O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, negou pedido do senador Flávio Bolsonaro para trancar as investigações sobre o caso da rachadinha. O primogênito do presidente da República é acusado de se apropriar de nacos dos salários dos assessores do seu gabinete quando dava expediente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Foi a nona tentativa de Flávio de obter um, digamos, isolamento judicial do seu processo, trancando-o. Repetindo: o Zero Um já tentou melar o inquérito em que é acusado de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove vezes. Cogita recorrer pela décima vez.
Félix Fischer refugou o argumento segundo o qual o Coaf teria quebrado os sigilos fiscal e bancário ilegalmente. Em procedimento validado pelo Supremo Tribunal Federal, o Coaf seguiu o manual ao compartilhar dados de Flávio com o Ministério Público do Rio.
Flávio alega que o processo que o envolve é obra de investigadores inescrupulosos que teriam o propósito de atingir o governo do seu pai. Não faz nexo, pois o senador não é o único investigado. Sofrem o mesmo esquadrinhamento três dezenas de parlamentares e servidores da Assembleia fluminense.
Flávio Bolsonaro arrisca-se a ser acusado de plágio pelo PT, pioneiro no uso do escudo da perseguição. Aliás, o ministro Félix Fischer foi o relator no STJ do processo contra Lula no caso do tríplex do Guarujá. Está habituado à tática da embromação processual. O STJ pendurou no pescoço da divindade petista uma medalha de corrupto de terceira instância.
O primogênito do presidente foi à fogueira depois que o Coaf pilhou movimentação financeira suspeita na conta do faz-tudo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz. Coisa de R$ 1,2 milhão em um ano. Em três anos, R$ 7 milhões.
Em depoimento escrito, Queiroz admitiu para os promotores que mordia pedaços dos contracheques de servidores do gabinete de Flávio. Alegou que usava a verba para contratar prestadores de serviço nas bases eleitorais do então deputado estadual. Não conseguiu demonstrar o arranjo documentalmente.
O Coaf também farejou 48 depósitos de R$ 2 mil na conta do próprio Flávio. Depósitos feitos no caixa eletrônico da Assembleia, em dinheiro vivo. Descobriu-se, de resto, que o Zero Um tem apreço por milicianos. Quando se imaginava que não houvesse mais nada, sobreveio a descoberta de que Flávio realizara negociações imobiliárias com a velocidade de um raio, com elevação exponencial de patrimônio.
Jair Bolsonaro se finge de morto diante do drama penal do filho. Numa fase em que o capitão está quase retornando às ruas para exigir, em piquetes defronte de lojas, a reabertura do comércio, deveria dar o exemplo em casa. Assim como vocifera a favor do religamento das fornalhas da economia, deveria lançar a campanha com o seguinte mote: "Abaixo o isolamento judicial. O processo contra o Flávio Bolsonaro não pode parar."
Por Josias de Souza
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