seus adversários, de vê-los como inimigos da pátria, algo bem próprio do “Brasil, ame-o ou deixe-o” dos anos de chumbo. No passado Lula queria extirpar o DEM, agora Bolsonaro quer extirpar o PT. Com igual ênfase, Fernando Haddad diz que o ex-capitão “é tudo que precisa ser varrido da face da terra”.

Como se não bastasse, antes mesmo de se erigir ao poder, o Bolsonarismo cria um potencial conflito entre os poderes, com as agressões de seu filho à Suprema Corte do país. Com manifestações que “beiram o fascismo e ultrapassam as barreiras do aceitável”, como enfatizou o ex-presidente Fernando Henrique, Bolsonaro e os seus demonstram não só desrespeito, mas pouco caso com as instituições.

O Bolsonarismo é hoje uma corrente importante da sociedade. É fundamental que venha para dentro da institucionalidade, assim como o PT veio no início dos anos 80, podendo se beneficiar da alternância do poder, se essa for a decisão dos eleitores. Mas tudo isto em absoluta consonância com os valores democráticos, a independência entre os poderes e o direito ao dissenso.

Está em jogo algo muito maior do que o voto neste ou naquele candidato. Isto será decidido pelo pronunciamento soberano das urnas. Mas, independentemente do resultado, é essencial que os filtros e os guardiões da democracia operem com todo vigor para que os brasileiros não fiquem sob as rédeas de tiranos de qualquer natureza.

Por Hubert Alquéres,  professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo

Dodge pede arquivamento de inquérito contra Aécio Neves e STF acata!


Senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) - 16/07/2014

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o arquivamento de um inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre a manipulação de informações na CPI dos Correios, em 2005. A decisão também beneficia Clésio Andrade, ex-vice-governador de MG durante o primeiro mandato de Aécio (2003-2006), e Eduardo Paes, então deputado federal e secretário-geral do PSDB.

Relator do inquérito, Gilmar Mendes concordou com o pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, segundo o qual não há provas suficientes contra os envolvidos. O inquérito foi aberto com base em um acordo de delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. Os três passaram a ser investigados por supostas fraudes nos registros do Banco Rural enviados à CPI com o objetivo de excluir alvos da comissão parlamentar.

“De acordo com a Procuradoria-Geral da República, ‘não há elementos de prova que indiquem a atuação de Aécio Neves ou Clésio Andrade no ato praticado por Delcídio do Amaral, tampouco qualquer atuação de Eduardo Paes. Ademais, segundo a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, não se vislumbram outras diligências que permitam elucidar
os fatos e sua autoria, razão pela qual não há elementos suficientes para fundamentar a continuidade da investigação”, assinalou Gilmar Mendes.

Na Veja.com

Gula do PSL surge antes da vitória de Bolsonaro


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As urnas do segundo turno ainda nem foram computadas e o PSL já começou a dificultar a vida de Jair Bolsonaro. Todo mundo sabe que Rodrigo Maia (DEM-RJ) é candidato a permanecer no comando da Câmara. Mas um ala do partido do capitão avalia que desafiar Maia é uma prioridade. Em verdade, trata-se de uma temeridade, pois Rodrigo Maia arrasta consigo o apoio da maioria do centrão.

A ala mais gulosa do PSL sonha com a hegemonia política porque virou a segunda maior bancada da Câmara, com 52 deputados, atrás apenas do PT. Os correligionários de Bolsonaro confundem ingenuidade com autoconfiança. Em vez de hegemonia, podem obter isolamento político.

Bolsonaro já farejou o cheiro de queimado. Pediu moderação ao PSL. Mas alguns dos seus correligionários ainda não se deram por achados. O último partido que imaginou que poderia acumular as presidências da Câmara e da República foi o PT. Em 2014, o petismo decidiu cutucar o MDB lançando Arlindo Chinaglia como adversário de Eduardo Cunha na briga pelo comando da Câmara. A manobra custou o pescoço de Dilma Rousseff.

Por Josias de Souza

terça-feira, 23 de outubro de 2018

"Imundo, sórdido e repugnante", diz Celso, sobre ofensas a Rosa Weber




O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, chamou de "imundo, sórdido e repugnante" o vídeo em que o coronel Carlos Alves chama a ministra Rosa Weber de "salafrária e corrupta" e de "vagabunda". O coronel também diz que a ministra teve "prazer quase sexual" em receber integrantes do PT e do PDT.

