De passagem pela cidade de Porto Velho (RO), Bolsonaro dimensionou na última quinta-feira a reforma ministerial que planeja executar em 31 de março. "É um pacotão: 11 saem e 11 entram." A pretexto de "evitar ciumeira", escondeu os nomes. "Só vão saber via Diário Oficial da União." Dias antes, o presidente revisara com um dos seus operadores políticos a lista dos ministros que trocarão a Esplanada pelo palanque. O interlocutor gravou a relação na memória do celular. Inclui o general Braga Netto (Defesa). Exclui Marcelo Queiroga (Saúde).
A lei determina que os candidatos precisam deixar os cargos executivos pelo menos seis meses antes das eleições marcadas para 2 de outubro. Eis a lista dos ministros que planejam testar a sorte nas urnas:
1. Anderson Torres (Justiça),
2. Braga Netto (Defesa)
3. Damares Alves (Direitos Humanos).
4. Fábio Faria (Comunicações),
5. Flávia Arruda (Secretaria de Governo)
6. Gilson Machado (Turismo)
7. João Roma (Cidadania),
8. Onyx Lorenzoni (Trabalho),
9. Tarcísio de Freitas (Infraestrutura),
10. Tereza Cristina (Agricultura),
11. Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional),
"Política é como fotografia", dizia o ex-presidente Jânio Quadros. "Se mexe muito não sai." Os chefões do centrão não gostam da ideia fixa de Bolsonaro de colocar um general como vice de sua chapa. Entretanto, a menos que consigam mexer na lista, o general Braga Netto substituirá o companheiro de armas Hamilton Mourão na função de apólice anti-impeachment num hipotético segundo mandato de Bolsonaro.
Queiroga cogitava disputar uma vaga no Senado pela Paraíba. Foi aconselhado a rebaixar sua pretensão, concorrendo à Câmara. Há oito dias, declarou que deseja passar à história "como o homem que acabou com a pandemia." Mantida a lista de Bolsonaro, Queiroga permanecerá no governo, consolidando-se como candidato favorito ao título de ministro mais constrangedor que já passou pela pasta da Saúde.
No processo de substituição de ministros, Bolsonaro administra os apetites do centrão. Negocia o preenchimento da maioria das vagas com o PL de Valdemar Costa Netto, a quem já chamou de "corrupto", e com o PP do chefe da Casa Civil Ciro Nogueira, que já o chamou de "fascista".
Bolsonaro referiu-se aos futuros auxiliares como "ministros-tampão". Empossados, terão nove meses para fazer o que o governo não realizou em mais de três anos. Segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada em dezembro, o governo Bolsonaro é considerado ruim ou péssimo por mais da metade dos brasileiros (53%). Não é negligenciável a hipótese de que o espetáculo piore.
Por Josias de Suoza
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