O Brasil de Jair Bolsonaro já superou algumas nações ricas, caminha para o pódio e, a depender do esforço das suas, digamos, "elites", chega ao primeiro lugar. O registro de mortes em 24 horas tem novo recorde e passa bastante de mil: 1.179. Os infectados são 271.628, o que já rende pódio. Trata-se do terceiro país com maior número de casos, perdendo apenas para os EUA, muito na dianteira (1,5 milhão) e para a Rússia, mas encostando: 290 mil. Em óbitos, está em sexto lugar, mas fiquem certos: vai disputar uma das três medalhas do terror. Nesse quesito está atrás de EUA (91 mil), Reino Unido (35 mil), Itália (32 mil), França (28 mil) e Espanha (27 mil).
Os EUA são uma marca do mal ainda bastante distante, mas é possível que o Brasil caminhe celeremente para o segundo lugar porque as mortes e contaminações estão em declínio nos países europeus. Entre nós, esses números estão em ascensão vertiginosa.
Como informa a Folha, a Covid-19 é a maior causa de morte no Brasil agora. Supera todos os óbitos por problemas cardiovasculares (infartos e AVCs): 980. Morrem 624 pessoas de câncer por dia. As mortes por causas externas (acidentes e violência) somam 424. São números de 2018 fornecidos pelo SUS.
Eis a "gripezinha" anunciada por Jair Bolsonaro. Qual era mesmo a previsão de um gênio como o deputado Osmar Terra? A doença não mataria mais do que a gripe, ele disse, no Rio Grande do Sul...
O PADRÃO DITADURA DIANTE DA VERDADE
O Ministério da Saúde virou uma divisão das Forças Armadas, particularmente do Exército. No dia em que o país superou a marca de mil registros diários de morte, o general Eduardo Pazuello não deu as caras, como se quisesse se distanciar da notícia ruim. A entrevista coletiva foi voltada para uma campanha de doação de leite materno e de teleatendimento psicológico e psiquiátrico para profissionais de saúde.
Nesta quarta, contra tudo o que recomenda o saber científico, será assinado o protocolo da cloroquina. Não se conhece ainda o texto. Qualquer que seja a recomendação para que se use a droga, estará na contramão do que recomenda o conhecimento científico.
Entre as muitas manifestações alertando para os riscos associados ao uso da cloroquina, há um documento assinado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
A Sociedade Brasileira de Imunologia também afirma em texto: "Trata-se de um medicamento com efeitos adversos graves que devem ser levados em consideração. Desta forma a SBI fortemente recomenda que sejam aguardados os resultados dos estudos randomizados multicêntricos em andamento, incluindo o estudo coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da hidroxicloroquina e as suas associações para o tratamento da Covid-19".
E daí? O que sabem os médicos intensivistas, infectologias, pneumologistas ou imunologistas? Nada!
Temos o Demiurgo da Cloroquina. Herdou um saber dos céus.
A questão, agora, é como a legislação vai responder a tanto descalabro.
Já passou da hora de os operadores do direito entrarem em ação. Antes que um Estado criminoso se insinue nas dobras do estado de direito.
Por Reinaldo Azevedo
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