segunda-feira, 10 de agosto de 2020

"A Porta da Impunidade" - Felicio Vitali


Filosofia Popular: A IMPUNIDADE É MESMO COISA DO BRASIL?

Nada mais neste mundo, neste momento, poderia refletir a situação da maior operação do mundo contra a corrupção de um país, como o refrão da música "De frente pro crime", do João Bosco e Aldir Blanc:

"Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém"

Tá lá, agonizante e estendida no chão a tão propalada operação Lava Jato. 

Morta, sem choro, sem vela e sem a fita verde e amarela. Sequer uma novena será rezada por ela. Nem as carpideiras foram chamadas. Lágrimas então, nem pensar.
Aquele cortejo de patriotas com seus uniformes verde e amarelo, com bandeiras triunfalistas tremulando e festejando os feitos da operação, não se repete em lamento na hora do seu enterro. 

Vai, coitada, como vão as vítimas da covid 19. Como foram as outras suas irmãs em outras tentativas de acabar com a corrupção no país: Sozinha, sem parentes e testemunhas. Apenas ela e os coveiros. Os exterminadores da ética, do futuro e da igualdade. 

Depois de rechaçadas todas e as mais variadas tentativas feitas na calada da noite, foi em plena luz de um dia claro, de um só supetão e com certa dose de sadismo, que os seus malfeitores, conseguiram e ela finalmente é feito morta.

Mas o mais lamentável, é descobrir a hipocrisia, a forma safada como ela foi usada por alguns, para atingir os seus objetivos escusos e depois descarta-la, como se descartasse uma máscara contaminada pelo vírus da COVID 19. 

"Sem pressa, foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime"

É também lamentável, o silêncio dos "cidadãos de bem", outrora fervorosos apoiadores, que nos causa asco, vontade incontrolável de vomitar. Que nos impele a por pra fora a nossa raiva, nossa vergonha por pertencer ao mesmo país dessa gente desavergonhada, cujo patriotismo NIKE, murchou da mesma forma que o boneco inflável do idolatrado juiz que representava a lava jato.

E a janela que se abria para honestidade, foi fechada por aqueles que apregoavam a honradez, mas o queriam mesmo era uma oportunidade para reabrir a porta larga da impunidade.

Tá lá o corpo estendido no chão...

Por Felicio Vitali

Nenhum comentário: