Tomado pelas palavras que proferiu no seu discurso de posse, o ministro Edson Fachin, novo presidente do TSE, se equipa para reagir a uma confusão a ser criada por Bolsonaro. "A Justiça Eleitoral brada por respeito", disse Fachin, antes de avisar que o TSE "não se renderá". Foi como se o orador quisesse denunciar que a democracia está sob ataque do presidente da República.
Nos momentos de grande tensão, é preciso manter a presença de espírito. Pouco afeito a demonstrações de altruísmo, Bolsonaro preferiu brindar o Tribunal Superior Eleitoral com sua ausência de corpo na posse de Fachin. Foi como se desejasse avisar que continua pintado para guerra.
Apesar de ausente, Bolsonaro foi o protagonista oculto do discurso de Fachin. O ministro não mencionou o nome do presidente. Não foi necessário. Ao enumerar suas prioridades, o novo chefe do TSE deixou claro que enxerga no Palácio do Planalto um inimigo da democracia.
Fachin defendeu o "respeito ao escore das urnas." Mencionou como desafio de sua gestão"proteger e prestigiar a verdade sobre a integridade das eleições brasileiras". Disse que "as investidas maliciosas contra as eleições constituem, em si, ataques indiretos à própria democracia."
Numa visão simplificada, a democracia é construída em dois momentos: começa na votação, quando os eleitores expressam sua vontade. Termina na apuração, quando os derrotados enfiam a viola no saco, reconhecendo o resultado das urnas. Considerando-se o que declarou, Fachin está entre os brasileiros que acreditam que Bolsonaro não aceitará senão um resultado que lhe seja favorável.
O ambiente está eletrificado. E não será com discursos que o TSE conseguirá desligar a retórica golpista de Bolsonaro da tomada.
Por Josias de Souza
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