quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Brasil amarga uma fuga recorde de investidores




Ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, Jair Bolsonaro insinuou que o fluxo de investimentos no Brasil "comprova a confiança do mundo em nosso governo." Os arquivos do Banco Central armazenam dados que não ornam com o otimismo presidencial. Notícia veiculada pelo jornal O Globo informa:

1. Entre janeiro e agosto deste ano, US$ 15,2 bilhões deixaram o Brasil. Trata-se do maior volume para o período desde 1982, quando o Banco Central começou a colecionar a estatística.

2. Os investidores estrangeiros retiraram R$ 87,3 bilhões da Bolsa brasileira entre 1º de janeiro e o último dia 17 de setembro. A cifra corresponde a quase o dobro dos R$ 44,5 bilhões que saíram durante todo o ano passado. É a maior fuga da série, inaugurada em 2008.

Em janeiro de 2019, quando Bolsonaro tomou posse. Os bumbos do novo governo anunciavam que as reformas do Posto Ipiranga e as privatizações impulsionariam a economia brasileira. Aprovou-se a reforma da Previdência. Nenhuma estatal foi passada nos cobres. Produziu-se um pibinho de 1,1%. Os dólares que rodavam pelo mundo esperando o nascer do Sol no Brasil espantaram-se com a penumbra.

O coronavírus infectou 2020. Além dos quase 140 mil mortos e da recessão, há na linha do horizonte a fumaça que vem da Amazônia e do Pantanal. Num ambiente assim, um presidente que terceiriza 100% dos desacertos sanitários aos governadores e atribui as queimadas a índios e caboclos não contribui para restaurar a confiança. É como se quisesse mostrar ao dinheiro estrangeiro a porta de saída.

Por Josias de Souza

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