Uma sociedade bem informada, com acesso amplo a dados científicos e opiniões de especialistas reconhecidos, é capaz de entender a dimensão de crises como a da pandemia de covid-19 e, assim, colaborar ativa e prontamente para que seus efeitos sejam mitigados. Para isso, é preciso que a sociedade confie tanto na ciência e nas autoridades sanitárias como na imprensa.
Quando joga todo o peso institucional e político de seu cargo em ataques sistemáticos à imprensa, à ciência e às autoridades sanitárias estaduais e mesmo as de seu próprio governo, o presidente Jair Bolsonaro confunde os cidadãos sobre o que fazer diante da pandemia e, assim, atrasa as medidas necessárias para contê-la e para evitar mortes.
Como todo movimento autoritário, o bolsonarismo hostiliza a ciência, pois esta revela as imperfeições do mundo real, contradizendo os devaneios fabulosos de seu líder messiânico e demonstrando os limites de seu poder. Não à toa, Bolsonaro vive a repetir, inclusive em rede nacional, que a covid-19 é uma “gripezinha”, ignorando amplas evidências científicas em contrário. Com isso, o presidente estimula os cidadãos em geral a não acreditar nos cientistas, que estariam a serviço de gente interessada em minar seu governo.
Bolsonaro quer fazer crer que a pandemia nada mais é que uma invenção de seus inimigos para destruir a economia e, assim, derrubá-lo. E tal versão ganha contornos quase criminosos quando Bolsonaro desdenha das mortes causadas pela pandemia, pois o que interessa, diz ele, é manter empregos – estes que seu governo, por sua lentidão e incompetência, não havia sido capaz de manter e criar nem mesmo antes do coronavírus.
Para sustentar essa opinião, Bolsonaro, catedrático em fake news, tratou de espalhar que o próprio diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu num pronunciamento o retorno ao trabalho. Trata-se de distorção grosseira do que disse o diretor da OMS, o que mostra até onde vai a falta de escrúpulos do presidente.
É com esse ânimo que Bolsonaro redobra seus ataques à imprensa, cujo trabalho profissional é justamente o de expor para a sociedade a real dimensão do problema que o presidente e seus fanáticos devotos teimam em minimizar. A imprensa, já disse Bolsonaro, é a responsável pelo que ele chamou de “histeria” em torno da pandemia. Na mais recente investida, ontem, estimulou seus apoiadores a hostilizar os jornalistas que o questionavam sobre sua decisão de desrespeitar as orientações de seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acerca dos cuidados para evitar a propagação do coronavírus. Diante da agressão, os jornalistas deixaram o local, momento em que Bolsonaro – repita-se, o presidente da República – gritou: “Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo”.
Felizmente, mais e mais vozes da sociedade têm se levantado contra esse assalto de Bolsonaro à inteligência. Governadores garantem que manterão as medidas de isolamento social, à revelia do presidente – o paulista João Doria informou que entrará na Justiça caso o presidente decrete a reabertura do comércio, como ameaçou fazer. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, defendeu o isolamento social, dizendo que “não dá para ser contra os fatos” e que não se combate a pandemia com “achismos”. O Senado, por sua vez, divulgou um manifesto, chancelado inclusive pelo líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), em defesa do isolamento social.
Mesmo alguns dos ministros mais importantes do governo deixam claro que o melhor para o País, hoje, é levar a sério a ciência e não o presidente. Além do ministro Mandetta, que continua a defender “grau máximo de isolamento” para conter a pandemia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que, “como economista, gostaria que pudéssemos manter a produção, voltar o mais rápido possível”, mas, “como cidadão, seguindo o conhecimento do pessoal da Saúde, ao contrário, quero ficar em casa e fazer o isolamento”. E o ministro da Justiça, Sérgio Moro, compartilhou em suas redes sociais um “excelente artigo” – palavras dele –, segundo o qual “é hora de ouvir a ciência”.
Quando joga todo o peso institucional e político de seu cargo em ataques sistemáticos à imprensa, à ciência e às autoridades sanitárias estaduais e mesmo as de seu próprio governo, o presidente Jair Bolsonaro confunde os cidadãos sobre o que fazer diante da pandemia e, assim, atrasa as medidas necessárias para contê-la e para evitar mortes.
Como todo movimento autoritário, o bolsonarismo hostiliza a ciência, pois esta revela as imperfeições do mundo real, contradizendo os devaneios fabulosos de seu líder messiânico e demonstrando os limites de seu poder. Não à toa, Bolsonaro vive a repetir, inclusive em rede nacional, que a covid-19 é uma “gripezinha”, ignorando amplas evidências científicas em contrário. Com isso, o presidente estimula os cidadãos em geral a não acreditar nos cientistas, que estariam a serviço de gente interessada em minar seu governo.
Bolsonaro quer fazer crer que a pandemia nada mais é que uma invenção de seus inimigos para destruir a economia e, assim, derrubá-lo. E tal versão ganha contornos quase criminosos quando Bolsonaro desdenha das mortes causadas pela pandemia, pois o que interessa, diz ele, é manter empregos – estes que seu governo, por sua lentidão e incompetência, não havia sido capaz de manter e criar nem mesmo antes do coronavírus.
Para sustentar essa opinião, Bolsonaro, catedrático em fake news, tratou de espalhar que o próprio diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu num pronunciamento o retorno ao trabalho. Trata-se de distorção grosseira do que disse o diretor da OMS, o que mostra até onde vai a falta de escrúpulos do presidente.
É com esse ânimo que Bolsonaro redobra seus ataques à imprensa, cujo trabalho profissional é justamente o de expor para a sociedade a real dimensão do problema que o presidente e seus fanáticos devotos teimam em minimizar. A imprensa, já disse Bolsonaro, é a responsável pelo que ele chamou de “histeria” em torno da pandemia. Na mais recente investida, ontem, estimulou seus apoiadores a hostilizar os jornalistas que o questionavam sobre sua decisão de desrespeitar as orientações de seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acerca dos cuidados para evitar a propagação do coronavírus. Diante da agressão, os jornalistas deixaram o local, momento em que Bolsonaro – repita-se, o presidente da República – gritou: “Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo”.
Felizmente, mais e mais vozes da sociedade têm se levantado contra esse assalto de Bolsonaro à inteligência. Governadores garantem que manterão as medidas de isolamento social, à revelia do presidente – o paulista João Doria informou que entrará na Justiça caso o presidente decrete a reabertura do comércio, como ameaçou fazer. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, defendeu o isolamento social, dizendo que “não dá para ser contra os fatos” e que não se combate a pandemia com “achismos”. O Senado, por sua vez, divulgou um manifesto, chancelado inclusive pelo líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), em defesa do isolamento social.
Mesmo alguns dos ministros mais importantes do governo deixam claro que o melhor para o País, hoje, é levar a sério a ciência e não o presidente. Além do ministro Mandetta, que continua a defender “grau máximo de isolamento” para conter a pandemia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que, “como economista, gostaria que pudéssemos manter a produção, voltar o mais rápido possível”, mas, “como cidadão, seguindo o conhecimento do pessoal da Saúde, ao contrário, quero ficar em casa e fazer o isolamento”. E o ministro da Justiça, Sérgio Moro, compartilhou em suas redes sociais um “excelente artigo” – palavras dele –, segundo o qual “é hora de ouvir a ciência”.
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