quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Carluxo reage com enfado a novo pedido de investigação: 'Lá vem mais uma'


Moraes envia à PGR pedido de investigação da viagem de Carlos Bolsonaro à Rússia Imagem: Flickr/Palácio do Planalto


Há os que dão a vida para não ter a biografia transformada em ficha corrida. E há os que dão um bocejo. Crivado de investigações, Carlos Bolsonaro se insere no segundo grupo. Reagiu com enfado à notícia de que começou a andar no Supremo o pedido de investigação sobre sua viagem à Rússia. "Lá vem mais uma!", escreveu o filho do presidente numa rede social.

Requisitada pelo senador Randolfe Rodrigues, a apuração ainda não foi aberta. Mas o relator do caso, Alexandre de Moraes, deu cinco dias de prazo para que o procurador-geral Augusto Aras se manifeste sobre o caso. Na prática, Moraes ofereceu a Aras uma oportunidade para prestar mais um serviço a Bolsonaro.

Pouco afeito à ideia de procurar qualquer coisa que desagrade o presidente da República, Aras deve se posicionar contra a investigação das circunstâncias que levaram Carluxo e o amigo Tércio Arnaud, um miliciano digital com gabinete no Planalto, a embarcarem no avião presidencial como membros da comitiva de Bolsonaro à Rússia e à Hungria, na semana passada.

No pedido protocolado no Supremo, Randolfe realçou que os ataques recorrentes de Bolsonaro às urnas eletrônicas. Mencionou a acusação de que hackers da Rússia interferiram nas eleições de outros países. Entre eles os Estados Unidos. O senador vinculou os dois fatos.

"Os planos do presidente Jair Bolsonaro parecem cada vez mais claros, não sendo demais inquirir os reais interesses dessa agenda", anotou Randolfe na sua petição. "Assim, fica o questionamento óbvio: qual a verdadeira razão para uma viagem à Rússia em momento internacional tão delicado, com uma comitiva sui generis, com ausência de ministros e a presença de numerosos integrantes de seu gabinete do ódio, e no início do ano eleitoral, cujo pleito, ao que indicam as pesquisas de intenções de votos e de rejeição ao governo até o presente momento, perderá?"

Segundo Randolfe, vários ministros foram preteridos na composição da comitiva "para a manutenção das presenças questionáveis do vereador internacional Carlos Bolsonaro e do 'especialista' internacional Tercio Arnaud, que estariam tendo agendas bastante estranhas em solo russo."

O senador prosseguiu: "Tércio Arnaud é um conhecido integrante do 'gabinete do ódio' e articulador de fake news. A conta de Tércio foi uma das 88 (entre perfis pessoais e páginas) no Brasil que foram suspensas pelo Facebook e pelo Instagram por infringir as regras de conduta dessas redes sociais."

Carlos Bolsonaro é protagonista de outros inquéritos. No Rio de Janeiro, é investigado sob a suspeita de chefiar na Câmara Municipal uma filial da holding familiar da rachadinha. É acusado de desviar parte dos salários dos assessores do seu gabinete. Em Brasília, é investigado num processo sobre fake news que corre no Supremo, sob a relatoria de Moraes.

O filho Zero Dois do presidente não parece preocupado. Afinal, integra uma família que subverte até o brocardo. Sabe que depois da impunidade vem a bonança.

Por Josias de Souza

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