A posição do governo Bolsonaro de defender a ampliação do porte de armas e de facilitar a compra de munições pelos brasileiros não é novidade. Neste final de semana, contudo, uma série de três tuítes do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chamou atenção não por expor esse posicionamento claro do parlamentar, mas por ser a favor de Kyle Rittenhouse, jovem de 17 anos acusado de matar duas pessoas durante um protesto antirracista nos Estados Unidos com um rifle AR15. Mais uma vez ele pode produzir prejuízo político para o país.
Em seu perfil no twitter, Eduardo Bolsonaro, que também é o presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, apoiou o uso da arma por Kyle Rittenhouse e afirma que o menor estava defendendo sua propriedade de “terroristas” do movimento Black Lives Matter (BLM).
“Jovem Kyle Rittenhouse, de 17 anos, junto com seus amigos e vizinhos foi defender sua propriedade, integridade física e vida pois os terroristas do BLM (black lives matter) estavam indo para lá deixando destruição e feridos por onde passavam”, escreveu Eduardo no primeiro tuíte. Apesar de falar em “defesa da propriedade”, o rapaz estava na rua ostensivamente no meio de manifestantes.
Em seguida, o parlamentar postou nova mensagem com fotos que mostrariam Kyle sendo agredido por manifestantes e afirma que o jovem agiu em legítima defesa. “Mesmo com arma em punho ele foi agredido e se defendeu de membros do BLM, pelo menos um deles armado. A situação é indesejável, mas claramente Kyle agiu em legítima defesa contra uma violência injustificada, logo, não merece punição”, escreveu.
No último tuíte sobre o tema, Eduardo Bolsonaro manifestou apoio ao jovem. “Tem que se parar com a ideia de que sempre quem aperta o gatilho está errado. Todo apoio ao jovem Kyle”, concluiu.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, a postura que se espera de Eduardo Bolsonaro está longe de ser a que foi vista nos posts do final de semana. O cargo exige diplomacia e equilíbrio de um parlamentar que precisa prezar pelas boas relações do Brasil com os Estados Unidos como um todo. O país não ganha nada com um deputado que defende o uso ilegal de arma por um menor de idade, que terminou com o assassinato de duas pessoas.
O mais grave é que fica claro que Eduardo Bolsonaro, assim como o presidente da República, um defensor contumaz do porte e posse de armas, considera justificável os termos de uso desse armamento: atirar em manifestantes com uma arma pesada, sendo menor de idade, e não tendo documento legal de porte. Se é isso que o governo está pensando com “escancarar a questão do armamento”, como disse o presidente na reunião presidencial de 22 de abril, é assustador.
Enquanto os protestos antirracistas ganham força nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump se prepara para uma campanha em busca da reeleição, que não deve ser fácil. Pesquisas apontam que o atual presidente está perdendo nas intenções de voto contra seu concorrente, o democrata Joe Biden. Eduardo Bolsonaro que, assim como toda a família, defende Trump em toda situação possível, se arrisca ao opinar em um assunto delicado e que tem causado divisões e conflitos dentro dos Estados Unidos, especialmente em época de eleições presidenciais.
Na Veja
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