As negociações estão em ritmo acelerado, de acordo com as fontes, que estimam que o crédito pode ser liberado nas próximas semanas. Fazem parte do pool de bancos que vão oferecer o crédito à Embraer BNDES, Bradesco, Santander, Itaú, Citibank, Morgan Stanley e Natixis.
No balanço do primeiro trimestre deste ano, a fabricante brasileira de aeronaves anunciou que tem no horizonte cerca de US$ 16 bilhões em encomendas firmes para os próximos anos.
“Isso mostra bem a solidez e o equilíbrio da empresa em meio à crise que afeta o setor aéreo”, disse uma das fontes.
“Ninguém sabe ao certo como vai ser o futuro da aviação comercial, mas pode ser uma era de aviões menores e voos privados e com menos gente voando. A Embraer tem aviões menores e atua em outras áreas da aviação. Essa formatação mostra que a companhia tem valor e potencialidade”, acrescentou uma segunda fonte.
A linha de crédito que será liberada, de acordo com as fontes, será no modelo pré-embarque, em que se financia o produtor local do produto/ativo que será vendido no exterior, e a operação terá garantias para dar suporte à operação.
“O financiamento combinado entre os bancos tem garantias, ele vai direto para a Embraer e não para os compradores das aeronaves. Não é no modelo pós-embarque, e sim pré- embarque”, afirmou a segunda fonte.
Procurada pela Reuters, a Embraer afirmou que está discutindo propostas de financiamento com o BNDES e com bancos privados no Brasil e no exterior, “principalmente uma voltada para financiar o capital de giro para exportações”.
O governo negocia desde abril com as principais empresas aéreas brasileiras um socorro para enfrentar os efeitos negativos da pandemia de coronavírus que abateram o setor.
A ajuda do BNDES e bancos privados deve sair no começo de julho - o pedido de recuperação judicial da Latam nos Estados Unidos foi um complicador adicional para as tratativas.
A Embraer também pode ser contemplada por essa ajuda com um montante de aproximadamente US$ 400 milhões, mas, de acordo com as fontes, essa operação, que poderia incluir a emissão de debêntures conversíveis e emissão de bônus, deve ficar para o próximo ano para a fabricante nacional.
A Embraer viu frustrada este ano uma parceria com a norte-americana Boeing para a criação de uma joint venture para fabricação de aeronaves comerciais.
A Reuters divulgou esta semana que a fabricante brasileira tem negociações iniciais e preliminares com empresas da Rússia, Índia e China para eventual futura parceria. As conversas, mesmo que iniciais, já fomentaram manifestações negativas da Abradin, associação que representa os acionista minoritários das empresas.
“A Abradin está atenta às possíveis negociações envolvendo a (chinesa) Comac e tomará as medidas necessárias para que fraudes contra investidores sejam perpetradas. É absolutamente inadmissível que qualquer negociação seja conduzida pelos mesmos elementos que conduziram de forma fraudulenta as negociações com a Boeing. A Boeing usará, sem dúvida, em sua defesa, as fraudes elencadas pela Abradin em sua representação junto à União Europeia para justificar desfazer o negócio”, disse à Reuters o presidente da Abradin, Aurélio Valporto.
Na manhã desta segunda-feira, 1º, a Embraer afirmou que não há quaisquer tratativas no momento com a chinesa Comac ou empresas da Rússia ou da Índia, mas que regularmente avalia potenciais parcerias e oportunidades de negócios.
No Estadão
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