Januário Paludo (à dir.) ao lado de Deltan Dallagnol, de quem é uma espécie de conselheiro (Foto: Reprodução) |
O troço é de extrema gravidade e está numa reportagem do UOL, publicada no início da madrugada deste sábado. Januário Paludo, um procurador graúdo da Lava Jato, foi acusado por Dario Messer de receber uma propina mensal. O objetivo? Livrar o "doleiro dos doleiros" das garras da operação.
Paludo, decano da operação, é uma espécie de conselheiro de Deltan Dallagnol. Um dos grupos de Telegram por meio dos quais os procuradores se comunicavam chamava-se "Filhos de Januário" em sua homenagem.
Messer não fez a acusação numa delação premiada ou no âmbito de um inquérito. Ele falou sobre o suposto pagamento de propina a um dos chefões da Lava Jato em conversa com sua namorada. Com que propósito inventaria um troço assim em mensagens trocadas com alguém de suas relações pessoais?
Leiam trecho da reportagem.
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O doleiro Dario Messer afirmou em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, que pagou propinas mensais ao procurador da República Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava Jato do Paraná. Os pagamentos estariam ligados a uma suposta proteção ao "doleiro dos doleiros" em investigações a respeito de suas atividades ilegais.
Os diálogos de Messer sobre a propina a Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio.
Um relatório a respeito do conteúdo das mensagens foi elaborado pelo órgão em outubro. Nele, a PF diz que o assunto é grave e pede providências sobre o caso. A Lava Jato do Rio, procurada pelo UOL, informou que já enviou o relatório à PGR (Procuradoria-Geral da República), órgão que deverá definir as providências a serem tomadas. Também consultada pela reportagem, a força-tarefa de Curitiba afirma que Paludo preferiu não se manifestar.
A "propina dos meninos"
Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a Myra sobre o andamento dos processos que responde. Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo. Depois, afirma à namorada: "Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês."
Segundo a PF, os "meninos" citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. Depois que foram presos, viraram delatores.
Em depoimentos prestados em 2018 à Lava Jato no MPF-RJ, Juca e Tony afirmaram ter pagado US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público. Basto já advogou para o doleiro. Ao UOL, Basto já negou diversas vezes ter intermediado qualquer pagamento a autoridades em troca da proteção de Messer. "Isso nunca existiu", disse. "Desafio a qualquer um provar isso. Abro meu sigilo bancário e telefônico, abro o sigilo de minha família. Não provarão pois nunca existiu."
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íntegra aqui
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