A carestia dos produtos da cesta básica inflacionou o preço da demagogia política. O governo de Jair Bolsonaro, que era apenas disfuncional, tornou-se uma balbúrdia gerencial que desvaloriza a cotação da ala liberal da Esplanada dos Ministérios.
A desordem não é alimentada por empresários impatrióticos. Ela vem de dentro de um governo desconexo, presidido por um personagem que aposta no tumulto como estratégia para se descolar das crises.
O governo ultrapassou a fronteira da irracionalidade. O Ministério da Economia cobra explicações da pasta da Justiça por ter intimado os supermercados a explicar o reajuste dos alimentos.
E o presidente revela numa transmissão ao vivo que autorizou o ministro André Mendonça, da Justiça, a deflagrar a investigação que irritou o colega Paulo Guedes, da Economia. Fez isso mesmo reconhecendo que não se deve tabelar preços.
Quer dizer: Para não ficar mal com o eleitorado humilde, Bolsonaro colocou um ministro para brigar com outro. E o governo conseguiu a façanha de gastar mais tempo e energia agravando o problema do que enfrentando-o.
Adotou-se com atraso a providência de zerar a alíquota para a importação de 400 mil toneladas de arroz. Parece pouco. Equivale ao consumo de cerca de duas semanas.
Por Josias de Souza
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