sábado, 5 de fevereiro de 2022

Eduardo Bolsonaro associa cratera na Marginal do Tietê com a contratação de mulheres para a obra



O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou nesta sexta-feira, 4, um vídeo em sua conta no Twitter que associa o problema que causou o desmoronamento de parte da via na Marginal do Tietê com a contratação de mulheres para trabalhar na obra da Linha 6 do Metrô, na capital paulista. Em pouco tempo, a postagem do parlamentar recebeu críticas pela misoginia, inclusive entre apoiadores.

O filho do presidente Jair Bolsonaro publicou parte de um vídeo institucional da concessionária Acciona, que cuida do projeto da Linha 6-Laranja, que ressalta a importância do trabalho das mulheres na obra. Mas o vídeo, editado, coloca trechos do desastre que ocorreu na última terça-feira, 1º, ironizando as falas de mulheres que trabalham no projeto.

"'Procuro sempre contratar mulheres', mas por qual motivo? Homem é pior engenheiro? Quando a meritocracia dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma ser o melhor. Escolha sempre o melhor profissional, independente da sua cor, sexo, etnia e etc", escreveu o parlamentar. As causas do acidente ainda são apuradas, com o apoio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). A reportagem tentou o contato com a assessoria do deputado, mas sem sucesso.


"Deputado, o Sr é pai de menina. Está sendo injusto com as moças. Vamos aguardar apurar responsabilidades. Quer criticar o Dória? É da Política e da Democracia, mas essa postagem é desnecessária. Lembra quando sua esposa foi desrespeitada e exposta no trabalho? Melhor apagar", disse a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL).

A circulação do vídeo que associa as engenheiras ao acidente foi rebatida pelo Instituto de Engenharia, que manifestou "total repúdio sobre o vídeo que desmoraliza mulheres que trabalham na Acciona, empresa responsável pela obra da Linha 6 do Metrô. É inadmissível que esse tipo de mensagem seja compartilhada por qualquer pessoa. É um desserviço à sociedade, à evolução e um verdadeiro DESRESPEITO e DISCRIMINAÇÃO às profissionais envolvidas, quer engenheiras ou não", disse.

Quem também repudiou o teor da postagem foi a ANPTrilhos. "Conteúdo desrespeitoso e misógino, se aproveita de uma situação de crise para reforçar mensagem preconceituosa, discriminatória e absolutamente inaceitável. A ANPTrilhos se solidariza com as mulheres pessoalmente citadas, ressaltando o respeito e o reconhecimento de todos os operadores ao profissionalismo das mulheres na área metroferroviária", afirmou.

O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) também repudiou o vídeo de Eduardo Bolsonaro. Assinada pela primeira presidente mulher do instituto, Luciana Medeiros, a nota da entidade considerou o conteúdo "misógino e desrespeitoso". "Com 40% da diretoria executiva composta por mulheres e tendo uma mulher na presidência pela primeira vez na história, o IBEF-SP defende a diversidade e incentiva a integração entre os gêneros no ambiente de negócios. Nesse contexto, o IBEF-SP se solidariza com todas as mulheres que se sentiram ofendidas e jamais deixará de se manifestar em situações como esta", afirma.

No Estadão

Um comentário:

AHT disse...

Brasil, ano de 2.022, aquela mesma nova terra onde "se plantando tudo dá", conforme relatou Pero Vaz de Caminha.Ano de eleições. Mais um ano de atenção máxima às disputas políticas (ou disputas mafiosas e/ou milicianas?), e que se dane a boa governança que há tempos não sabemos mais o que seja. Mais um ano torrando o dinheiro público em campanhas políticas e outro bilionário tanto desviado para as contas pessoais. E o resultado?

Sendo o Lula, ou o Bolsonaro reeleito e, graças à convicta maioria dos eleitores brasileiros, que esquece todos os atos corruptos, ou resultantes de incompetência e até negligência, o trágico retrocesso em curso será efuziantemente garantido e comemorado pela complacente maioria "vencedora", que tudo esquece, perdoa e não aprende...