Coincidência ou não, o autocrata russo Vladimir Putin expôs Bolsonaro ao ridículo. Fez isso no instante em que reconheceu as regiões separatistas da Ucrânia e empurrou para dentro de território alheio o que chamou de "tropas de paz".
Durante sua visita inoportuna ao Kremlin, Bolsonaro quis tirar uma casquinha do conflito. Tropeçando na língua, declarou-se "solidário" à Rússia sem esclarecer com o que se solidarizava. Depois, disse ser solidário a "todos os que se empenham pela paz".
Fornecendo material para os memes do bolsonarismo nas redes sociais, o presidente insinuou que "parte das tropas russas deixaram a fronteira" por conta da sua visita a Moscou. "Não se fala mais em guerra", exagerou o ministro sanfoneiro do Turismo, Gilson Machado, ao celebrar o grande feito do chefe.
A Casa Branca declarou que o Brasil "parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global." O Itamaraty rebateu a porta-voz de Joe Biden afirmando que as posições do Brasil foram manifestadas no Conselho de Segurança da ONU. Ali, àquela altura, a diplomacia brasileira havia defendido uma reunião para discutir a encrenca da Ucrânia, posicionando-se contra sanções à Rússia.
Agora, o Itamaraty e próprio Bolsonaro se obrigam a dizer meia dúzia de palavras sobre um conflito que, não fosse a visita do presidente a Moscou, não diria respeito aos brasileiros. De resto, um país como o Brasil, com pretensões de ocupar uma poltrona de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, precisa dizer o que pensa sobre questões como a soberania dos povos e a integridade territorial as nações.
Por Josias de Souza
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