Os deuses do algoritmo foram caprichosos com Bolsonaro. Ajeitaram o sorteio eletrônico para que Kassio Nunes Marques fosse agraciado com o posto de relator do pedido do senador Jorge Kajuru para que o Supremo determine a abertura do processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. O capitão soube da novidade no cercadinho do Alvorada. Reagiu com uma gargalhada.
Kassio foi enviado à Suprema Corte mais pela tubaína que dividiu com Bolsonaro no Alvorada do que pelo currículo. Não tem medido esforços para agradecer com a toga o privilégio da indicação. No caso do pedido de Kajuru, Kassio prestará melhor assistência ao Planalto se fizer o oposto do que Bolsonaro prega.
Cabe ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decidir se abre ou não processos de impeachment contra ministros do Supremo. Se ordenasse o desengavetamento do caso de Alexandre de Moraes, além de comprar briga com o colega, Kassio liberaria os deputados para guerrear no Supremo pelo impeachment de Bolsonaro. Os procedimentos são análogos. A diferença é que, no caso do presidente da República, a decisão de abrir ou não o processo é tomada pelo chefe da Câmara, Arthur Lira.
Há no gavetão de pendências do Senado dez pedidos de impeachment contra ministros do Supremo. Na Câmara, acumulam-se 105 pedidos de deposição de Bolsonaro. O capitão ainda não se deu conta. Mas meteu-se numa cruzada suicida ao se engajar na campanha pelo impedimento das togas. Os escorpiões da Câmara torcem para que Kassio mantenha sua fidelidade ao Planalto. Bolsonaro talvez devesse chamar seu magistrado de estimação para uma rodada de tubaína, liberando-o momentaneamente da prestação de serviços.
Por Josias de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário