quinta-feira, 28 de maio de 2020

Sara Winter, a loura fake


A youtuber Sara Winter quer "trocar socos" com o ministro do Supremo e incentiva "o povo" a usar armas e mentiras para defender Bolsonaro contra os outros poderes
A youtuber Sara Winter quer "trocar socos" com o ministro do Supremo e incentiva "o povo" a usar armas e mentiras para defender Bolsonaro contra os outros poderes | Divulgação

Quem é Sara Winter, aquela que quer “trocar socos” com um ministro do Supremo e o xinga abertamente como “fdp arrombado”? Tudo é fake nessa mulher de 27 anos que já foi anarquista, comunista, nazista, olavista. Sempre oportunista. Abraçada por Jair Bolsonaro e pela ministra Damares como milagre ambulante, “ex-feminista” curada pela igreja evangélica. Uma legítima representante da nova mulher bolsonarista fanática. 

Agora, Sara é formalmente investigada na CPI das Fake News, em inquérito aberto por Alexandre de Moraes, do STF. Teve seu celular e computador apreendidos pela PF. Por que uma figura desmiolada, autointitulada líder de uma milícia que quer “exterminar a esquerda”, está aqui como personagem, alvo do Supremo junto com parlamentares do PSL? Porque Sara só pode existir e prosperar num Brasil em que o presidente e seus filhos defendem sites fake e estimulam mensagens de ódio contra a democracia. 

Sara Winter, pseudônimo de Sara Fernanda Giromini, filiada ao DEM, confronta o ministro: “Pois você me aguarde, senhor Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida. A gente vai infernizar a sua vida. A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta. A gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor. A gente vai descobrir tudo da sua vida até o senhor pedir pra sair. Hoje, o senhor tomou a pior decisão da sua vida”. 

A fala violenta de Sara não é liberdade de expressão. Faz parte da “bostalização” da política promovida pela família Bolsonaro, com a aquiescência dos ministros civis e militares. Sara convoca pessoas com armas e treinamento militar para defender Bolsonaro e atacar os poderes Judiciário e Legislativo. Diz ser inspirada pela guerra civil na Ucrânia. Mas na verdade ela imita o presidente, que em reunião ministerial defendeu armar o povo para se insurgir. 

Sara é apenas um pouco mais desbocada que o deputado federal e terceiro filho Eduardo Bolsonaro. Eduardo é o padrinho importante do Queiroz, acusado de arrecadar grana na ilegal e corrupta “rachadinha”. É o ex-fritador de hambúrguer nos EUA que seria, por vontade esdrúxula do ‘paipai’, nosso embaixador em Washington. Eduardo propaga os tuítes do blogueiro Allan dos Santos, outro indiciado por disseminar fake news. Em live com Eduardo, Allan chamou Alexandre de Moraes de “moleque, careca, idiota, burro imbecil”. 

Eduardo Bolsonaro é aquele que, antes mesmo da eleição, disse que bastava um cabo e um soldado para fechar o STF, “nem jipe precisava”. Eduardo diz agora nas redes que é inevitável a ruptura democrática, a cisão, o conflito, o caos. “Falando bem abertamente, não é mais uma questão de ‘se’ mas sim de ‘quando’ isso vai ocorrer”. O pai pensa igual.

Em meio à tragédia da Covid-19, ignorada pela presidência da República, que sequer nomeia um ministro da Saúde, os Bolsonaro interferem na Polícia Federal, criam um sistema paralelo de informações em benefício próprio, defendem intervenção militar e manipulam informações. Num país como esse, é natural que surja uma Sara Winter como líder da milícia acampada na Praça dos Três Poderes, chamada “os 300 do Brasil”. Para “tomar o poder para o povo”. 

Sara transformou em flor uma tatuagem de inspiração nazista. Foi expulsa do movimento Femen, criado na Ucrânia por ativistas topless, acusada de ter embolsado dinheiro indevidamente. Foi defenestrada até pela amiga Damares, por se indispor com a deputada Carla Zambelli em quiproquó com Olavo de Carvalho. 

Só em ambiente de desonra pública do presidente e seus ministros, vicejam nas redes personagens como Sara Winter. Elas acham graça nos palavrões, nas calúnias, na falta de empatia e solidariedade com as famílias dos mais de 25 mil mortos até agora. Ou com os desempregados, os indígenas, os pobres, os servidores. Se os ministros do Executivo menosprezam a democracia e insultam juízes da mais alta corte, por que não ela?

Bolsonaro criou o gabinete dos aloprados. Não é só o ‘gabinete do ódio’, insuflado pelo filho Carluxo. Existem malvados inteligentes e eles não estão no governo. Sara Winter é a versão feminina dos filhos de Bolsonaro.

Um comentário:

Anônimo disse...

O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), acusou o presidente Jair Bolsonaro de praticar “um populismo de segunda linha” ao tensionar publicamente a relação com o poder Judiciário, em especial com o STF (Supremo Tribunal Federal), e afirmou que o Brasil caminha “rumo ao bolivarismo” .
“De repente ele cria isso ‘não são traficantes’, mas quem falou que são traficantes quem tá fazendo fake news? A acusação não é essa. Ele faz um jogo de palavras, sempre um populismo de segunda linha, para querer envolver o povo. Mas o povo tem que estar alerta, por que é o caminho do bolivarismo que estamos assistindo”, disse o jurista, durante uma entrevista ao programa CNN 360, da CNN Brasil, na tarde desta quinta-feira (29).