General Augusto Heleno, chefe do Gabinete da Insegurança Institucional: ele não tem como fornecer o impossível à PF... |
A Polícia Federal cobra do general Augusto Heleno, coitado!, chefe do Gabinete da Insegurança Institucional (GII) — ex-GSI —, o que ele certamente não tem como dar: as evidências de que o presidente Jair Bolsonaro estava insatisfeito com a segurança dispensada à sua família no Rio, feita pela Abin (Agência Brasileira de Informação).
Por que isso?
Porque Bolsonaro inventou, e o general endossou, que, ao ter um chilique e ameaçar até o ministro com demissão, estaria se referindo à Abin, subordinada ao antigo GSI -- mudei o nome porque "segurança institucional" não combina com ameaça de golpe, certo? Adiante. Recupere-se a fala gloriosa do presidente:
"Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira."
No dia 13 deste mês, publiquei aqui um post deixando claro que é evidente que Bolsonaro não se referia à Abin ou teria ameaçado, em público, demitir o general Heleno. Ninguém minimamente razoável acredita nisso.
Observem que Bolsonaro afirma: "Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha..."
Ora, para que se referisse ao ex-GSI, atual GII, forçoso seria admitir, então, que a Abin, oficialmente subordinada a Heleno, fazia a segurança também de amigos de Bolsonaro. Só se o general autorizasse ilegalidade. A Lei 13.844 prevê segurança para o presidente e familiares diretos apenas.
É claro que o presidente estava se referindo à Polícia Federal, mas ele não pronuncia as palavras. Naquele dia de manhã, às 6h26, já tinha avisado a Sergio Moro que Maurício Valeixo, então diretor-geral, estava fora: ou pedia demissão ou seria demitido.
Mais: quem era (e ainda é) o chefe da Abin no dia 22 de abril? Alexandre Ramagem, que fez a segurança de Bolsonaro depois da facada e se tornou amigão de Flávio.
Será que Bolsonaro estava reclamando da Abin, mas queria colocar seu diretor para comandar a Polícia Federal, um órgão muito maior e mais complexo? Não faz sentido.
Mais: houvesse mesmo algum problema de desempenho dos homens da Abin, o que custaria a um dos Bolsonaros reclamar diretamente com Ramagem?
Agora a PF pede que Heleno apresente as evidências do descontentamento com a Abin e, claro!, explique como ela poderia fazer a segurança dos amigos do presidente. Obviamente não fazia nem houve reclamação nenhuma.
Não sei que resposta dará o general. Uma coisa é certa: ele não tem nenhuma.
Por Reinaldo Azevedo
Um comentário:
Bolsonaro, a cada dia que passa, segue escancarando suas reais intenções: ser o grande comandante de um regime ditatorial, como a única e grandiosa solução para a resolução de todos os problemas passados, presentes e futuros do Brasil e, quiçá, do Mundo.
E tem seguidores que já entraram e outros entrarão nessa onda de idolatrar aquele que promete um futuro glorioso e farto. Assim o Mussolini começou na Itália, o Hitler na Alemanha, Mao Tsé-Tung na China e, mais recentemente, o Chávez na Venezuela, além de outros em outras nações.
Ditadura é Ditadura, não importa se é de esquerda ou de direita, os métodos são os mesmos e os oprimidos são os mesmos, o povo. Os privilegiados são aqueles que servem de corpo e alma ao regime e sua cúpula. Por mais que se saiba disso tudo, sempre existirão os radicais que clamam por ditadura.
O ditador em potencial ao contar com o apoio de radicais desejosos por ditadura, também sabe que poderá contar com a grande maioria de bons cidadãos - calados, bundas no sofá e braços cruzados – e, com a certeza absoluta que esses seguirão aceitando bovinamente o passo a passo até a implantação de seu tão almejado regime ditatorial.
Quando os bons cidadãos – calados, bundas no sofá e braços cruzados - perceberem a nova e terrível realidade, tudo já estará consumado: todos sob botas ditatoriais.
A História se repete e os bons e acomodados cidadãos se recusam a aprender a lição e a evitar o pior.
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