O Bolsonaro deputado de primeiro mandato admirava o Hugo Chávez golpista. E golpista segue sendo. Não Chávez ? não dá mais... Mas Bolsonaro! |
Será que teremos um ministro do Supremo "terrivelmente fascistoide"? Só se o Senado se acovardar.
Vigiemos.
Ao conversar com os desocupados que dão plantão às portas do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro se referiu aos manifestantes que pedem democracia com a conversa truculenta de sempre: seriam os que põem "a manga de fora" e querem transformar o Brasil numa Venezuela...
Venezuela?
Agora muitos esquerdistas vão estrilar, mas a coisa mais parecida com Chávez que há no Brasil é Jair Bolsonaro.
Quando o então tenente-coronel Hugo Chávez tentou dar um golpe de Estado, em 4 de fevereiro de 1992, foi elogiado pelo agora presidente e então deputado, que estava no começo de seu primeiro mandato parlamentar.
Indagado sobre o golpista Chávez, afirmou Bolsonaro:
"Chávez é uma esperança para a América Latina e gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil. Acho ele ímpar. Pretendo ir a Venezuela e tentar conhecê-lo."
Mais um pouco?
"Ele [Chávez] não é anticomunista, e eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar".
Ou ainda:
"Acho que ele [Chávez] vai fazer o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força. Só espero que a oposição não descambe para a guerrilha, como fez aqui".
A coisa fazia sentido. O capitão havia sido chutado do Exército brasileiro — uma passagem compulsória para a reserva — em razão de sua deslealdade com a Força, o que admitiu.
A deslealdade se traduziu num artigo que escreveu para a "Veja", em 1986, contestando o valor do soldo. Na verdade, a coisa foi mais grave, mas o Exército escondeu a verdade. Ele havia planejado explodir bombas em quarteis e mandar para os ares a adutora do Guandu, no Rio.
Eis aí o grande patriota ao qual os generais hoje batem continência. Bolsonaro, reitere-se, planejava explodir bombas em quarteis, onde estavam seus colegas de farda. Um homem leal! Mas voltemos ao portão do Alvorada.
Depois de dizer que o grande problema do Brasil são aqueles que hoje se manifestam contra o seu governo, o presidente, por conta própria, falou sobre a vaga que será aberta no Supremo em novembro, com a aposentadoria compulsória de Celso de Mello.
Referindo-se à indicação que tem a fazer, afirmou ser a oportunidade para "ir arrumando as coisas"
E depois emendou:
"A gente vai vencer essa guerra aí. O Brasil não vai para a esquerda, não vai afundar. Não vai virar uma Venezuela como alguns queriam aí".
Huuummm... Entendi: o ex-fãzoca de Chávez (um tentou dar golpe, e o outro, praticar atos terroristas) chama manifestações democráticas de "o problema" do Brasil e anuncia que vai usar a indicação ao Supremo para "arrumar as coisas" no terreno ideológico...
Pois é... Embora Chávez fosse um fascistoide de esquerda e Bolsonaro seja um fascistoide de direita, outra coincidência se alevanta, né? O tirano na Venezuela também avançou sobre a democracia — depois de ter chegado ao poder por eleições democráticas — aparelhando a Justiça com os seu cupinchas. Começou pela corte suprema.
Quando esta foi colonizada, o resto ficou mais fácil. Ele ia usando eleição após eleição para instaurar a ditadura. E sempre em guerra com a imprensa.
Caberá ao Senado decidir se aceitará uma indicação "terrivelmente fascistoide" para o Supremo.
O fascismo só avança com a conivência dos canalhas, dos tolos e dos fracos.
Por Reinaldo Azevedo
Um comentário:
Em qual Jair Messias Bolsonaro acreditar? Naquele deputado de primeiro mandato que admirava Hugo Chávez e, igualmente, não era anti-comunista, ou no atual que está presidente, que "abomina" o comunismo e tem admiração pelo Trump?
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