sábado, 23 de maio de 2020

Durou pouco trégua do capitão com bosta e estrume


ABR

Inaugurado na quinta-feira, o cessar-fogo entre Jair Bolsonaro e os governadores durou apenas um dia. As línguas estão novamente engatilhadas. Reabriram-se os paióis. Aquele Bolsonaro que tratou com fidalguia os 27 governadores numa videoconferência era de vidro e se quebrou.

O Bolsonaro legítimo, o puro, o escocês estava, por assim dizer, engarrafado numa gravação feita há um mês. Em plena reunião ministerial, o capitão chamara João Doria de "bosta" e Wilson Wietzel de "estrume", Pespegara um "bosta" também em Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus.. 

Içado às manchetes por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo, o Bolsonaro real soou na gravação captada pelas câmeras do Planalto mais escatológico do que o presidente que realiza exercícios diários de exacerbação defronte do Alvorada.

"O que os caras querem é a nossa hemorroida! É a nossa liberdade! Isso é uma verdade", declarou Bolsonaro durante a reunião ministerial. "O que esses caras fizeram com o vírus - esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros -, é exatamente isso. Aproveitaram o vírus."

Bolsonaro prosseguiu: "Está um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta. Que quem não conhece a história dele, procure conhecer, que eu conheci dentro da Câmara, com ele do meu lado, né? E nós sabemos a ideologia dele e o que ele prega. E quem ele sempre foi. Está aproveitando agora, um clima desse, para levar o terror no Brasil".

"Lamentável exemplo em meio à maior crise de saúde da história do país e diante de milhares de vítimas", escreveu o governador de São Paulo no Twitter. "Tanto na reunião ministerial quanto em sua live em frente ao Alvorada, Bolsonaro segue de forma destoante", ecoou Wietzel.

Em nota, Virgílio escreveu que Bolsonaro exibe despreparo e vulgaridade que destoam da instituição que deveria saber honrar. Classificou de criminoso o boicote do presidente ao isolamento social. Disse que Bolsonaro é "cúmplice de tantas mortes causadas pelo Covid-19".

Testemunha da conversa de Bolsonaro com os governadores na quinta-feira, o presidente do Senado, definiu o armistício como "um momento histórico". Não se deu conta de que histórico mesmo na conjuntura atual é o zelo com que o presidente da República se abstém de presidir a crise sanitária, potencializando o desempenho do vírus.

Por Josias de Souza

Um comentário:

AHT disse...

Se palavrões e grosserias fossem sinais de inteligência, competência e capacidade de liderança, os candidatos à Presidência da República deveriam apresentar certificado de conclusão de curso emitido pela UEP - Universidade Estirpe do Pequepê, fundada pela Dercy.