terça-feira, 5 de novembro de 2019

Amor de Bolsonaro por Trump é via de mão única



Jair Bolsonaro já disse a Donald Trump que o ama. Depois que a Casa Branca apoiou a candidatura da Argentina à OCDE, rebarbando promessa feita por Trump de avalizar o ingresso do Brasil no clube das nações mais ricas, ficou no ar a suspeita de que o amor do capitão era platônico. Descobre-se agora que o sentimento é anacrônico, pois substitui o profissionalismo da diplomacia brasileira pelo personalismo ideológico de Bolsonaro.

Contrariando expectativas do Planalto, os Estados Unidos recusaram-se a levantar o veto imposto à carne bovina do Brasil em 2017, nas pegadas da operação Carne Fraca. Numa visita à Casa Branca, em março, Bolsonaro assinara declaração conjunta com Trump. Um dos itens do documento previa uma vistoria técnica no sistema de inspeção de carne brasileiro. Dava-se de barato que os canais de venda seriam desobstruídos. Ilusão. Feita a fiscalização, surgiram novas exigências. Nada será resolvido em prazo inferior a um ano.

Trump ensina a Bolsonaro que política externa não se faz na base das juras de amor. Vale o interesse nacional, não o pessoal. Além de não obter coisa nenhuma dos Estados Unidos, Bolsonaro faz concessões em série. Por exemplo: Avalizou a importação de até 750 mil toneladas de trigo americano com tarifa zero. Elevou em 150 milhões de litros o limite para importação de etanol americano com tarifa zero. 

Nesse ritmo, Bolsonaro ainda acaba compreendendo que, na diplomacia, o amor não é coisa para amadores.

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