O coronavírus mata mais de 600 pessoas diariamente no Brasil. Descontada a subnotificação, o número de mortos ultrapassou a barreira dos 9 mil. No Palácio do Planalto, entretanto, a morte não é a maior perda do país. Ali, a perda mais relevante é o que morreu dentro de Jair Bolsonaro enquanto ele vive sua realidade paralela. O presidente organiza para este sábado um churrasco. Coisa para 30 convidados —uma aglomeração gourmet.
"Estou cometendo um crime", disse Bolsonaro aos repórteres, entre risos, no cercadinho do Palácio da Alvorada. "Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma 'peladinha'. Alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado."
A melhor novidade proveniente do governo desde que o vírus fugiu ao controle foi a notícia de que a taxa de insensibilidade do presidente não aumentou. Continua nos mesmos 100%. Bolsonaro se queixa da paralisia do país. Mas há um empreendimento que prospera no Planalto: a indústria do descaso.
Tomado pelo alheamento, Bolsonaro exibe as feições de um ex-presidente no exercício da Presidência. Ele não governa a crise que apavora o Brasil. Preside um país qualquer situado no Mundo da Lua.
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