quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Debate sobre combustível é um teatro eleitoreiro



Armou-se em Brasília um novo palco. Em cima dele, o governo e seus aliados encenam uma peça tragicômica. Nela, Bolsonaro e seus aliados do centrão fazem cara de preocupação com a explosão do preço dos combustíveis. Mas o enredo da encenação não tem nada a ver com gasolina ou diesel. Na verdade, a peça conta a história de um presidente precário que está disposto a tudo para prolongar sua administração ruinosa por mais quatro anos.

Para compreender a peça é preciso recordar um comentário feito por Bolsonaro na fase de ensaio. Ele disse numa entrevista de 2019 que a ferramenta da reeleição tem sido "péssima" para o Brasil, pois os governantes "se endividam, fazem barbaridade e dão cambalhota" para se reeleger.

A proposta de emenda constitucional redigida na Casa Civil e encampada na Câmara por um deputado do centrão é uma "cambalhota". A proposta que a equipe econômica de Paulo Guedes apelidou de kamikaze e que foi subscrita no Senado até pelo primogênito Flávio Bolsonaro é uma "barbaridade" com potencial de produzir rombo de R$ 100 bilhões.

O Banco Central gritou incêndio dentro do teatro. Avisou que as propostas que reduzem tributos sobre os combustíveis em ano eleitoral devem eletrificar a taxa de câmbio e elevar o índice de inflação, forçando uma lata dos juros que inibe o crescimento da economia e a criação de empregos. Mas Bolsonaro, seu filho e a turma do centrão insistem em fazer teatro dentro do incêndio. No meio da fumaça, Paulo Guedes procura culpados para o fiasco de sua política econômica. Precisa procurar no espelho.

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