Em sessão da 2ª Turma nesta terça, o ministro Celso decidiu se pronunciar em defesa dos colegas e chamar atenção para os crimes cometidos pelo oficial do Exército no vídeo. A turma decidiu, por unanimidade, mandar a Procuradoria-Geral da República investigar o cometimento de crimes.

Mais tarde, o Exército Brasileiro também divulgou uma nota informando que o general Villas Bôas, chefe das Forças Armadas, também solicitou investigação sobre o vídeo, ao MP Militar.

No vídeo, o coronel diz que, se Rosa impedir que Jair Bolsonaro (PSL) tome posse como presidente por causa de crimes eleitorais, ele fechará o Supremo. Bolsonaro é réu numa ação de investigação ajuizada pelo PT no Tribunal Superior Eleitoral. A acusação é de caixa 2 e financiamento empresarial ilegal por causa um esquema de disparo em massa de milhões de mensagens pelo WhatsApp.

Leia o pronunciamento do ministro Celso:

Circulou, na Internet, um vídeo com criminosas ofensas morais à honra, à dignidade, à alta respeitabilidade e à integridade pessoal e ilibada reputação da eminente Ministra Rosa Weber, Presidente do E. Tribunal Superior Eleitoral, Juíza deste Supremo Tribunal Federal e magistrada de irrepreensível conduta profissional!

O discurso imundo, sórdido e repugnante do agente que ofendeu a honra da Ministra Rosa Weber – uma mulher digna e magistrada de honorabilidade inatacável, que exerce, como sempre exerceu, a função judicial com talento e isenção, de modo sóbrio e competente – exteriorizou-se mediante linguagem profundamente insultuosa, desqualificada por palavras superlativamente grosseiras e boçais, próprias de quem possui reduzidíssimo e tosco universo vocabular, indignas de quem diz ser Oficial das Forças Armadas, Instituições permanentes do Estado brasileiro que se posicionam acima das paixões irracionais e não se deixam por elas contaminar, paixões essas que cegam aqueles que, a pretexto de exercerem a liberdade de palavra – que constitui um dos mais preciosos privilégios dos cidadãos da República –, resvalam para o plano subalterno da prática abusiva e criminosa da calúnia, da difamação e da injúria.

O primarismo vociferante desse ofensor da honra alheia faz-me lembrar daqueles personagens patéticos que, privados da capacidade de pensar com inteligência, optam por manifestar ódio visceral e demonstrar intolerância radical contra os que consideram seus inimigos, expressando, na anomalia dessa conduta, a incapacidade de conviver em harmonia e com respeito pela alteridade no seio de uma sociedade fundada em bases democráticas.

Todo esse quadro que resulta do vídeo imundo e abjeto que mencionei – vídeo esse que, longe de traduzir expressão legítima da liberdade de palavra, constitui verdadeiro corpo de delito comprobatório da infâmia perpetrada por referido autor das ofensas morais – leva-me a repudiar com veemência e a desprezar com repugnância tão desonroso comportamento em que incidiu o militar em questão, não só para vergonha e ultraje do sentimento de decência que nos anima a todos, mas, sobretudo, para constrangimento da Força Singular a que diz pertencer!

Quero estender, bem por isso, a minha pessoal e irrestrita solidariedade à eminente e honrada Ministra Rosa Weber, magistrada de valor, brilho e seriedade incomparáveis cujo inconspurcável patrimônio moral tem o integral respeito de todos os seus colegas deste Supremo Tribunal Federal e da comunidade jurídica em geral, pois os injustos e criminosos ataques à sua honra ilibada representam um ultraje inaceitável a esta Suprema Corte, à ordem democrática e ao Poder Judiciário do Brasil!

Finalmente, Senhor Presidente, a minha solidariedade estende-se, por igualdade de razões, aos eminentes Ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux, que são magistrados probos e exemplares cuja integridade pessoal e comportamento profissional desautoriza os doestos contra eles assacados e os vilipêndios que criminosamente atingiram, de modo injusto, o patrimônio moral desses eminentes Juízes do Supremo Tribunal Federal.

