quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Foi preciso caso de apologia ao nazismo para arrancar Aras da letargia



Atrações como o podcast Flow conquistam audiência nas mídias digitais embaladas pelo fetiche de que oferecem mercadorias que a plateia não encontra nas mídias tradicionais. Coisas como informalidade e total liberdade de expressão. No caso da apologia ao nazismo, crime punível no Brasil com até cinco anos de cadeia, tudo o que se viu foi imbecilidade e uma absoluta dificuldade de se exprimir sem violar as leis.

O apresentador Bruno Aiub, chamado de Monark, achou que seria uma boa ideia defender a existência de um partido nazista no Brasil. Para ele, qualquer um tem "o direito de ser antijudeu." E o deputado Kim Kataguiri, um dos entrevistados, avaliou que foi um erro a Alemanha ter criminalizado o partido nazista.

Soterrado pelo cancelamento de patrocínios e por uma reação generalizada e monumental, Monark disse que estava bêbado. Precisa fechar o frigobar, pois já havia questionado no ano passado se a manifestação de ideias racistas deveria ser tratada como o crime.

Kim Kataguiri afirmou que foi mal interpretado. A deputada Tábata Amaral, que também compunha a bancada, livrou-se da embriaguez e da maledicência refutando a maluquice no ar.

Se o episódio do Flow serviu para alguma coisa foi para mostrar que não se deve confundir a suposta boça dos meios digitais com boçalidade.

Tampouco se pode confundir a omissão do procurador-geral da República com neutralidade. Conhecido por conceder a Bolsonaro licença para delinquir, Augusto Aras determinou, com a velocidade de um raio, a abertura de inquérito para apurar o episódio.

Foi preciso que surgisse um caso de apologia ao nazismo para revelar ao país que o procurador ainda procura, desde que o delinquente não seja o presidente.

Por Josias de Souza

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