O Bolsonaro que perambula por Moscou é um sujeito irreconhecível. No Brasil, o personagem tem um pé no negacionismo e outro na cloroquina. Menospreza vacinas e cuidados sanitários sob o argumento de que o brasileiro precisa deixar de se comportar como um "maricas". Chama passaporte vacinal de "coleira". Para se encontrar com o autocrata russo Vladimir Putin, rendeu-se à máscara, submeteu-se a um distanciamento vigiado e realizou testes em série contra covid.
Em dezembro, ao receber sanfoneiros no Planalto para celebrar o Dia do Forró, Bolsonaro decretou: "Aqui é proibido usar máscara". Dias antes, numa solenidade oficial, havia discursado contra a exigência de comprovante de vacina para frequentar determinados ambientes e eventos. Insinuou que a prova de imunização é coisa para cachorro: "Por que essa coleira que querem colocar no povo brasileiro? Cadê a nossa liberdade? Eu prefiro morrer do que perder a minha liberdade."
Aquele presidente que chama governadores de ditadores da política do "fique em casa", ficou no hotel pelo tempo que o autocrata Vladimir Putin exigiu. Antes do início de sua agenda oficial, obteve apenas a concessão de uma visita guiada Kremlin. É como se um sósia tivesse viajado no lugar de Bolsonaro. Se a viagem à Rússia serviu para alguma coisa foi para mostrar que há um vira-lata maricas enterrado dentro do capitão libertário. Ficou entendido que Bolsonaro valoriza mais a vida dos russos do que a dos brasileiros.
Por Josias de Souza
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