Gilmar Mendes e Jair Bolsonaro: ministro diz a coisa certa. Presidente prefere o silêncio diante de mais uma morte decorrente de uma política de segurança que ele próprio também defende
O presidente Jair Bolsonaro não soltou um pio sobre a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix. Faz sentido, não é? Fosse alguma cena do Carnaval que ele julgasse incompatível com os bons costumes, recorreria ao Twitter para censurá-la em nome dos altos valores morais da família.
Teve postura digna o ministro Gilmar Mendes. No Twitter, afirmou: "Os casos de mortes resultantes de ações policiais nas favelas são alarmantes. Agatha é a quinta criança morta em tiroteios no RJ neste ano. Ao total, 16 foram baleadas no período. Uma política de segurança pública eficiente deve se pautar pelo respeito à dignidade e à vida humana".
Outro Bolsonaro, o deputado federal Eduardo (PSL-SP) — que deve ser Indicado pelo pai para a embaixada do Brasil em Washington e candidato a intelectual da família — tratou do binômio criança-armas, mas de outro modo.
Retuitou um vídeo publicado pelo Tenente Santini, vereador do PSD em Campinas, em que este ensina o filho, que deve ter uns dois anos, a empunhar uma arma e enfrentar bandidos. Escreveu o vereador: "Eu brinquei de polícia e ladrão e não virei bandido. O exemplo arrasta".
Eduardo concordou: "Verdade, quando criança também brinquei de polícia e ladrão e não virei bandido. Como diz o Padre Paulo Ricardo temos que ensinar nossos filhos a serem guerreiros do bem".
Tenente Santini, vereador em Campinas, ensina um filho bebê a lidar com arma — no caso, é de brinquedo. Eduardo Bolsonaro achou bacana (Reprodução)
Por Reinaldo Azevedo
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