segunda-feira, 15 de junho de 2020

Weintraub virou um nada que já ultrapassou tudo



Do nada costuma surgir o nada. Mas Abraham Weintraub, um ministro que faz o pior o melhor que pode, subverte a lógica. Tornou-se à frente do Ministério da Educação um nada que ultrapassa tudo. Consolida-se como a mais portentosa nulidade que já passou pelo comando do MEC.

Neste domingo, Weintraub desceu ao meio-fio para confraternizar com apologistas de Bolsonaro. Repetiu uma temeridade: "Já falei minha opinião, o que faria com esses vagabundos..." E reiterou uma barbaridade: "...Não quero mais sociólogo, antropólogo, não quero mais filósofo [formado] com o meu dinheiro."

A repetição da mesma imprudência que Weintraub cometera na reunião ministerial de 22 de abril deixou perplexos os "vagabundos" do Supremo Tribunal Federal. "Ou o presidente demite esse ministro ou isso vai terminar muito mal", disse um dos magistrados, referindo-se à "capacidade infinita desse ministro de fazer tolices."

A reiteração da barbárie que prevê a morte por inanição orçamentária os cursos de ciências sociais e humanidades devolveu às manchetes uma estultícia que vem sendo repetida desde a época em que Weintraub foi escolhido como substituto da piada colombiana Velez Rodríguez, que o antecedeu.

O próprio Bolsonaro já manifestara apoio à ideia fixa de Weintraub num post que pendurou nas redes sociais em abril do ano passado. Ministro da Educação que reclama de cursos que fornecem ferramentas para refletir sobre o mundo e compreender a evolução das sociedades é mais ou menos como comandante de navio que se queixa da existência do mar.

Há método na sandice de Weintraub. O ministro já reparou que as duas coisas mais perigosas para um governo inepto são a educação e a imprensa livre. Juntas, elas conduzem àquele tipo de fagulha prevista no Evangelho de João: "...A verdade vos libertará."

Antigamente, ministros ineptos inspiravam uma pergunta: "Onde vamos parar?" A longevidade de Weintraub na poltrona de ministro da Educação leva a plateia ilustrada a reformular a indagação: "Quando irão detê-lo?

Por Josias de Souza

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