O genial Nelson Rodrigues já dizia, num outro contexto, que nós brasileiros temos o "complexo de vira-lata". Mas eu, também num outro contexto, acho que somos bem piores que isso. Acho que temos, não o complexo, mas a alma, o espírito do "vira-lata".
Somos o que merecemos ser: Rudimentares, analfabetos e ignorantes, egoístas e mesquinhos, preconceituosos e falsos moralistas e sem vergonhas. Somos um misto de Jeca Tatu com Macunaíma e um Beto Rockefeller, germinados no útero da famosa "lei do Gerson".
Sequer temos noção do que é cidadania, enchemos a boca pra nos aclamarmos como "cidadãos do bem". Uma pinoia!!
Sequer somos os engenheiros das nossas vidas.
Merecemos cada um dos governos que já tivemos, o que temos e os que ainda teremos. Tenham sidos eles eleitos ou tenham tomado o poder. Somos responsáveis por todas as suas transgressões e práticas delituosas, que esbarram no que de pior existe no ser humano.
Nos matam nos porões, nas ruas, nos hospitais e até dentro de nossa casa, sem que uma só voz grite ao mundo. Pelo contrário, fazemos contorcionismo com o pescoço para virar o rosto e agradecemos que nos tapem a boca e nariz.
E ai de alguém que se atreva vir lá do outro lado do mar, pedir por nós. Mordemos-lhes os bagos. Chamamos de "pirralha" e, como na melhor das cafajestagens, debochamos da "beleza da mulher" do cara.
Culpamos o carteiro, pelo valor da fatura do nosso cartão de crédito e a imprensa lixo, que insiste em nos informar os descasos dos governantes corruptos.
Somos nós que sustentamos os vagabundos, com os nossos suados impostos e nos contentamos com as espertezas das suas promessas insustentáveis.
Aqui embaixo e entre nós, brigamos como cães de guerra, mas somos mansinhos com os que se fartam do bom e do melhor, as nossas custas e que, das suas coberturas, nos jogam os ossos duros de roer do nosso dia a dia.
Por isso é que além de sem vergonha, somos um povo burro, que se divide em defesa dos piores governantes. Governantes que fingem diferenças entre si, pra ganhar a confiança. Para que, no seu momento de assaltar os cofres, tenham os seus vira-latas para defende-lo até a morte, nesta interminável alternância do faz de conta. Do engana, que a gente gosta.
Saem os pelegos do pão com mortadela, parasitas dos sindicatos com o pseudo progressismo do "bolsa família" e entra o conservadorismo preconceituoso do falso moralismo religioso, com o liberalismo do "voucher pandemia" pisando na goela do politicamente correto.
Dois modelos de ladroísmo, que se completam e se locupletam com o dinheiro público, com um cinismo insuportável, mas que são adorados pelos seus vira-latas que lhes abanam os rabos e se contentam com o afagar da mediocridade, no sobe e desce da montanha-russa do parque da Disney.
Por Felicio Vitali
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