quinta-feira, 2 de julho de 2020

Casos de família



Antes mesmo da posse já estava claro que os filhos políticos do presidente seriam um fator de conturbação no governo. Isso não parecia desagradar a Jair Bolsonaro, pois Flávio, Carlos e Eduardo animavam a torcida e defendiam o pai. O que o presidente não levou em conta, no entanto, é que um ano e meio depois os três estariam enrolados com a lei a tal ponto de obrigá-lo a vestir o figurino de moderado a fim de tentar obter para eles tratamento mais ameno por parte das instâncias de investigações.

Em vão. Hoje, a situação do vereador Carlos é complicadíssima no caso que envolve a contratação de funcionários fantasmas no gabinete da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a do irmão senador Flávio piorou muito com a prisão de Fabrício Queiroz e o desenrolar dos fatos direta e indiretamente ligados à prática de divisão de salários com assessores, criminalmente enquadrada como crime de peculato.

Carlos perdeu a chance de ter reconhecido o chamado foro privilegiado, com a decisão do Ministério Público de manter seu caso na primeira instância. Flávio está em via de ver revogada a prerrogativa do foro de função aprovada pelo Tribunal de Justiça do Rio. A questão será examinada na volta do recesso do Supremo Tribunal Federal e com toda certeza será derrubada.

Eduardo, assim como Carlos, é personagem das investigações iniciadas na CPMI das notícias falsas e reforçadas por inquérito sobre o mesmo assunto em curso no STF. O deputado agora também é alvo da Procuradoria-Geral da União que quer apurar as circunstâncias e motivações da declaração dada por ele sobre o Brasil estar à beira de uma “ruptura”.

Habitualmente loquazes e valentes, os filhos do presidente sofrem de um mal que acomete políticos em apuros: um grave dano nas respectivas cordas vocais.

Por Dora Kramer

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