Bolsonaro opera as engrenagens da diplomacia em ritmo de trem fantasma. Submete os brasileiros a sustos em série. Depois de selar na Rússia um "casamento perfeito" com Vladimir Putin e de visitar na Hungria o "irmão" autocrata Viktor Orbán, o presidente se prepara para recepcionar em Brasília o ditador sanguinário da Arábia Saudita Mohammed bin Salman, com quem possui "certa afinidade".
O capitão se diz um defensor da democracia. Bin Salman é um ditador inescrupuloso. Bolsonaro alega ser contrário a qualquer tipo de controle da mídia. Seu convidado mandou esquartejar um jornalista. O inquilino do Alvorada faz pose de defensor da família. O príncipe mantém a mãe em cativeiro. Bolsonaro declara-se cristão. O visitante proíbe o funcionamento de igrejas e abomina o cristianismo.
O Brasil pode manter relações comerciais com a Arábia Saudita. Mas estender o tapete vermelho para o príncipe das trevas, cercá-lo de honrarias, bajulá-lo, exaltar afinidades... Isso é exclusividade de Bolsonaro. O risco que o presidente corre é quem observar as cenas da visita não conseguir distinguir quem é quem.
Por Josias de Souza
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