No Líbano, a explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônia, que estavam irresponsavelmente estocadas no porto, provoca a morte de 154 pessoas e deixam milhares de feridos, sem considerar o estrago material na vida dos cidadãos.
As autoridades sabiam do armazenamento precário do produto, sem os devidos cuidados, e durante 6 anos nada fizeram.
O povo revoltado com as autoridades, vai à rua e exige mudanças no governo. Vários deputados e ministros renunciam e o governo marca novas eleições, que ainda não foi o suficiente para acalmar a população.
O presidente brasileiro, rapidamente lamentou o acidente e solidarizou-se com as famílias dos 154 mortos.
Escalou um ex-presidente para pessoalmente representar o Brasil dando ajuda moral, material e financeira ao Líbano. O ex-presidente, réu na justiça brasileira, terá que conseguir uma autorização para viajar. Nada mais justo que as atitudes tomadas pelo presidente brasileiro. A colônia libanesa no Brasil é maior que a população do próprio Líbano.
Aqui no Brasil, as autoridades também sabiam que a doença do covid19 avançaria, era altamente transmissível, que causaria muitas mortes e exigiria ações coordenadas entre as autoridades e firmeza no combate ao vírus.
Sabiam o que tinham que fazer, para proteger a população, baseado nas experiências de outros países como combater o vírus, como atender os contaminados.
Até começou muito bem, obedecendo os protocolos da OMS, criando novas vagas hospitalares e orientando a população.
Mas de repente o presidente resolve dar uma guinada no processo, demite o ministro da saúde e reforça seu descrédito na doença, passa a ostensivamente a negar sua gravidade e a forma científica de combate-la. Faz mais ainda e incentiva o povo a adotar o seu negativismo. Sai as ruas, forma aglomerações, não usa máscara, debocha da doença e ataca os governadores e prefeitos.
Opta em ser cúmplice da doença ao invés de o grande inimigo (como fazem os presidentes dos outros países, no mundo todo). Um segundo ministro da saúde pede demissão por falta de apoio e liberdade para executar o trabalho.
Sem um ministro da saúde, atingimos mais de 100 mil mortos e caminhamos firmes para números inimagináveis até que uma cura apareça. O máximo que o presidente diz sobre isso é que "a vida continua" e emenda no dia seguinte: "Lamentamos todas as mortes seja por que motivo for. Lamentamos também as mortes de três policiais assassinados hoje em São Paulo".
Propositalmente mistura as causas numa tentativa de ser solidário aos seus e ao mesmo tempo, afastar de si a responsabilidade pelas vítimas da pandemia. Seus seguidores também tentam, de todas as formas, tirar a sua responsabilidade e alguns até fazem ginástica mental para dar ao parecer do STF, uma interpretação que de fato não existe.
Assim só nos resta perguntar:
1. O que custaria ao presidente ter em relação a pandemia as mesmas atitudes que teve em relação ao acidente no Líbano?
2. O que custaria ao presidente solidarizar-se com os brasileiros, que perderam seus entes mais queridos para a pandemia, da mesma forma que se solidarizou com os libaneses?
3. Ou ainda, por que não lamentar a morte dos cem mil brasileiros, vítimas da covid19, como lamentou a morte de um paraquedista e de três policiais?
4. Ou será que tudo não passa de atitudes de um homem covarde, sem traços de humanismo na sua personalidade e possuidor de um caráter tão oportunista que só joga para plateia, pelos interesses pessoais?
5. Por fim, até quando o povo brasileiro vai suportar esta situação e passar a exigir nas ruas uma mudança definitiva de nossas autoridades? Será preciso um acidente num porto brasileiro, uma explosão de nitrato de amônia e a morte de 154 pessoas para nos acordar e nos tirar dessa indolência espiritual? Até quando...?
Por Felicio Vitali
Nenhum comentário:
Postar um comentário