Gilmar Mendes, do Supremo: depois de sua crítica, uma avalanche de dinheiro é liberada. Por que só agora? Com qual critério antes e agora? |
É impressionante!
O general Eduardo Pazuello, que Jair Bolsonaro disse que fica na Saúde, lá chegou como especialista em logística. Vê-se. Em logística de gastos, então, ele é um portento!
Até a semana passada, o Ministério da Saúde havia liberado algo em torno de R$ 11,5 bilhões de um total de R$ 40 bilhões que lhe reserva o Orçamento para o combate à Covid-19.
Sim, gasto pífio quando olhamos os números e o tamanho da tragédia.
Pois bem! Há o embate com o ministro Gilmar Mendes. E... Tcham, tcham, tcham!
Nesta quarta, num único dia, de uma vez, liberaram-se estonteantes (dado o padrão) R$ 4,977 bilhões para Estados e municípios.
Vai ver o ministro leu todos as demandas enviadas pelos entes federativos de uma vez só, né?
Entenderam? O dinheiro estava lá na Saúde, represado.
Lembram-se quando ironizei aqui a Lava Jato de Curitiba e a juíza Gabriela Hardt (que formam uma única entidade, pelo visto), com sua proposta ridícula e ilegal de doar R$ 507 milhões para o combate à Covid-19? Observei que não faltava dinheiro contra a pandemia. Faltava que se soubesse gastar.
Olhem aí: num único dia, uma liberação que corresponde a quase 10 vezes aquela generosa e absurda oferta...
E que se note: com os agora quase R$ 17 bilhões liberados, não se alcançou ainda nem a metade dos R$ 40 bilhões.
Em uma live nesta quinta sobre pacto federativo, Mendes comentou o caso:
"Zé Roberto [economista José Roberto Afonso] me chamava atenção que, talvez, um subproduto dessa querela com o Ministério da Saúde ou com a gestão do Ministério da Saúde é que nós tivemos de súbito a liberação de recursos que estavam travados. Se disse brincando que era efeito positivo da polêmica Gilmar x Ministério da Saúde"
E, claro, o ministro atentou para o absurdo da situação:
"Não é possível que essas coisas ocorram ao acaso. É preciso que haja regularidade, fundamentalmente na área da Saúde".
Sim, meus caros! Estamos no quinto mês de enfrentamento da pandemia. No período, o Ministério da Saúde havia liberado, até quarta, apenas 29,3% dos recursos de que dispunha. Aí, em um único dia, manda ver em 12,44% do total — ou 42% do que liberou em quase cinco meses.
Sabe o que isso significa? Que não há critério para não gastar nem para gastar.
A equação é simples: sem programa = sem critério.
Mas não diga isso muito alto por aí. Vai que algum general se zangue e exija uma nota de desculpa.
Por Reinaldo Azevedo
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