O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quinta (16) que 1,3 milhão de empresas brasileiras estavam com atividades encerradas temporária ou definitivamente na primeira quinzena de junho. Dentre elas, 716 mil não abrirão mais as portas.
Os dados fazem parte da primeira edição da pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas, lançada pelo instituto na semana passada. A pesquisa detectou também que um terço das empresas brasileiras demitiu e só 13% tiveram acesso ao auxílio federal para pagar empregados.
Entre as empresas que encerraram as atividades, mesmo que temporariamente, 40% delas (522 mil) disseram ter tomado a decisão por causa da pandemia do novo coronavírus. Segundo o instituto, o número mostra que os empreendedores já vinham enfrentando dificuldades com o quadro econômico antes da pandemia.
De acordo com os dados do IBGE, o impacto da crise atingiu todos os setores da economia, mas foi pior para o setor de serviços, que é o maior gerador de empregos do país. E foi mais profundo também entre as pequenas empresas.
Entre aquelas que encerraram definitivamente suas atividades, 99,8% (ou 715 mil) estão nessa categoria, que consideram negócios com até 49 empregados. O restante é formado por 1,2 mil empresas consideradas intermediárias (49 a 500 empregados). Nenhuma é de grande porte.
No grupo das 2,7 milhões de empresas que permaneceram em atividade, 70% relataram que a pandemia teve impacto geral negativo sobre os negócios. Para 13,6%, por outro lado, a pandemia trouxe oportunidades e que teve um efeito positivo sobre a empresa.
O setor de serviços é o que registrou o maior percentual de empresas afetadas negativamente: 74,4%. Na indústria, foram 72,9%; na construção 72,6% e no comércio, 65,3%.
“Os dados sinalizam que a Covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho”, disse Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE.
São segmentos mais afetados pelas restrições à circulação de pessoas para tentar conter a pandemia, que começaram a ser adotadas na segunda quinzena de março e levaram indicadores da atividade no comércio, serviços e indústria a tombos recordes no mês seguinte.
As lojas voltaram a abrir na maior parte do país, incluindo Rio e São Paulo, mas o crescimento no número de casos vem levando governos a repensar o relaxamento das medidas de isolamento.
Segundo o IBGE, cerca 60% das empresas brasileiras mantinham, na primeira quinzena de junho, o mesmo número de funcionários que tinha antes da pandemia. Dentre as que reduziram o número de pessoal ocupado, 37,6% reportaram uma redução inferior a 25% do pessoal.
Também neste caso, o setor de serviços mostrou maiores dificuldades: 44% das empresas deste segmento demitira mais da metade do quadro de empregados. No segmento de serviços administrativos e profissionais, 71% das empresas cortaram mais da metade da mão de obra.
Para 63,7% das empresas ainda em atividade ouvidas pelo IBGE, houve dificuldades em realizar pagamentos de rotina em relação ao período anterior a pandemia. Percentual semelhante (63%) enfrentou dificuldades para fabricar seus produtos ou atender clientes.
O instituto pesquisou ainda que tipo de medidas as empresas adotaram para enfrentar a crise. A grande maioria (91,1%) fez campanhas de prevenção e reforçou ações de higiene pessoal. Quase 40% adotaram trabalho domiciliar e 35,4% anteciparam férias de funcionários.
Para sobreviver à crise, um terço dos entrevistados diz ter alterado o método de entrega de produtos, buscando inclusive vendas online, e um quinto lançou ou passou a comercializar novos produtos e serviços.
Segundo o IBGE, 12,7% das empresas relataram ter conseguido uma linha de crédito emergencial para realizar o pagamento da folha salarial dos funcionários. Outras 44,5% empresas afirmaram ter adiado o pagamento de impostos.
A pesquisa identificou que apenas 32,4% dos empresários que adotaram medidas de reação à crise disseram não ter contado com apoio do governo. A percepção de que houve ajuda é maior entre as grandes empresas (55%) do que entre as pequenas (31,9%).
O dado reforça críticas sobre as dificuldades que o governo vem enfrentando para levar os pacotes de socorro às micro e pequenas empresas do país.
Na Folha
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