O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos suspendeu temporariamente a greve deflagrada na terça (24) na Embraer e informou que irá aguardar melhoria na proposta de reajuste salarial feita pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa a fabricante na negociação.
A entidade criticou a ação da Polícia Militar na portaria da empresa nesta quarta-feira, quando realizava assembleia com os trabalhadores da produção.
Segundo o sindicato, cerca de 500 empregados da Embraer optaram por manter a paralisação, mas teriam sido “pressionados” a entrar para o trabalho com a ação da Polícia Militar, que nega a interferência.
“Trabalhadores da produção já haviam decidido em assembleia dar continuidade à greve. O cenário mudou com a chegada dos funcionários do setor administrativo. Homens da Polícia Militar e da Tropa de Choque fizeram um corredor polonês para que, intimidados, os trabalhadores entrassem na fábrica”, informou o sindicato.
“O Sindicato vai tomar todas as medidas judiciais necessárias para denunciar o uso do Estado por uma empresa privada para reprimir os trabalhadores. Isto é grave e tem de ser apurado”, disse o advogado Aristeu Pinto Neto.
A Embraer informou que, dos 2.300 empregados do primeiro turno, 500 optaram por não entrar na fábrica e que 100% dos setores administrativo e engenharia mantiveram a rotina normal de trabalho.
Segundo o sindicato, representantes da Embraer chamaram a entidade para uma reunião na noite de terça, mas sem apresentar uma nova proposta. Eles teriam exigido o fim da greve.
A Fiesp já fez duas propostas ao sindicato: abono salarial de R$ 2.500, no lugar de reajuste, ou reposição de 100% da inflação acumulada, o que daria 3,28% de aumento.
Ambas as propostas foram rechaçadas pelo sindicato, que reivindica 6,37% de reajuste nos salários, sendo 3% de aumento real.
“Não apresentaram nenhuma nova proposta. Queremos renovar a convenção coletiva e não vamos aceitar retirada de direitos. Estamos esperando a proposta deles, mas não veio”, disse Herbert Claros, diretor do sindicato.
Comunicado oficial da Embraer:
A Embraer informa que a paralisação parcial da unidade Faria Lima, em São José dos Campos, foi suspensa nesta manhã e não há mais bloqueio nas portarias. A decisão ocorreu após os funcionários do primeiro turno e do administrativo entrarem normalmente para o trabalho pela manhã, não aderindo às manifestações organizadas pelo Sindicado dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região na porta da fábrica. Neste momento, a unidade Faria Lima opera com 100% da força de trabalho. A negociação segue em andamento entre sindicatos, no âmbito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A última proposta apresentada contempla um reajuste salarial de 3,28% relativo à inflação do período, o qual a Empresa já adiantou neste mês, por liberalidade, para todos os funcionários. A Embraer respeita o direito à livre associação e manifestação por parte de seus colaboradores. Contudo, a Empresa reprova veementemente e lamenta os fatos ocorridos ontem que visam cercear o direito constitucional de ir e vir dos empregados ao criar obstáculos para acesso ao local de trabalho. Informamos ainda que as unidades de Eugênio de Melo e EDE, ambas em São José dos Campos, além de Botucatu, Campinas, Gavião Peixoto, Sorocaba e Taubaté funcionam normalmente.
Em O Vale
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