Na definição do poeta gaúcho Mário Quintana, "a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer." No caso do título de doutor que Carlos Alberto Decotelli dizia ter obtido na Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, a mentira esqueceu que o doutorado só vira uma verdade quando acontece a apresentação da devida tese. Algo que não sucedeu no caso do novo ministro da Educação.
Pilhado, Decotelli desprezou a saída mais simples. Preferiu executar acrobacias acadêmicas que esticam a mentira. Em vez de passar uma borracha no título inexistente, o ex-doutor apenas ajustou a maquiagem do seu currículo. O documento está disponível na plataforma Lattes, que armazena os dados de todos os acadêmicos brasileiros.
Até a tarde desta sexta-feira, o currículo de Decotelli anotava que ele concluíra o doutorado em admistração na Universidade Nacional de Rosario em 2009. Nessa versão, apresentara a tese "Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja", sob orientação de Antonio de Araújo Freitas Jr..
À noite, o currículo do novo chefe do MEC foi retocado. Conservava a mentira: "Doutorado em administração." No espaço destinado ao título da tese, foi inserida uma cambalhota: "Créditos concluídos". No campo onde deveria constar o nome do orientador, surgiu um salto mortal: "Sem defesa de tese."
O que Decotelli declarou, com outras palavras, foi mais ou menos o seguinte: "Fui aluno do doutorado da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da Universidade Nacional de Rosário, tendo cumprido a carga horária das disciplinas. Entretanto, nenhuma tese de minha autoria foi aprovada por banca examinadora. Considerando-se que a tese é requisito obrigatório, infelizmente sonhei com um título que não consegui obter."
Deve-se ao reitor da universidade argentina, Franco Bartolacci, a entrada de Decotelli no Ministério da Educação com o pé errado. Nas pegadas da apresentação do currículo do ministro no Twitter de Bolsonaro, o reitor foi às redes sociais para desmentir o presidente brasileiro. Na sequência, concedeu uma série de entrevistas à imprensa brasileira.
À TV Globo, o reitor Bartolacci contou que Decotelli chegou a apresentar sua tese em 2016. Entretanto, amargou três avaliações desfavoráveis dos membros da banca examinadora.
Decotelli acaba de ser nomeado ministro da Educação. De pessoas acomodadas em poltronas desse relevo espera-se que ofereçam exemplos de conduta. Até aqui, o comportamento do novo ministro assemelha-se ao da ministra Damares Alves (Direitos Humanos), que se apresentava como "mestre em educação, em direito constitucional e direito da família" sem ter nenhum título de mestrado. Espremida, madame declarou que sua qualificação é bíblica.
Sob Michel Temer, uma antecessora de Damares na pasta de Direitos Humanos, Luislinda Valois, incluíra no currículo um título inexistente: "Embaixadora da paz da ONU."
Sob Lula, a então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) injetara no seu rol de méritos universitários dois anabolizantes: um mestrado pela Unicamp e a condição de "doutoranda" em economia monetária e financeira na mesma universidade. Era lorota. A ex-gerentona frequentara os cursos, Porém, a exemplo de Decotelli, não apresentara as devidas dissertações.
O substituto de Abraham Weintraub, de triste memória, já avisou que não é chegado a guerras ideológicas. Não faz sentido que combata a verdade. Decotelli faria um bem a si mesmo e ao seu currículo se passasse detergente no título acadêmico que não obteve.
Admitindo-se que são verdadeira as outras qualificações anotadas no currículo trombeteado por Bolsonaro, o titular do MEC continuaria sendo bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, mestre pela Fundação FGV e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha". Ainda que a ausência do doutorado faça com que o pós-doutorado suba no telhado, não é pouca coisa.
Pilhado, Decotelli desprezou a saída mais simples. Preferiu executar acrobacias acadêmicas que esticam a mentira. Em vez de passar uma borracha no título inexistente, o ex-doutor apenas ajustou a maquiagem do seu currículo. O documento está disponível na plataforma Lattes, que armazena os dados de todos os acadêmicos brasileiros.
Até a tarde desta sexta-feira, o currículo de Decotelli anotava que ele concluíra o doutorado em admistração na Universidade Nacional de Rosario em 2009. Nessa versão, apresentara a tese "Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja", sob orientação de Antonio de Araújo Freitas Jr..
À noite, o currículo do novo chefe do MEC foi retocado. Conservava a mentira: "Doutorado em administração." No espaço destinado ao título da tese, foi inserida uma cambalhota: "Créditos concluídos". No campo onde deveria constar o nome do orientador, surgiu um salto mortal: "Sem defesa de tese."
O que Decotelli declarou, com outras palavras, foi mais ou menos o seguinte: "Fui aluno do doutorado da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da Universidade Nacional de Rosário, tendo cumprido a carga horária das disciplinas. Entretanto, nenhuma tese de minha autoria foi aprovada por banca examinadora. Considerando-se que a tese é requisito obrigatório, infelizmente sonhei com um título que não consegui obter."
Deve-se ao reitor da universidade argentina, Franco Bartolacci, a entrada de Decotelli no Ministério da Educação com o pé errado. Nas pegadas da apresentação do currículo do ministro no Twitter de Bolsonaro, o reitor foi às redes sociais para desmentir o presidente brasileiro. Na sequência, concedeu uma série de entrevistas à imprensa brasileira.
À TV Globo, o reitor Bartolacci contou que Decotelli chegou a apresentar sua tese em 2016. Entretanto, amargou três avaliações desfavoráveis dos membros da banca examinadora.
Decotelli acaba de ser nomeado ministro da Educação. De pessoas acomodadas em poltronas desse relevo espera-se que ofereçam exemplos de conduta. Até aqui, o comportamento do novo ministro assemelha-se ao da ministra Damares Alves (Direitos Humanos), que se apresentava como "mestre em educação, em direito constitucional e direito da família" sem ter nenhum título de mestrado. Espremida, madame declarou que sua qualificação é bíblica.
Sob Michel Temer, uma antecessora de Damares na pasta de Direitos Humanos, Luislinda Valois, incluíra no currículo um título inexistente: "Embaixadora da paz da ONU."
Sob Lula, a então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) injetara no seu rol de méritos universitários dois anabolizantes: um mestrado pela Unicamp e a condição de "doutoranda" em economia monetária e financeira na mesma universidade. Era lorota. A ex-gerentona frequentara os cursos, Porém, a exemplo de Decotelli, não apresentara as devidas dissertações.
O substituto de Abraham Weintraub, de triste memória, já avisou que não é chegado a guerras ideológicas. Não faz sentido que combata a verdade. Decotelli faria um bem a si mesmo e ao seu currículo se passasse detergente no título acadêmico que não obteve.
Admitindo-se que são verdadeira as outras qualificações anotadas no currículo trombeteado por Bolsonaro, o titular do MEC continuaria sendo bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, mestre pela Fundação FGV e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha". Ainda que a ausência do doutorado faça com que o pós-doutorado suba no telhado, não é pouca coisa.
Por Josias de Souza
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