sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Bolsonaro faz campanha para Lula ao chamar os nordestinos de 'pau de arara'



Lula ganhou um reforço inestimável para sua campanha. Bolsonaro empurra eleitores para o colo do adversário. Fez isso ao confundir em sua live o estado de origem de Padre Cícero e buscar socorro ao redor, afirmando que a sala estava cheia de "pau de arara". Foi como se o o capitão quisesse usar a sua transmissão ao vivo para reforçar a rejeição gigantesca que sua candidatura amarga no Nordeste e oferecer motivos adicionais para os nordestinos votarem no retirante Lula.

Bolsonaro é reincidente. Já associou um refrigerante tradicional do Maranhão, de coloração rósea, à "boiolagem". Chamou governadores nordestinos de "governadores de Paraíba". Criticado, usou a primeira-dama Michelle como escudo. "Casei com a filha de um cearense", disse. Se casamento dissolvesse a ignorância, Bolsonaro não precisaria que um "pau de arara" lhe explicasse que Padre Cícero é do Ceará, não de Pernambuco.

Bolsonaro consolida-se como o presidente mais desqualificado da história. Avesso a protocolos, propaga mentiras, distribui coices a adversários e aliados, desqualifica instituições e destila preconceito. Faz isso impunemente. Em setembro do ano eleitoral de 2018, a Primeira Turma do Supremo rejeitou por 3 votos a 2 denúncia em que a então procuradora-geral Raquel Dodge acusava Bolsonaro do crime de racismo.

Numa palestra, Bolsonaro desqualificara os índios e ofendera quilombolas que havia visitado em Eldorado Paulista. "O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas", declarou. "Não fazem nada", "nem para procriador eles servem mais", acrescentou.

Um dos ministros que absolveram Bolsonaro foi Alexandre de Moraes. Para Moraes, as declarações do então candidato à Presidência não extrapolaram o direito à inviolabilidade que o mandato de parlamentar lhe concedia para se expressar livremente. Deu no que está dando.

Hoje, Bolsonaro acha que a faixa de presidente lhe confere o direito inclusive de chamar Moraes de "canalha" em praça pública e ignorar uma ordem judicial para depor à Polícia Federal.

Por Josias de Souza

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