Ao jogar no ventilador a gravação da reunião ministerial de 22 de abril, citada por Sergio Moro como prova da interferência política de Jair Bolsonaro na Política Federal, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, promoveu um strip-tease do governo.
Comparar o encontro da cúpula da administração Bolsonaro com uma conversa de botequim não seria adequado. Perto do que se vê nas cenas captadas na sala de reuniões do Palácio do Planalto, um boteco de quinta categoria oferece aos seus frequentadores uma atmosfera mais sofisticada.
Observa-se na filmagem uma reunião comandada por um presidente que utiliza linguajar rastaquera, abusa dos modos rústicos e aborda temas que aguçam seus maus bofes. Em certos trechos, o presidente dirigiu-se aos subordinados como se estivesse fora de si. Não conseguiu esconder o que tem por dentro. E o palavrório vertido por Bolsonaro diante das câmeras não o dignifica.
No miolo da fita, surge um presidente preocupado em colocar o aparato do Estado a serviço de interesses privados, para livrar a família e amigos do que chamou de "sacanagens". A cena orna com a denúncia feita por Sergio Moro.
A desqualificação de Bolsonaro contagiou certos ministros. Entre eles Abraham Weintraub, da Educação. Ele chamou Brasília de cancro de corrupção. Defendeu a prisão dos ministros "vagabundos" do Supremo.
Esse mesmo ministro negocia, por ordem de Bolsonaro, a entrega de um cofre de R$ 55 bilhões do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação para os patriotas do centrão.
As consequências criminais do inquérito que corre no Supremo são ainda incertas. Do ponto de vista político, há em Brasília um presidente nu e um governo esfarrapado.
Porh Josias de Souza
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