O governador de São Paulo, João Doria, avalia que a crise do coronavírus influenciará o comportamento do eleitor brasileiro. Sem mencionar o nome de Jair Bolsonaro, que saltou em 2018 do baixo clero da Câmara para o Planalto, ele afirmou: "Dificilmente a população brasileira pensará em eleger alguém sem experiência para a Presidência da República" em 2022.
Em entrevista ao UOL, Doria disse acreditar que a memória dos problemas causados pela pandemia levará o brasileiro a fugir dos extremos políticos, optando por um candidato experiente e de centro na próxima sucessão presidencial. Postulante não declarado ao Planalto, Doria é visto por Bolsonaro como seu principal rival.
O governador insinuou que a polarização entre a direita bolsonarista e a esquerda petista deve ser substituída por uma inflexão de parte do eleitorado rumo ao que chamou de "centro democrático".
No vídeo abaixo, você assiste à íntegra da conversa com Doria. Ele celebra o encontro civilizado que os governadores tiveram com Bolsonaro, por videoconferência, nesta quinta-feira (20). O trecho da entrevista que trata de eleições começa na altura de 31min:29s.
Vão reproduzidas na sequência quatro declarações que resumem o pensamento de Doria sobre a disputa política que compõe o pano de fundo de uma crise sanitária que já produziu mais de 20 mil mortos no país.
Efeito eleitoral da pandemia
"Teremos ainda um período de sofrimento no ano de 2021. Em 2022, essa será uma pauta importante para o país no plano econômico e também no plano eleitoral. Dificilmente a população brasileira pensará em eleger alguém sem experiência para a Presidência da República."
Fim da fase de testes
"A memória dessa pandemia, dos problemas que foram gerados pela pandemia fará com que cada brasileiro faça uma profunda reflexão na sua decisão de voto, seja para o Legislativo, seja para o Executivo. Certamente a população brasileira não desejará fazer testes. Vai buscar aqueles que poderão oferecer, com mais experiência, mais segurança o melhor futuro para os brasileiros."
Despolarização da política
"As polarizações que já ocorreram num passado recente e estão ocorrendo agora entre extrema direita e extrema esquerda não produzem bons resultados. Todos aqueles que gostam de caminhar pelo extremo não gostam de dialogar, de conversar, de aceitar o contraditório, com uma definição de um princípio democrático. Não há uma única ideia, uma única solução. Acredito que isso vai valorizar o centro democrático. Nada a ver com o centrão do Congresso Nacional, mas um centro democrático capaz de valorizar o diálogo com a esquerda e com a direita, capaz de compreender o contraditório. [...] Os extremos não são contributivos. Nós percebemos nesse período recente da democracia brasileira os equívocos cometidos pelos extremismos."
Convergência das forças de centro
"Isso é possível de acontecer, porque a maturidade, a experiência prática daqueles que como governantes, como legisladores vão compreender a importância deste comportamento do centro democrático, que é aquele que valoriza um comportamento liberal na economia, mas respeitoso em relação às pessoas, à diversidade, aos valores de uma sociedade, à cultura, à história, aos valores e aos princípios democráticos. [...] Este será o grande debate pós-pandemia. Agora, não. Não é o momento de iniciar e nem de aprofundar esse debate. Mas pós-pandemia certamente será necessário. E os efeitos da pandemia vão contribuir para que esse debate seja mais democrático e identifique os grandes equívocos do passado e do presente mais recente desta linha extremista, que não contribui para o bem do Brasil."
Por Josias de Souza
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