segunda-feira, 15 de junho de 2020

BADERNA NAS PMs 1: Omissão diante de flagrante contra a segurança nacional


Fascistoides disparam fogos de artifício contra o Supremo diante da inação cúmplice da PM do Distrito Federal - Reprodução/Twitter
Fascistoides disparam fogos de artifício contra o Supremo
diante da inação cúmplice da PM do Distrito Federal

Todos assistimos ao bombardeio do Supremo, no sábado, com fogos de artifício. E tudo diante de uma Polícia Militar inerme, omissa, cúmplice. "Bombardeio com fogos de artifício, Reinaldo, já não indica a pouca gravidade do caso?" Não!

- Em primeiro lugar, havia risco efetivo de fagulhas darem início a um incêndio;
- em segundo lugar, a fala do terrorista que exalta o ato deixa claro tratar-se de um bombardeio simbólico, o que convida a ações mais perigosas;
- em terceiro lugar, o que se está a sugerir é o extermínio de um dos Poderes da República. E o próprio Supremo, como se fosse necessário fazê-lo (a rigor, nem seria ), já deixou claro que a pregação de golpe militar não está protegida pelo direito à liberdade de expressão. Como lembrou o ministro Edson Fachin no julgamento da ADPF sobre o inquérito 4.781, "não existe direito no abuso do direito".

Então vai acontecer o quê? Tratarei do assunto em outros posts. Este cuida de um tema gravíssimo: o bolsonarismo está insuflando a insubordinação nas Polícias Militares. É isso o que querem os gloriosos generais que participam do governo e que nos ameaçam com golpes de Estado?

A omissão da PM do Distrito Federal é arreganhada. O governador do DF, Ibaneis Rocha, agiu. Mas o problema, tudo indica, é bem mais grave. Há sinais de indisciplina nas respectivas polícias de outros Estados. E, sim!, isso decorre da pregação do presidente da República e dos seus seguidores, com a conivência dos militares que servem ao Planalto.

É parte do projeto de guerra civil que o presidente da República admitiu estimular com seu discurso e sua prática em favor do armamento da população. Não! A coisa não é de agora.

O ANTECEDENTE CEARÁ
Quando se deu o motim armado de um pedaço da PM do Ceará, que resultou no ferimento a bala do senador Cid Gomes (PDT-CE), escrevi aqui:
"A barbaridade a que se assistiu em Sobral, no interior no Ceará, nesta quarta, é apenas um capítulo de algo muito grave em curso no país: a milicianização' das polícias. Não, senhores! O crescimento das milícias, com sua consequente infiltração nas polícias civil e militar, já não é mais exclusividade do Rio. Quem acompanha de perto a área de segurança pública no país teme que parte considerável dos governadores se torne refém de verdadeiras organizações criminosas com voz de comando junto a setores das polícias. (...) Os governadores têm de ficar atentos. Mais do que nunca, os quarteis se tornaram alvos de demagogos e populistas."

Esse post sobre o Ceará é do dia 20 de fevereiro. Não custa lembrar que o então ministro da Justiça, Sergio Moro, foi a Fortaleza e chegou a elogiar os sublevados. Mais do que isso: quem ficou sob ameaça do Planalto foi o governador Camilo Santana (PT). O próprio Bolsonaro falou em suspender a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que enviou homens da Força Nacional de Segurança ao Estado, antes do encerramento do motim.

DE VOLTA AO ATAQUE AO SUPREMO
Reitero: quem acompanha no detalhe a atuação das PMs aponta a infiltração nas corporações do discurso de ódio estimulado pelo bolsonarismo. Se os governadores não derem início imediatamente a um trabalho de investigação interna para identificar focos de indisciplina, os desdobramentos podem vir a ser trágicos. É preciso agir agora.

Por Reinaldo azevedo

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