Poucas coisas são tão democráticas no mundo quanto a vigarice. A prisão de Steve Bannon, ex-estrategista do presidente americano Donald Trump, reforça a convicção de que a falta de caráter não tem ideologia. Está presente na esquerda, no centro e também na direita.
Bannon tornou-se protagonista de uma vulgaridade autossuficiente. Ele mesmo criou a empulhação do muro, ele mesmo convenceu Trump a vender a ilusão de que o muro deteria imigrantes ilegais na fronteira com o México, ele mesmo lançou campanha para recolher dinheiro de americanos ingênuos, ele mesmo embolsou parte da grana arrancada de devotos de Trump. Preso, pagou fiança. Já está solto.
Só uma coisa é mais constrangedora do que as trapaças de Bannon: a dificuldade do clã Bolsonaro de se solidarizar com o amigo americano. A primeira-família sempre se orgulhou de sua proximidade com o ex-mentor da estratégia ideológica e eleitoral de Trump. Na sua primeira visita a Washington, Bolsonaro ofereceu um jantar na embaixada americana que tinha Bannon como estrela e Olavo de Carvalho no papel de ideólogo coadjuvante.
Mentor de um movimento global de extrema direita, Bannon apontou o Zero Três Eduardo Bolsonaro como líder da pajelança para a área da América Latina. O silêncio momentâneo dos Bolsonaro mostra que só existe um amigo verdadeiramente sincero: o amigo do alheio.
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