O Tribunal Superior Eleitoral criou uma comissão para dar mais transparência às eleições de 2022, incluiu um general no colegiado e descobriu que caiu numa cilada. Militares bolsonaristas colocaram as Forças Armadas no papel de bucha de canhão na guerra de desinformação contra as urnas.
Seduzido pela perspectiva de se tornar candidato a vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto, ministro da Defesa, joga no fogo o que resta de credibilidade às Forças sob seu comando.
O ministro Luís Roberto Barroso informou que o TSE entregará nesta semana as respostas a "uma série de perguntas" sobre o sistema eleitoral encaminhadas à Corte pelo general Heber Garcia Portella, o craque em cibernética que representa as Forças Armadas na comissão de transparência das eleições. O questionário chegou em dezembro, às vésperas do recesso.
Bolsonaro insinuou na semana passada que, confrontado com "dezenas de vulnerabilidades", o TSE "ficou em silêncio". É como se Bolsonaro gritasse novamente para a cúpula da Justiça Eleitoral: "Decifra-me, ou te devoro."
A duas semanas de deixar o comando do TSE, Barroso devorou a esfinge golpista do Planalto, decifrando seu enigma mequetrefe. Bolsonaro não está interessado em respostas. "Ele não precisa de fatos, a mentira já está pronta", disse Barroso.
Não há melhor vacina contra a mentira do que doses cavalares de luz solar. Convém ao TSE expor na vitrine as dúvidas dos militares e as respostas dos técnicos.
Por Josias de Souza
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