Preocupação com extremismo de candidato chega ao alto escalão das Forças Armadas, que vê a Reforma da Previdência sob dupla perspectiva


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A preocupação também já chegou ao alto escalão das Forças Armadas. Não! o alto oficialato não tem dúvida nenhuma entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), embora preferisse mesmo um nome viável que nem fosse do PT nem tivesse vestido farda um dia. Setores ligados à Inteligência entendem que Bolsonaro terá de encaminhar uma proposta de reforma da Previdência, por exemplo, porque, além de necessária, nisso se ancoram as esperanças que os mercados e o empresariado depositam no candidato. E aí veem duas complicações. Haverá necessariamente mobilização de setores da sociedade, especialmente os sindicatos de trabalhadores e servidores, que vão se opor às mudanças. Como os meios-tons da política desapareceram, restam as tinturas radicais de um lado e de outro. Sim, senhores! Da boca de um general, saiu a seguinte afirmação: “Não se deve confundir a reforma da Previdência com repressão policial.” Reitero: isso não é conversa de petista. Há mais: os militares acham que, num momento em que é alta a intolerância da sociedade com tudo o que se considera “privilégio”, será grande a cobrança para que o regime de aposentadoria dos membros das Forças Armadas e das polícias militar e civil sigam os marcos que forem adotados para os demais servidores.

Sobre eventuais conflitos com oposicionistas, diz militar: “Para as Forças Armadas, o que interessa é a paz social, não o contrário”

Por isso soou o alarme quando Jair Bolsonaro disse, na “live” para os manifestantes da Paulista o seguinte: “Vocês, petralhada, verão uma polícia civil e militar, com retaguarda jurídica pra fazer valer a lei no lombo de vocês”. Polícia serve para prevenir crimes e reprimir criminosos, não para intimidar adversários. Um dos militares preocupados com o risco de conflitos futuros lembrou que a população era majoritariamente contrária às manifestações violentas de junho de 2013. Mas a opinião pública se voltou contra o governo federal e os governos estaduais quando as cenas de confrontos de rua começaram a ganhar a imprensa, com manifestantes feridos. Resume o militar: “Para as Forças Armadas, o que interessa é a paz social, não o contrário”.

Por Reinaldo Azevedo

Ministros de tribunais superiores deixam claro que não serão toleradas agressões a direitos fundamentais; antes feliz, MPF já se inquieta


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Por mais animado que seja, não há petista ou antibolsonarista que aposte numa reversão da vitória de Jair Bolsonaro. De todo modo, cresceu bastante nos dois últimos dias a disposição de forças políticas distintas, até mesmo antagônicas — PT e setores do PSDB, por exemplo — se juntarem desde já numa espécie de “resistência democrática” ao discurso truculento do clã Bolsonaro. Nos corredores dos tribunais, há praticamente uma unanimidade: não serão toleradas agressões aos direitos fundamentais, garantidos pela Constituição. Até setores do Ministério Público Federal que veem com simpatia o quadro eleitoral porque entendem que ele representa um endosso à Lava-Jato já começam a ver com desconfiança o futuro. Nesse caso, a fala de Eduardo pesa até menos do que as de Jair e alguns de seus assessores.

Por Reinaldo Azevedo

Empresários pró-Bolsonaro só registram doação a outros candidatos, o que levanta suspeitas de caixa dois


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O grupo de empresários mais próximos do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) fez doações a outros candidatos, mas não contribuiu oficialmente com a campanha do militar.

A campanha de Bolsonaro é investigada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por doações não declaradas de empresários por meio de serviços de disparo de mensagens via WhatsApp —apuração aberta após reportagem da Folha.

Até o momento, o candidato do PSL declarou apenas R$ 1,7 milhão em despesas, menos do que os principais concorrentes. Para se ter uma ideia, Guilherme Boulos (PSOL) gastou R$ 5 milhões.

Dois membros do núcleo empresarial do militar, Luciano Hang, da loja de departamento Havan, e Mário Gazin, das lojas Gazin, chegaram a fazer um vídeo em que o segundo pede vitória de Bolsonaro no primeiro turno para “não gastar mais dinheiro”. Depois, Gazin disse que, ao falar de dinheiro, se referia aos gastos do país com a eleição.

