Produtivo e necessário seria que o presidente da República empregasse sua vocação de lutador em defesa de uma reforma que modernizasse meios e modos no sistema político-partidário-eleitoral. No lugar disso o que temos é Jair Bolsonaro empenhado em criar mais um entre os trinta e tantos já existentes e os 36 na fila do Tribunal Superior Eleitoral à espera de registro.
Interessado em ter um cartório todo seu, Bolsonaro embarca na regra vigente, legítima representante da “velha política”, e ainda reforça o vale praticamente tudo para se ter um partido como se tem um armazém, no caso sustentado pelo dinheiro público. Acho que seria essa a discussão pertinente no momento, mas se prefere discutir se o presidente terá ou não tempo de legalizar a nova legenda até abril, quando devem estar filiados aos respectivos partidos os candidatos à eleição de 2020.
Dado irrelevante, pois ainda que não consiga, e provavelmente não conseguirá, poderá atuar como maestro de candidaturas espalhadas por diversos partidos, PSL inclusive. Para concorrer à reeleição, tem tempo até abril de 2022. Portanto, a questão não é a burocracia, é a política.
O nome do partido, Aliança para o Brasil, evoca a velha Arena e também os anos 1960 da campanha Aliança para o Progresso patrocinada pelos Estados Unidos com a finalidade de “conter o avanço do socialismo” na América Latina. Esta, como aquela, estaria mais corretamente denominada de Aliança para o Regresso.
Por Dora Kramer
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