As aberrações de Bolsonaro |
Em menos de dois anos o governo de Jair Bolsonaro avacalhou a direita e foi além, avacalhando até o atraso.
Com três ministros da Educação decapitados, cinco secretários de Cultura, "gripezinha" e piromania florestal, a charanga do capitão bateu no vexame do "doutor" Carlos Decotelli.
Um secretário da Cultura papagueando o nazista Joseph Goebbels e um ministro da Educação com currículo bombado desonram até o atraso. Não só pela apropriação dos títulos acadêmicos. Decotelli presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação no governo do capitão e na sua gestão construiu-se um edital viciado para a compra de 1,3 milhão de computadores, laptops e notebooks para a rede pública de ensino.
A Controladoria-Geral da União impediu a consumação da maracutaia, mas ninguém explicou quem armou o golpe. Tratava-se de uma despesa de R$ 3 bilhões.
A direita brasileira já produziu grandes administradores como Carlos Lacerda (vindo da esquerda). Até o atraso deu ao país políticos notáveis, como Bernardo Pereira de Vasconcelos no Império. Ele foi à tribuna do Senado em abril de 1850 para dizer que havia "terror demasiado" em relação à epidemia de febre amarela. Morreu uma semana depois, de febre amarela.
No segundo turno da eleição presidencial de 2018 o candidato Jair Bolsonaro teve 58 milhões de votos.
Ali estavam eleitores que simplesmente não queriam a volta do PT ao Planalto e também conservadores que acompanhavam a vaga agenda do candidato. Era o jogo jogado.
No dia 1º de janeiro de 2019, feliz, esse eleitorado ganhou Sergio Moro no Ministério da Justiça. No pacote estavam também a contabilidade de Fabrício Queiroz, os delírios do chanceler Ernesto Araújo e, meses depois, os de Abraham Weintraub.
Essa paçoca não é conservadora nem de direita nem sequer atrasada, é chumbrega, inepta. Pretende ser um governo com militares, quando é acima de tudo um governo com uma milícia desconexa. Orgulha-se de ter equipado sua cúpula com generais e nomeia para o Ministério da Educação um doutor de titulação forçada por baixo de cuja mesa, na atual administração, passou um edital viciado de R$ 3 bilhões.
No século passado Carlos Lacerda dizia que o Serviço Nacional de Informações não funcionava às segundas-feiras porque naquele dia não circulavam os jornais matutinos.
O Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro não consulta os relatórios da CGU.
Decotelli não foi o primeiro hierarca a inflar currículo.
Dilma Rousseff nunca concluiu seu doutorado na Universidade de Campinas e o governador Wilson Witzel jamais teve vínculo com Harvard. Contudo, o doutor exagerou: sua dissertação de mestrado tinha indícios de plágio, o doutorado argentino e o pós-doutorado alemão não haviam sido concluídos.
Para quem viu a passagem pela administração pública de grandes conservadores, muitos direitistas e até mesmo alguns ilustres representantes do atraso só resta parodiar os versos de Casimiro de Abreu: Oh, que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida / Da minha direita querida / Que os anos não trazem mais.
Com três ministros da Educação decapitados, cinco secretários de Cultura, "gripezinha" e piromania florestal, a charanga do capitão bateu no vexame do "doutor" Carlos Decotelli.
Um secretário da Cultura papagueando o nazista Joseph Goebbels e um ministro da Educação com currículo bombado desonram até o atraso. Não só pela apropriação dos títulos acadêmicos. Decotelli presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação no governo do capitão e na sua gestão construiu-se um edital viciado para a compra de 1,3 milhão de computadores, laptops e notebooks para a rede pública de ensino.
A Controladoria-Geral da União impediu a consumação da maracutaia, mas ninguém explicou quem armou o golpe. Tratava-se de uma despesa de R$ 3 bilhões.
A direita brasileira já produziu grandes administradores como Carlos Lacerda (vindo da esquerda). Até o atraso deu ao país políticos notáveis, como Bernardo Pereira de Vasconcelos no Império. Ele foi à tribuna do Senado em abril de 1850 para dizer que havia "terror demasiado" em relação à epidemia de febre amarela. Morreu uma semana depois, de febre amarela.
No segundo turno da eleição presidencial de 2018 o candidato Jair Bolsonaro teve 58 milhões de votos.
Ali estavam eleitores que simplesmente não queriam a volta do PT ao Planalto e também conservadores que acompanhavam a vaga agenda do candidato. Era o jogo jogado.
No dia 1º de janeiro de 2019, feliz, esse eleitorado ganhou Sergio Moro no Ministério da Justiça. No pacote estavam também a contabilidade de Fabrício Queiroz, os delírios do chanceler Ernesto Araújo e, meses depois, os de Abraham Weintraub.
Essa paçoca não é conservadora nem de direita nem sequer atrasada, é chumbrega, inepta. Pretende ser um governo com militares, quando é acima de tudo um governo com uma milícia desconexa. Orgulha-se de ter equipado sua cúpula com generais e nomeia para o Ministério da Educação um doutor de titulação forçada por baixo de cuja mesa, na atual administração, passou um edital viciado de R$ 3 bilhões.
No século passado Carlos Lacerda dizia que o Serviço Nacional de Informações não funcionava às segundas-feiras porque naquele dia não circulavam os jornais matutinos.
O Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro não consulta os relatórios da CGU.
Decotelli não foi o primeiro hierarca a inflar currículo.
Dilma Rousseff nunca concluiu seu doutorado na Universidade de Campinas e o governador Wilson Witzel jamais teve vínculo com Harvard. Contudo, o doutor exagerou: sua dissertação de mestrado tinha indícios de plágio, o doutorado argentino e o pós-doutorado alemão não haviam sido concluídos.
Para quem viu a passagem pela administração pública de grandes conservadores, muitos direitistas e até mesmo alguns ilustres representantes do atraso só resta parodiar os versos de Casimiro de Abreu: Oh, que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida / Da minha direita querida / Que os anos não trazem mais.
Por Elio Gaspari
Um comentário:
Bolsonaro durante a sua carreira política foi mudando o seu discurso conforme a conveniência. A "ideologia" do Bolsonaro é tudo em função dele mesmo, desde ter apoiado o candidato Lula contra o FHC; ou a favor do controle de natalidade; ou criticando a Igreja Católica - que, segundo ele, seria "uma das grandes responsáveis pela miséria que graça em nosso meio". Enfim, Bolsonaro é demagogo, autoritário e, conforme um ministro do STF já expressou, "a dubiedade de Bolsonaro sobre democracia assusta".
Um artigo escrito por André Shalders, publicado no site da BBC Brasil, em 7/dezembro/2017, que analisou cerca de 1.540 discursos dele no plenário da Câmara, no decorrer de 27 anos como deputado federal, dá uma boa ideia sobre o político Bolsonaro. Aqui: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42231485
Postar um comentário