No entanto, Gazin, integrantes de sua família e empresa doaram cerca de R$ 300 mil reais ao DEM de Mato Grosso e outros candidatos.

Luciano Hang contribuiu com R$ 160 mil a cinco candidatos – novamente, nenhum deles é Bolsonaro. A maior doação feita por Hang foi de R$ 100 mil a Ratinho Jr. (PSD), eleito governador do Paraná.

Conforme a Folha revelou, Hang é um dos empresários que bancaram pacotes de disparos de mensagens via WhatsApp contrárias ao PT – ele nega. A prática é ilegal porque empresas estão proibidas de doar para campanhas eleitorais e porque os valores não foram declarados.

Além de Hang e Gazin, outros empresários do seleto grupo empresarial ligado à campanha do militar também ignoraram ou registraram doações ínfimas a Bolsonaro, embora tenham contribuído com outros políticos.

Na Folha

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Ataques de Bolsonaro à imprensa ameaçam a democracia, dizem associações de jornalistas


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Associações de jornalistas profissionais manifestaram repúdio aos ataques que Jair Bolsonaro (PSL) fez à imprensa em discurso transmitido na Avenida Paulista, durante manifestação ocorrida no domingo (21).

Para as organizações, as declarações de Bolsonaro ameaçam a liberdade de imprensa e a democracia, demonstram que o candidato não compreende a função do jornalismo e elas impõem ao público o discurso que é mais conveniente para o militar.

No discurso, o presidenciável disse: “Sem mentiras, sem fake news, sem Folha de São Paulo. Nós ganharemos esta guerra. Queremos a imprensa livre, mas com responsabilidade. A Folha de São Paulo é o maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo. Imprensa livre, parabéns; imprensa vendida, meus pêsames.”

Marcelo Rech, presidente ANJ (Associação Nacional de Jornais) e vice-presidente do Fórum Mundial de Editores disse que o teor das declarações de Jair Bolsonaro revela ignorância sobre a função da imprensa.

“É lamentável esse tipo de comentário, sobretudo vindo de um candidato à Presidência da República, pois demonstra incompreensão sobre o papel do jornalismo. Também é condenável a ameaça de retaliação com investimentos publicitários do governo, que devem seguir sempre critérios técnicos e não políticos”, afirmou Rech.​

Para a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), políticos atacam a imprensa porque preferem impor ao público o discurso que mais convém aos interesses deles. Ainda segundo a associação, é função do bom jornalismo cobrar que os candidatos, independente da posição ideológica, respeitem às leis e o regime democrático.

“Para demonstrar algum compromisso com a preservação da democracia, o candidato deveria condenar a intimidação de jornalistas, em vez de fomentar essa prática”, disse Daniel Bramatti, presidente da associação.

A Abraji já compilou 140 casos de violência contra jornalistas no período eleitoral. Com o crescimento do assédio, a associação tem divulgado uma cartilha que orienta repórteres sobre ataques virtuais.

Ameaças e agressões durante o exercício da profissão tornam instável o trabalho de jornalistas no Brasil, diz a Repórteres Sem Fronteiras, organização não-governamental.

Em 2018, de acordo com a ONG, entre 180 países analisados, o Brasil ocupa a 102ª posição em liberdade de atuação da imprensa.


Em nota, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) disse que espera que “a incontinência verbal do candidato Jair Bolsonaro (PSL) em relação à Folha tenha sido proferida no calor das paixões”. 

No dia 17 de outubro, Jair Bolsonaro (PSL ) e Fernando Haddad (PT) assinaram o termo de compromisso elaborado pela ABI no qual afirmam que vão respeitar a liberdade de imprensa. Domingos Meirelles, presidente da associação, diz não acreditar que as declarações de Bolsonaro quebram o termo de compromisso assumido com a associação, mas acha inaceitável ameaças e intimidações contra veículos de comunicação. 

“Esperamos que a manifestação do candidato Jair Bolsonaro se circunscreva a esse lamentável episódio e que essa grave ameaça tenha apenas representado uma desastrada bravata de campanha”, encerra a nota.