Antes de deixar o palácio residencial do Alvorada para mais uma de suas pedaladas sanitárias dominicais, Jair Bolsonaro inspecionou a publicação de um post nas redes sociais. Nele, o presidente fustigou o ministro Celso de Mello.
"Essa bala perdida vai atingir todo o Supremo", disse à coluna um dos ministros da Corte. "Ou o presidente Bolsonaro está juridicamente mal assessorado ou decidiu transformar inquérito em palanque, o que não me parece aconselhável."
Sem citar o nome de Celso de Mello, Bolsonaro borrifou na atmosfera a insinuação de que o decano do Supremo cometeu abuso de autoridade ao divulgar o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril praticamente na íntegra.
Bolsonaro reproduziu artigo 28 da lei 13.869, de 2019. Diz o seguinte: "Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado: pena - detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos."
Ao comentar o post, o colega de Celso de Mello disse que Bolsonaro comete três erros num único movimento: 1) Esgrime uma tese jurídica precária; 2) Ecoa o ministro Abraham Weintraub (Educação) na ideia de prender ministros do Supremo; e 3) Unifica a Corte contra si.
Quer dizer: ao levar Celso de Mello à alça de mira, Bolsonaro exerce em toda sua plenitude o direito de ladrilhar seu próprio caminho para o inferno.
Por Josias de Souza
Um comentário:
Os Bolsonaros são trituradores de competentes e íntegros profissionais que cometem o erro de aceitar convites deles para integrar o ministério e outros cargos. Todos os passos dos Bolsonaros são em função do único objetivo deles, o Poder pelo Poder. No Ministério, com duas ou três exceções, só ficam com eles os fisiológicos tudo por dinheiro e os medíocres tudo pelo status, que topam fazer tudo que satisfaça aos desejos dos Bolsonaros. Democracia e caráter são palavras com outros significados para os Bolsonaros. O bando de militares no governo formam a equipe que ajuda os Bolsonaros terem os demais sob controle. E o povo? "O povo que se exploda".
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