Pois é. Já há gente saltando do navio.
Alguém viu Sergio Moro por aí? É claro que não!
O ministro é a mais robusta ausência durante a crise do coronavírus. Se o presidente Jair Bolsonaro está com sede de sangue, à cata de alguém que, por discordar de seus postulados, deve ser tratado como traidor, que corte, então, a cabeça de Moro. Seria irrelevante para a saúde dos brasileiros. E o direito ainda sairia ganhando.
O ministro já concedeu entrevistas em favor da aplicação da quarentena. Até aí, bem! É claro que não vou criticá-lo por isso. O que incomoda no doutor é que ele foge de todos os embates que dizem respeito ao ordenamento democrático e ao estado de direito. Defender a quarentema é fácil. Quero ver é ter coragem de dizer que o presidente não tem competência legal para determinar por decreto o fim da dita-cuja.
Parece evidente que o ministro resolveu submergir, assistindo, de fora, à crise, deixando que seu chefe se estoure para, eventualmente, assumir o lugar que lhe cabe, não é? Qual? O verdadeiro líder da extrema-direita brasileira. As teses de Moro para o direito são equivalentes às de Bolsonaro para a epidemiologia: muita impressão e nenhuma ciência. Mas volto.
Também o ministro e sua "conja" estão tirando uma casquinha do Solitário do Planalto.
No Instagram, Rosângela Moro escreveu:
"Entre ciência e achismos eu fico com a ciência.
Se você chega doente em um médico, se tem uma doença rara você não quer ouvir um técnico?".
Foi além: "Mandetta tem sido o médico de todos nós" e "In Mandetta I trust".
Depois apagou. Mas o recado já estava dado.
Informa a Folha:
Em outra postagem, mais cedo, Rosangela compartilhou uma reportagem que tinha como chamada a frase do marido: "Tem que seguir as regras de isolamento, mas manter a calma".
Abaixo, ela escreveu: "E mais ministro, temos que ter discernimento (capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado)". E também finalizou com "in Moro I trust."
Isso tudo traduz amor do casal pelas escolhas de Mandetta? Huuummm...
Eu diria que isso tudo traduz a sensação de que o navio vai afundar. Então é bom se preparar para pular fora. Afinal, em caso de naufrágio de Bolsonaro, Moro é candidato natural a disputar seu espólio eleitoral.
Por Reinaldo Azevedo
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